Hábitos alimentares saudáveis e rotina de exercícios ajudam a prevenir a diabetes
Sociedade Brasileira de Diabetes aponta que mais de 13 milhões de brasileiros convivem com a doença
Nesta quinta-feira, 14 de novembro, é celebrado o Dia Mundial da Diabetes, quando são intensificadas ações de conscientização sobre a doença. A diabetes é uma doença crônica que tem crescido cada vez mais entre os brasileiros. Entre os principais fatores que causam a patologia estão a obesidade, sedentarismo e o histórico na família.
A doença é causada pela baixa produção ou má absorção da insulina, hormônio responsável por regular a glicose no sangue e garantir energia. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, em ocasiões em que o nível de glicose no sangue sobe, o pâncreas produz células especiais, chamadas de células beta, que geram a insulina.
Conforme a necessidade do organismo naquele momento, é possível determinar se a glicose será utilizada como combustível para as atividades do corpo ou se armazenará como reserva, em forma de gordura.
A partir do momento que a doença é descoberta, o paciente precisará fazer acompanhamento e exames para controlar a doença, evitando que ela afete a visão, rins e coração. Existem alguns tipos de diabetes como a tipo 1, tipo 2 e gestacional.
Tipos da doença
A diabete tipo 1 atinge desde crianças até adultos jovens. Geralmente quando o paciente é diagnosticado com esse tipo, é necessária a aplicação de insulina diariamente. “O mecanismo de ação é a falta de produção de insulina pelo pâncreas, por isso precisa de insulina desde o início”, explica o endocrinologista e presidente da Associação Brusquense de Medicina (ABM), Frederico Guimarães Marchisotti.
Segundo o profissional, esse é o tipo menos comum e por isso cerca de 5% a 10% dos casos são diabetes tipo 1. Nesses casos, o tratamento é realizado com a aplicação de insulina. Segundo o endocrinologista, o paciente precisa usar o medicamento de três a quatro vezes por dia.
Já a tipo 2 atinge adultos a partir dos 40 anos e está relacionada à obesidade, sendo que 80% dos casos são pessoas obesas, conforme explica o endocrinologista. “O mecanismo de ação não é a falta de insulina, é uma resistência à ação da insulina. Então ela está circulando no sangue, mas não age na célula para fazer ela captar a glicose”.
Normalmente, apenas o uso de medicamentos via oral é utilizado como forma de tratamento, porém alguns médicos optam por utilizar a insulina no início do tratamento para controlar a doença. A escolha é feita pelo endocrinologista conforme o perfil de cada paciente.
“O tipo 2 não precisa de insulina como regra, vai utilizar só após muito tempo de doença, após 15 ou 20 anos pois o pâncreas acaba desgastado e o paciente acaba precisando de insulina”.
Outro tipo é a gestacional quando mulheres grávidas passam pela mudança hormonal. A placenta é uma fonte de hormônios que reduzem a ação da insulina. Com isso, o pâncreas aumenta a produção da insulina para suprir a necessidade.
No entanto, esse processo não ocorre para algumas grávidas que acabam desenvolvendo a diabete gestacional, ocasionando o aumento de glicose no sangue. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, ao ser exposto a grandes quantidades de insulina dentro do útero, o bebê tem risco de crescimento excessivo, podendo gerar partos traumáticos, hipoglicemia neonatal, obesidade e até diabetes na vida adulta.
Número da diabetes
Em Brusque, aproximadamente 4 mil pessoas convivem com a doença conforme dados da Secretaria de Saúde do município. Já no Brasil, informações da Sociedade Brasileira de Diabetes indicam que mais de 13 milhões de brasileiros têm a doença, o que representa 6,9% da população do país.
A International Diabetes Federation (IDF) publicou em 2018 o atlas da diabetes em 2017. Na época, o Brasil tinha 12,5 milhões de pessoas diagnosticadas com a doença. O documento também mostra que na América do Sul e Central existiam 26 milhões de pessoas com diabetes em 2017. No entanto, a projeção para 2045 é que o número aumente 62%, ou seja, 42 milhões de pessoas serão diagnosticadas com a doença.
A Secretaria de Saúde do município fornece os medicamentos e a insulina aqueles que são diagnosticados. O secretário de Saúde explica que os pacientes que precisam tomar insulina passam por um treinamento com os enfermeiros da rede de saúde para aprenderem a aplicar e ministrar a dose correta da substância.
Nos primeiros dias, um enfermeiro vai até a casa do paciente e segue essa rotina até o momento em que ele estiver pronto para aplicar as doses sozinho. Além da medicação, também é fornecido o aparelho que mede o grau de glicose no sangue aos casos que precisam utilizar o equipamento.
A partir do momento que um morador da cidade descobre a doença, ele passa a participar de grupos da secretaria de Saúde que tem o intuito de conscientizar e orientar os diabéticos. Também é feita uma integração com a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) para trabalhar exercícios físicos e de nutrição, além de todo acompanhamento médico e de enfermagem.
Segundo o secretário Humberto Fornari, os pacientes que são dependentes da insulina têm direito a receber o Glicosímetro, aparelho que mede a glicose, e também recebem as fitas para fazer os teste da glicose, tudo seguindo instruções médicas. “É um serviço bastante ampliado para o tipo de tratamento e demanda”, diz.
O secretário explica que a cidade não tem um percentual mais alto em relação aos níveis de complicação que são esperados para doença oftalmológica diabética.
Mudança é importante
Marchisotti afirma que, durante o tratamento da diabetes, a mudança de hábitos é importante. Além de mudar a dieta e passar a comer alimentos mais saudáveis, o paciente precisa adotar uma rotina de exercícios.
“Boa alimentação significa reduzir o consumo de carboidratos de absorção rápida, o que chamamos de carboidrato simples. Isso é orientado pelo endocrinologista, mas quem monta o cardápio é a nutricionista”, declara.
Além disso, ele também orienta que os pacientes façam atividades físicas pelo menos três vezes por semana com sessões de 30 minutos cada. Os exercícios devem variar entre aeróbicos e anaeróbicos.
Para prevenir a diabetes, o médico afirma que é preciso aliar a atividade física com uma alimentação saudável que mantenha o peso adequado do paciente.
O endocrinologista afirma que existe uma crença popular relacionada ao alto consumo de açúcar com a diabetes. “As pessoas dizem que quem come muito açúcar vai ficar diabético, mas não existe muita lógica nisso. O que acontece é que muito açúcar acaba engordando e por isso ele desenvolve a diabete, mas não tem relação”, explica.
Consequências da doença
O endocrinologista aponta que a doença é silenciosa e geralmente a pessoa leva cinco anos paraaparecerem os primeiros sintomas. Segundo ele, os principais alertas da doença são muita sede, eliminação em excesso de urina, emagrecimento inexplicável, fraqueza, visão turva, além de candidíase, que também pode ser um sintoma da doença.
Marchisotti alerta que a diabetes mal controlada pode levar a consequências sérias tanto a longo quanto a curto prazo. Entre os efeitos a longo prazo estão a cegueira, infarto do coração, Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou popular derrame cerebral, amputação de membros, principalmente inferiores, e a insuficiência renal.
Fornari explica que em casos em que o paciente adere ao tratamento são obtidos bons resultados. “É preciso fazer exames para ver como está a visão do paciente. Não só os olhos, mas o rim, o coração. Temos que manter esse paciente sob vigilância nesse sentido. Temos uma preocupação muito grande nessa questão da visão porque a diabete pode levar à cegueira”, destaca.
Já entre as consequências a curto prazo estão a predisposição para infecções e a descompensação aguda que pode levar ao coma. “Uma diabete descompensada agudamente pode levar à morte, pela hiperglicemia ou hipoglicemia”, diz
Para Marchisotti, é importante realizar o exame de glicose anualmente a partir dos 40 anos. “É interessante fazer como uma forma de detectar a doença precocemente. Se a pessoa depois dos 40 anos começa a fazer os exames de sangue ela descobre antes”, alerta.
Além disso, pessoas com familiares diabéticos devem prestar mais atenção, pois têm mais chances de desenvolverem a doença. “Existe um histórico, mas não é direto de pai para filho. Vemos mais de avô para neto, não é algo tão direto”, esclarece o secretário de Saúde.
Acompanhamento do paciente
Em Brusque foi instalada uma política municipal de farmácia. Fornari diz que é realizado um acompanhamento do farmacêutico junto aos pacientes que utilizam medicação de uso crônico e continuado. Segundo o secretário, o projeto está evoluindo e o próximo passo é a abertura do consultório farmacêutico para entrega dos medicamentos e monitoramento dos pacientes.
“Fazemos uma orientação e ficamos em cima desse paciente para monitorar como ele está tomando o remédio, se realmente está tomando esse remédio, se a dose que ele utiliza é a dose correta. Tudo isso a consulta farmacêutica dará um diagnóstico e nos ajudará no acompanhamento desses pacientes crônicos, seja diabéticos ou outros”, explica.
Além de ensinar a aplicar e dosar a insulina, o farmacêutico também pode explicar como armazenar a substância, que deve ficar apenas na geladeira, e as seringas e agulhas para que não haja nenhuma contaminação.