Havan Liberty busca acesso à elite de League of Legends e legado nos e-sports
Equipe vai ao seu segundo ano buscando as primeiras conquistas no consagrado game
Após um primeiro ano de experiências no e-Sports disputando a terceira divisão nacional de League of Legends (LoL), a Havan Liberty Gaming busca o título do Circuito Desafiante, o segundo escalão, abaixo apenas do Campeonato Brasileiro (CBLoL). A equipe comprou a vaga na segunda divisão de um time que não tinha mais condições de se manter, e luta para chegar aos play-offs, a fase que define quem chega à elite.
Além da Havan Liberty, RED Canids, paiN, Falkol, Operation Kino e Team oNe são as equipes participantes. As quatro melhores passam aos play-offs. “O nível do Circuito Desafiante é tão alto quanto o do próprio CBLoL. Grandes equipes disputam conosco, como a paiN, que é uma das maiores do Brasil, com uma das maiores torcidas”, explica o sócio-fundador, Lucas Hang.
No game League of Legends, os jogadores controlam personagens chamados “campeões”, que possuem habilidades únicas. As disputas são batalhas entre equipes, e cada jogador controla um campeão com função pré-determinada. As partidas envolvem estratégia e técnica para eliminar a equipe adversária. Os e-Sports, por sua vez, são videogames com estruturas de organização e competição profissionais ou semi-profissionais, semelhantes aos esportes.
A equipe de League of Legends da Havan Liberty é formada por 10 jogadores e três membros de comissão técnica, incluindo técnico e analista de dados. No entanto, apenas cinco jogadores participam da partida, enquanto os outros são reservas que só podem substituir os titulares no intervalo entre partidas, nunca durante. Eles treinam na sede da Havan Liberty, o chamado “gaming office”. Além da comissão técnica, a equipe conta com nutricionista e psicólogo para os gamers.
Toda a equipe de League of Legends da Havan Liberty é paga formalmente de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). São 60% por meio de CLT e 40% de direitos de imagem. Os contratos são formados com cláusulas de rescisão para o mercado interno e para o exterior.
“Temos uma assessoria jurídica forte na área esportiva. Até poderíamos fazer como outras equipes e fazer a contratação por meio de prestação de serviços, mas queremos fazer tudo da forma mais correta possível, sem brechas, com boa gestão, protegendo a Havan Liberty e os jogadores. Hoje, há multas rescisórias de R$ 500 mil no Brasil”, explica o CEO e sócio-fundador Samuel Walendowsky.
O foco da Havan Liberty é o League of Legends, apesar dos pedidos dos fãs para a abertura de equipes em outras modalidades, como os jogos de tiro em primeira pessoa Counter Strike (CS) e Rainbow Six.
“A longo prazo, a ideia é expandir, mas tem que ser feito com calma. O mercado dos e-Sports muda, algumas modalidades já estiveram em evidência há algum tempo e hoje estão fora do cenário principal. No caso específico do CS, não há força em termos de ligas, de organização. É necessário estudar muito sobre como fazer e gerenciar, existe um processo”, relata Walendowsky.
Estratégias e planejamento
Hang destaca que manter a equipe em Brusque foi uma decisão estratégica para fomentar os chamados e-Sports em centros menores.
“Quase todas as equipes são sediadas em São Paulo, porque tudo gira em torno de lá. Equipes saem de suas cidades de origem e vão para lá, e acabam perdendo parte de sua identidade. Também poderíamos ter feito lá, seria mais fácil, mas quisemos trazer para o interior, para a cidade pequena. Vamos segurar ao máximo as equipes aqui em Brusque.”
Outro motivo é tornar mais fácil a oportunidade de se tornar profissional. A maior parte das pessoas que busca o profissionalismo tem entre 17 e 24 anos e enfrenta dificuldades para iniciar uma carreira séria.
“Muita gente não pode ser jogador porque mora longe, no interior. Muita gente que é profissional tem que sair, passar pela opinião da família e sair. Com a equipe no interior, na própria cidade, já é um obstáculo a menos”, explica.
Walendowsky e Hang acreditam que o fato de a equipe ser vinculada à Havan facilitou o processo de conquista de fãs e torcida, além da busca por patrocinadores.
“Tudo foi pensado em fevereiro de 2018 e fizemos reuniões sem nada muito concreto, mas com um suporte importante da Havan, um plano bem feito e muita vontade. Vendo a Havan no projeto, as marcas se interessam. Vem moral, vem uma credibilidade que outras equipes não tem, e vem uma responsabilidade muito grande de fazer bem feito. Somos a única equipe de e-Sports do Brasil com a Red Bull, por exemplo”, comenta Hang.
O primeiro ano da Havan Liberty no League of Legends não teve resultados espetaculares. A equipe não conseguiu subir da terceira divisão para o Circuito Desafiante em sua temporada de estreia. Mesmo com salários melhores que os adversários, era difícil atrair jogadores de renome para o último escalão nacional.
“O primeiro ano era de começar nossa estrutura e aprender sobre o meio. Tivemos uma experiência, jogamos, queríamos ter ganho a terceira divisão, claro, mas não era o foco. Hoje sim, é ganhar, ser competitivo.”
É por isto que a Havan Liberty comprou a vaga na segunda divisão de um time que já não tinha condições de se manter.
“Decidimos avançar uma etapa. Todo mundo se inscreve na terceira divisão, mas para se manter na segunda o investimento é muito maior. Ir para o Circuito Desafiante acelerou nossa evolução e foi possível trazer melhores jogadores e melhorar nosso aprendizado.”
FIFA
A Havan Liberty também disputa campeonatos no FIFA Pro Clubs, modalidade do game de futebol em que cada jogador real é um jogador virtual. Ou seja, são 11 contra 11 e até mesmo o goleiro é controlado manualmente. A influência da inteligência artificial do jogo torna-se mínima, e a coordenação e o entrosamento da equipe são essenciais.
A equipe paga seus jogadores de FIFA Pro Clubs em formato de patrocínio, já que os 11 representam a Havan Liberty de forma remota, sem precisarem comparecer à sede. Os treinos são realizados sempre à noite. O técnico da equipe também é jogador.
Os avatares, jogadores virtuais que são controlados pelos reais, são criados com um limite de pontos de habilidade a serem distribuídos, e vão evoluindo com o passar dos jogos. Como ocorre nos modos de edição de diversos games há anos, praticamente tudo é personalizável: rosto, altura, peso, acessórios. Os jogadores são moldados para que se adequem ao máximo às suas posições dentro de campo.
“Temos uma das melhores equipes do Brasil na modalidade. O goleiro é um dos mais difíceis de achar, quase ninguém joga como goleiro ou consegue fazer bem a função, é incomum. E faz a diferença ser bom goleiro, porque é muito difícil”, comenta Hang.
Os uniformes dos times são personalizáveis, mas de maneira limitada, com padrões prontos. No caso da Havan Liberty, os uniformes escolhidos são de equipes como o Tottenham Hotspur e o Manchester City, da Inglaterra, por causa das cores semelhantes.
A estrutura de competição do FIFA Pro Clubs é diferente da que possui o League of Legends, em que a Riot Games, desenvolvedora do game, gerencia o circuito de competições oficiais. A EA, desenvolvedora do FIFA, não assume as competições. Desta forma, diversas ligas e circuitos são espalhados. A Havan Liberty chega a participar em mais de cinco campeonatos em uma mesma época do ano. As partidas são transmitidas pelo Facebook da equipe: facebook.com/havanliberty.
No FIFA Pro Clubs, a Havan Liberty acumula os títulos do Campeonato Catarinense e da Supercopa VPN.