História de fundação: Parte I
Em 10 de março de 1867, o bacharel inglês dr. Barzillai Cottle, por nomeação de Sua Majestade Imperial D. Pedro II, liderando 98 imigrantes de língua inglesa, vindos, em sua maioria, dos Estados Unidos, fundou a Colônia Imperial Príncipe Dom Pedro, na confluência do ribeirão Águas Claras com o rio Itajaí Mirim e território dos […]
Em 10 de março de 1867, o bacharel inglês dr. Barzillai Cottle, por nomeação de Sua Majestade Imperial D. Pedro II, liderando 98 imigrantes de língua inglesa, vindos, em sua maioria, dos Estados Unidos, fundou a Colônia Imperial Príncipe Dom Pedro, na confluência do ribeirão Águas Claras com o rio Itajaí Mirim e território dos atuais municípios de Botuverá, Vidal Ramos, Nova Trento (atingindo até a localidade do Krecker, em São João Batista) e margem direita de Brusque. A determinação para criação da Colônia Príncipe Dom Pedro consta no Decreto Imperial assinado em 16 de janeiro de 1866.
A denominação Príncipe Dom Pedro é uma homenagem a Dom Pedro Afonso Cristiano Leopoldo Eugênio Fernando Vicente Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança, ou simplesmente Dom Pedro Afonso (nascido em 19 de julho de 1848 e morto em 9 de janeiro de 1850), Príncipe Imperial e herdeiro aparente ao trono do Império do Brasil, o quarto e último filho do imperador Dom Pedro II e de Dona Teresa Cristina de Bourbon. Dom Pedro Afonso é tio bisavô do Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, que participará das celebrações do Sesquicentenário de Fundação da Colônia Imperial Príncipe Dom Pedro.
Durante mais de mil anos, entre o ano 800 e 1806, os territórios que atualmente conhecemos como a Europa Central, ocupados pela Alemanha, Suíça, Áustria, Polônia e República Tcheca integravam o “Santo Império Romano da Nação Alemã” (Heiliges römisches Reich deutscher Nation), o 1º Reich.
As guerras napoleônicas tiveram um impacto significativo no cenário geopolítico europeu, como no dissolvimento do Império Romano-Germânico, e fez ascender novas ondas de patriotismo e nacionalismo pelo continente, que ajudaram os processos de reunificação na Alemanha e Itália ao final do século XIX. O outrora poderoso Império Espanhol entrou em rápido declínio após a ocupação francesa, abrindo caminho para revoluções por independência em toda a América espanhola. Assim, o Império Britânico se tornou a maior potência mundial, de forma incontestável, pelas próximas décadas, dando início a chamada
Pax Britannica
O historiador Edu Gevaerd Neto lembra que “enquanto o caos político reinava na Europa, aqui no Brasil uma nova ordem surgia sob o nome de Dom Pedro II, Imperador do Brasil”.
Filho de Dom Pedro I (Dom Pedro IV em Portugal) e Maria Leopoldina, era neto do Rei Francisco II, último monarca do Sacro Império Romano-Germânico, sobrinho de Napoleão Bonaparte (por parte de mãe), e mais tarde casaria-se com Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, de tradicional família real que governara a França e a Itália.
Lei de Terras de 1850
Até 1850, a posse de terras brasileiras consistia-se em sesmarias: as terras eram doadas a pessoa que comprovasse moradia e utilização da mesma durante um período de tempo.
A lei nº 601, de 18 de setembro de 1850 regulamentou a propriedade de terras no Brasil.
Estabeleceu que a ocupação da terra devia ser registrada em documento e só poderia ser repassada através de compra, venda ou autorização do governo. Quem já estava na terra receberia o titulo de proprietário, desde que comprovasse residência e trabalho na mesma.
As terras sem dono passariam para o governo como “terras devolutas”. A Lei de Terras esteve em vigor até 30 de novembro de 1964, quando foi revogada pelo Estatuto da Terra.
A Colônia teve seu território medido e demarcado pelo engenheiro Carlos Felipe Garçon Rivieri, entre o ribeirão do Braço, afluente do rio Tijucas-Grande, e o Itajaí Mirim, tributário do Açú. Parte da área tinha sido recomprada pelo Governo Imperial de Francisco Fernando Sallenthien, que foi seu primeiro morador. A sede estabelecida à margem direita do rio Itajaí Mirim, em terreno acidentado, na barra do ribeirão Águas Claras. Estava presente, também, o sonho de riqueza que muita gente buscou, garimpando pequenas pepitas de ouro na região.
A chegada
Na manhã de 11 de fevereiro de 1867, dr. Barzillai Cottle recebeu 600$000 réis da Mesa de Rendas da Vila do Santíssimo Sacramento de Itajahy. Na barra do porto, lhe aguardavam 98 imigrantes. Haviam embarcado no Rio de Janeiro, na conta o Governo Imperial, com destino à margem direita do Rio Itajaí Mirim, onde estabeleceriam um núcleo colonial.
Após quatro dias, os pioneiros da Colônia Imperial Príncipe Dom Pedro chegaram na Colônia Itajahy, situada à margem esquerda do rio Itajaí Mirim e administrada por Maximilian von Schneéburg desde a sua fundação, em 4 de agosto de l860. A população da colônia Itajhy atingia 1,5 mil habitantes, sendo a quase totalidade de língua alemã.
Inquieto com a chegada dos imigrantes de língua inglesa, o diretor von Schneéburg oficia ao presidente da província de Santa Catarina e informa desconhecer o projeto do Império e da presidência da Província de criar outra colônia no Vale do Itajaí Mirim.
Sociedade de Imigração
Buscando atrair mão de obra para o Brasil, foi constituída a Sociedade Internacional de Imigração no Rio de Janeiro, em 11 de janeiro de 1866. Até março de 1867, 1.039 imigrantes, procedentes de Nova Iorque haviam sido introduzidos no Brasil.
O ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas promovia a emigração de colonos dos Estados Unidos. Além das promessas do Governo imperial brasileiro, a Guerra Civil norte-americana constituíu-se numa forte razão para emigrar: “destruição e ruínas, desolação e fome cobriram a terra, da Virgínia até o Texas. Campo de batalha para os exércitos em conflito durante toda a Guerra, a Virgínia se transformou de um jardim em um deserto; os incendiários de Sheridan tinham arrasado tudo a ponto de nem os passarinhos terem o que comer. Entre Richmond e Washington, só montes de cinzas. Nos arredores de Petersburg, animais mortos e estilhaços de canhões e a terra encharcada de sangue. Nunca houve tanta devastação e tamanha nudez em uma terra civilizada”. (Lauth, citando Laurence Hill, in Confederate Exodus to Latin America).
Logo após a guerra, os confederados partiram para novos lugares. Dirigiram-se para o México, Canadá, Venezuela e também o Brasil, onde implementaram algumas colônias, casos de Americana e Santa Bárbara do Oeste, na província de São Paulo e a Colônia Imperial Príncipe Dom Pedro nos vales do rio Itajaí Mirim e Tijucas, em Santa Catarina.
Ainda em março de 1867, 19 novos imigrantes, vindos do Sul dos Estados Unidos, foram destinados à colônia Príncipe Dom Pedro. O professor Aloisius Lauth, estudioso da presença de colonizadores de língua inglesa no Brasil, informa que o “dr. Cottle desceu o rio Itajaí Mirim e foi buscá-los em pequenas embarcações”.
As medições dos lotes coloniais nas localidades de ribeirão Águas Negras, Porto Franco, Gabiroba, Cedro, Ribeirão do Krecker, Alféres, entre outras, são enviadas pelo engenheiro Frederico Heeren ao Governo Provincial, em 16 de janeiro de 1868.
Paulo Vendelino Kons, 47, é o presidente da Comissão Organizadora da celebração do sesquicentenário de fundação da Colônia Imperial Príncipe Dom Pedro