História construída a várias mãos: jornal O Município celebra 69 anos de fundação
Conheça quatro histórias de pessoas que, de diferentes maneiras, ajudaram na trajetória de O Município
A trajetória de sucesso do jornal O Município começou em junho de 1954 por iniciativa do advogado Raul Schaefer, em parceria com o comunicador Wilson Santos. Desde então, foram milhares de histórias contadas, vidas modificadas e momentos históricos registrados nas páginas físicas e on-line.
E a construção desta história só foi possível pela colaboração de muitas pessoas que, ao longo das décadas, dedicaram seu tempo e deixaram sua marca em O Município. Nesta segunda-feira, 26, quando o jornal completa 69 anos, apresentamos histórias de pessoas que diretamente contribuíram para o sucesso ao longo das décadas.
O início de uma carreira brilhante
Um dos maiores cartunistas do Brasil, famoso pelo personagem Clóvis, o brusquense Paulo Stocker deu seus primeiros passos no jornal O Município. Ele já trabalhou na editora Abril e em revistas como Coyote, Caros Amigos, periódicos como O Pasquim e o Jornal do Brasil, e, desde garoto, se interessava pelo jornalismo.
Morador do Santa Rita quando criança, bairro onde costumava funcionar o jornal O Município, Paulo começou a se envolver com jornalismo escrevendo uma coluna no extinto A Tribuna, falando das “bobagens da cidade”, como ele mesmo define. Ainda jovem, ele passou pelo Agora antes de chegar ao jornal O Município entre o fim da década de 1980 e o início da de 1990.
“Fiquei trabalhando um tempo no jornal O Município e conversava muito com o seu Jaime (Mendes, ex-proprietário do jornal). Descobri que o jornalismo tinha gente por trás, foi muito legal isso. O jornal era feito na raça. O Município era mais bem feito do que os outros, tinha uma cara de jornal. O Jaime sempre teve isso, ele tinha uma paixão pelo jornalismo”.
Em sua passagem pelo jornal, Paulo não fazia expediente, mas passava pela sede para conversar com os funcionários e deixar sua coluna. Depois, ele começou também a fazer charges, o que impulsionou sua carreira de sucesso. Hoje conhecido nacionalmente, ele não esconde sua gratidão por O Município.
“Quando eu fiz aquilo, eu achava que eu era mais um. Mas o Jaime me fez entender a minha importância”.
Atualmente, mesmo radicado em São Paulo há muitos anos, ele segue acompanhando O Município de longe.
“Sempre que há algo de Santa Catarina que me interessa, a minha fonte é o jornal O Município. Quando O Município publica, sei que é verdade. Não tem como mentir no jornal. Quando isso acontece, alguém é punido. Nesse momento de tantas fake news, é muito importante ter um veículo que tenha credibilidade”.
Uma coluna quente
“Dava cada guerra nuclear, porque eu escrevia umas coisas quentes”, resume Luiz Gianesini, que fez muitas coisas na vida, mas, desde sua passagem pelo jornal O Município entre o fim da década de 1960 e início da de 1970, ainda jovem, criou uma conexão inquebrável com o jornalismo.
Ele sempre teve vontade de escrever e morava no Santa Rita, próximo ao jornal. Por isso, tinha amigos na tipografia. Um dia, quando ele estava lá de forma (não tão) despretensiosa, seu Jaime jogou a isca e ele agarrou.
“Ele brincou comigo, perguntando se eu queria escrever e eu disse que era um sonho, mas que ainda não tinha tido a oportunidade e nunca fui atrás. Então, ele me encorajou a escrever e trazer para ele, para ter um espaço a cada 15 dias, algo assim. Fiquei todo proso. Fui para casa e já comecei a escrever”.
Naquela época, usando a máquina de datilografia, ele escreveu sua coluna, levou para Jaime e o jornal começou a publicar. Ele ficou cerca de cinco anos publicando crônicas sobre a vida brusquense. E causando um rebuliço.
“Pegava um assunto cotidiano e escrevia. Eu usava os nomes de colegas meus nos personagens das histórias e dava “pauleira”. Minha intenção não era ligar a pessoa à história, só usava porque era de conhecidos meus. Mas tem gente que não gostava. Eu também levava muito pau. Foi assim por alguns anos até que me chamaram para trabalhar em outro lugar, quando comecei a fazer entrevistas, também por sugestão das pessoas”.
Antes de ir para o jornal, ele era funcionário da Renaux. Depois, foi estudar no Rio de Janeiro, fez curso de Direito na Furb, foi procurador-geral do município e trabalhou muitos anos na prefeitura e advogando, mas sempre manteve-se ligado à imprensa, publicando centenas de entrevistas e diversos livros. Nada disso seria possível, porém, se não fosse a primeira oportunidade que recebeu.
“Saí do jornal porque a entrevista era um campo mais vasto, mas O Município quem deu a primeira oportunidade. Se não fosse isso, não teria seguido esse caminho. No início de 1990, chegou a ter um convite para voltar para o jornal, mas não avançou a conversa. Fiquei muito feliz na época, mas acabou não dando certo. O jornal sempre teve muito mais repercussão. Sempre acompanhei o jornal O Município desde que saí. Hoje, acompanho no WhatsApp, mas também compro na loja 3 do Archer ou pego emprestado lá na rodoviária”, conta.
Primeiras palavras
Carlos Werner, que presta serviços contábeis e tributários para empresas, nasceu em Brusque em 1948 e morou na cidade até 1960. Ele então foi para o seminário em Rio Negrinho e Corupá, voltou cinco anos depois e finalmente se mudou para Curitiba convidado pelo irmão, onde mora até hoje. Até hoje, mesmo há tantos anos longe de sua cidade natal, ele lembra muito bem da primeira frase que leu: “O Município”.
Por volta de 1955, o seu pai, que era tecelão, sempre levava o jornal da fábrica Renaux para casa no sábado. O pequeno Carlos admirava o jornal, queria entender aquilo. “Me fixava bastante na marca do jornal. Aquele escrito O Município, mesmo não sabendo ler me encantava. Eu queria entender, perguntava para os meus irmãos”.
Em 1956, ele estava no primeiro ano do primário e sua grande vontade era conseguir ler aquilo. Após várias tentativas, ele conseguiu. Foi a primeira frase que ele tem lembrança de ter lido, com aquela letra bem desenhada: “O Município”.
“Quando eu aprendi a ler, eu pegava e lia, orgulhoso: O Município. Depois que aprendi a ler, então, queria ler as notícias e, depois disso, acompanhei a vida inteira”.
Ele conta que está no grupo do WhatsApp do jornal e elogia: “todo dia, tem bastante informação”. Carlos conta que, mesmo sem ir a Brusque há dois anos, mantém sua conexão com a cidade através de O Município. “Gosto de saber como está a cidade”, resume.
Décadas de parceria
A Banca Ivonete, que fica na avenida Dom Joaquim, é uma das poucas que sobrevive na cidade. A proprietária, Ivonete Correia da Silva, mantém o negócio e tem uma longa ligação com o jornal O Município.
Ela admite que a venda de jornais e revistas não são mais o pilar de seu negócio como já foram um dia. Os livros de palavras cruzadas são o carro-chefe atualmente. Mesmo assim, ela sabe bem a relevância que tem O Município.
Até hoje, Ivonete exibe na banca uma reportagem em que ela e sua filha pet, Duda, estrelaram em 2011, na Série Anônimos. Duda segue sendo a sua grande parceira entre os jornais, revistas e livros. “Quem sabe uma nova reportagem daqui a 12 anos?”, sugere a comerciante.
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