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“Há possibilidade de o radar voltar, sim, talvez dentro de um novo limite”, diz Matias Kohler

Prefeito de Guabiruba fala sobre os planos para o município em 2018

Chegando ào segundo ano do segundo mandato, o prefeito de Guabiruba, Matias Kohler (PP), terá grandes desafios em 2018. Nos primeiros meses do novo ano, já terá a missão de estruturar o abastecimento de água que será gerido pelo município.

Além disso, o período eleitoral compromete grande parte dos planos da prefeitura, já que há limitação na liberação de recursos. Por isso, na visão do prefeito, 2018 será muito semelhante com 2017, principalmente no que se refere à arrecadação.

Municipalização do abastecimento
“A questão da Casan continua na pauta e, certamente, 2018 será um ano de definição quanto à municipalização. O município vai efetivamente buscar para si o controle e isso vai acontecer de uma forma natural até pelo término do contrato atual.

O prazo mais distante possível para isso acontecer seria 31 de março de 2018. A partir de 1º de abril, o município efetivamente vai retomar o controle da água.

O modelo que estamos seguindo é o mesmo adotado em vários municípios de Santa Catarina, o mais recente é a experiência de Ilhota. Vamos fazer o contrato emergencial, de no máximo seis meses, e neste período vamos sentar junto com a comunidade para definir qual o modelo, que tipo de gerenciamento vamos fazer, se será tudo pelo município ou se ficamos com a parte gerencial e a operacional terceirizamos, ou ainda se fazemos uma nova concessão no modelo total. Possivelmente será o gerenciamento do município e a parte operacional terceirizada”.

Saneamento básico
“O saneamento, até por força de lei, tem que se preocupar. Estamos reformulando, atualizando o plano municipal de saneamento e dentro disso, vamos colocar novos parâmetros no sentido de prazo.

Saneamento não se trabalha da noite para o dia, até porque se exige volumes muito grande de recursos para serem investidos.  Existe a busca do projeto que queremos adotar no município e depois fazemos a busca das linhas de financiamento para que se possa implantar. Certamente, 2018 vai marcar o início desse processo, até porque não é mais possível trabalhar a água e não pensar a questão do esgoto”.

Fim do contrato com a Recicle
“O contrato com a Recicle finaliza dia 31 de janeiro de 2018. Tínhamos uma pré-intenção de renovar esse prazo. O contrato inicial previa a renovação por mais 15 anos, mas em virtude da inclusão da coleta seletiva, o Tribunal de Contas entende que o município tem que abrir um novo edital.

Vamos fazer no mesmo molde da água. Contrato emergencial de seis meses e, nesse período, formular um novo edital. No curso desses seis meses, vamos criar uma nova concessão para administrar a coleta de lixo normal e seletiva no município”.

Terminal urbano e Centro de Eventos
“São medidas que dependem, principalmente, do aspecto da fonte de financiamento. A questão do transporte coletivo municipal é uma necessidade, nós nunca desconsideramos isso, mas ela impacta também em todo o plano municipal de mobilidade.

Esse era um processo para ter ocorrido em 2017, mas devido à dificuldade financeira, acabamos adiando esse plano para 2018. Terminado esse estudo, vai ser pensado na possibilidade de implantação a partir de 2018/2019, para que a gente possa ter um transporte coletivo dentro do município.

Já o Centro de Eventos é uma outra linha de ação. Se pretende dentro desse centro englobar ações, tanto da cultura quanto do esporte, e isso carece do projeto propriamente dito. Temos um pré-projeto, mas ele tem que ser melhorado, finalizado e depois tentar buscar aporte financeiro por meio da Lei Rouanet, que é uma das formas de mecanismos para conseguir recursos”.

Turismo
“Vamos continuar fortalecendo a construção que se iniciou há três, quatro anos. Estamos muito conscientes do tempo necessário para isso ser amadurecido, porque o turismo não é o município por vontade própria que faz. Ele se faz com parceiros, principalmente com investidor privado, que tem que ser o grande interessado. O município não vai construir hotel, restaurante, não vai criar ambientes que possam ser atrativos. É a iniciativa privada que trabalha com isso. O município tem a obrigação de fomentar.

Estamos trabalhando com o Sebrae no Cidade Empreendedora e esse programa vai continuar até o fim de 2018. Também na mesma linha, estamos trabalhando muito no aspecto regionalizado junto a Brusque, Nova Trento, Botuverá, Gaspar. Estamos bastante integrados, buscando um turismo regionalizado.

Não adianta Guabiruba pensar em turismo, achando que sozinhos vamos fazer alguma coisa. Queremos essa inserção no mercado regionalizado, e mostrar aos investidores que aqui existe uma potencialidade que pode a médio prazo dar um resultado muito bom”.

Educação
“Temos metas ousadas para 2018. A construção da Escola Cesário Régis, no Lageado Baixo e a Escola João Jensen, na rua São Pedro. São duas escolas totalmente novas. Elas estão cadastradas no FNDE desde 2013 e tivemos dificuldades porque houve alteração no espaço do terreno onde seriam construídas. Em 2013 se imaginava uma situação e depois mudou.

No Lageado Baixo, conseguimos a doação de área da Guabifios. O terreno fica numa área aproximada de 200 metros da escola atual. No início, se pensava em comprar um terreno anexo da escola atual, mas depois se entendeu que era mais prudente o outro terreno e houve a necessidade de uma alteração do projeto no FNDE.

A João Jensen da mesma forma. O município tinha cadastrado um terreno ao lado da escola, mas que necessitava da desapropriação. Quando nós chegamos no momento da desapropriação, chegamos à conclusão que o valor que iríamos investir seria praticamente o mesmo que estávamos conseguindo do FNDE para fazer a escola nova. A escola tem a área ainda disponível para fazer uma grande ampliação. O FNDE abriu essa possibilidade, mas não analisou ainda, estamos aguardando”.

Arrecadação
“O cenário como um todo não desenha grandes sonhos, pretensões. Continuamos apostando na retomada da economia, e por ser um ano político não vai ser de grandes mudanças nessa linha, até que se defina as eleições.

Hoje, a grande dificuldade não está no aspecto econômico, a economia está pronta para trabalhar, o que está emperrando é a instabilidade política que o país atravessa e isso deve ser um problema ainda para 2018.

A nossa leitura como administração é que 2018 seja um ano parecido com 2017, com possibilidade do segundo semestre começar a ter uma perspectiva de melhorias em termos de arrecadação”.

Possibilidade de candidatura
“Não tenho pretensão. Já recebi convites nessa linha, algumas entidades já nos procuraram nesse sentido, o próprio partido questionou se havia uma aspiração quanto à ocupação de uma candidatura estadual ou federal, mas no cenário que o mundo político vive hoje não me parece ajuizado aspirar qualquer coisa.

O modelo que está proposto não tem perspectiva de sucesso, não sucesso pessoal de uma eleição, mas sucesso no sentido de construir ou promover reformas que seriam mais do que importantes para o país.

Ainda se continua com os olhares muito individualizados, os candidatos, os próprios partidos exigindo posições que não vêm ao encontro da demanda ou necessidade da comunidade, e se inserir num cenário desse, nesse momento, não me é atraente. Quero cumprir meu mandato de prefeito, trabalhar pela minha cidade e depois disso poder voltar pra minha vida”.

Limitações do ano eleitoral
“Esse é um dos problemas que o país vive. De cada quatro anos, você trabalha dois, porque um ano tem eleição municipal e outro estadual e isso acaba interferindo em alguns projetos que não tiveram definição até o mês de abril. Aí tem que aguardar até passar as eleições pra ver se lá em dezembro ou a partir de 2019, aconteça.

O modelo brasileiro está fora da realidade, é inaceitável, e quem criou a legislação não pensou no país, pensou em vaidades pessoais e prejudicou toda uma população. Certamente, Guabiruba será prejudicada pelo período eleitoral de 2018”.

Relação com a Câmara
“É muito tranquila, nunca tivemos problema nem no primeiro mandato e agora nesse segundo por duas razões: o município sempre tem procurado agir com muita transparência, com muita clareza em tudo aquilo que se propõe a fazer, e a outra é porque eu acho que Guabiruba está começando a experimentar de uma forma mais intensa o amadurecimento dos nossos representantes políticos.

Existe oposição, situação, existem partidos, mas hoje os próprios vereadores já entendem o papel deles dentro desse cenário, que não é defender partidos, é defender a comunidade e, nesse aspecto, a nossa Câmara tem sido muito madura, consciente, quando analisa e vota as propostas”.

Volta do radar
“O radar foi muito claro, era uma medida que nós tínhamos desenhado no sentido de buscar um controle maior da velocidade que ainda põe em risco nosso cidadão. Num universo de 15 mil veículos que temos no nosso município, talvez tenha 300, ou até menos, que ultrapassam os limites, mas colocam em risco toda uma população de 23 mil habitantes.

Concebemos a ideia do radar, inicialmente, no sentido de proteger, e também por outro lado, de tentar uma alternativa, porque temos solicitações muito fortes de implantação de lombadas físicas, travessias elevadas, e isso estava nos incomodando, por não atender a comunidade e, numa eventual tragédia, seríamos cobrados.

A lombada não resolve, porque ela penaliza a todos, se você é motorista que anda dentro dos limites, você está sendo prejudicado porque eu não respeito os limites. A nossa ideia era criar a fiscalização eletrônica no sentido de punir quem excede, e os demais poderiam ficar tranquilos.

Houve uma controvérsia em relação aos limites e isso foi um grande fator que fez com que a gente adiasse ou suspendesse temporariamente. Há possibilidade de voltar, sim, talvez dentro de um novo limite. Se colocar 60 kh/h, há um apoio da comunidade, 50km/h limita muito, pode gerar fila, porque existe o motorista com excesso de preocupação que, ao invés de andar a 50 km/h, vai andar a 30 km/h, 40 km/h. Se for 60 km/h, vai ter um limite até 67 km/h, 68km/h, e deixa o trânsito fluir.

Dificuldades de 2017
“De maneira geral, nos convencemos que reclamar não resolve, dizer que tá ruim não muda nada, achar que alguém vai resolver o problema, também não vai acontecer.

Eu não diria que o município teve uma grande dificuldade, salvo a questão da limitação financeira que é uma dificuldade para todos, mas aprendemos a trabalhar com o que nós temos. Essa é a mudança forte que conseguimos fazer em 2017.

Até 2014, vínhamos num cenário de maré mansa, apareceu toda a dificuldade em 2015 e 2016, lamentamos bastante porque muitos projetos bons deixaram de ser executados, e em 2017 entendemos que deveríamos começar a trabalhar com o que temos, de uma forma organizada. Fizemos ajustes internos, externos, buscando equacionar a receita com os projetos, logicamente deixamos de executar obras importantes para o município e que ficaram para 2018, 2019, 2020.

Se é pra apontar um problema, a dificuldade financeira foi um dificultador, mas não batemos mais nessa tecla porque entendemos que não adianta ficar reclamando, não vai resolver nada, vamos aprender a trabalhar de uma nova maneira, equacionando  a questão financeira com a necessidade dos investimentos, mas temos conseguido avançar”.