História de padre Guilherme Kleine inspira publicação de biografia
Livro é resultado de pesquisa feita pelo padre Eder Celva e reúne relato de cerca de 30 pessoas
Livro é resultado de pesquisa feita pelo padre Eder Celva e reúne relato de cerca de 30 pessoas
Desde a infância, Eder Celva escutava histórias sobre a atuação de padres marcantes na região de Brusque. Hoje padre, ele publica o resultado de anos de pesquisa em arquivos e entrevistas sobre a vida e atuação do também padre Guilherme Kleine. Estão previstos 2 mil exemplares de Padre Guilherme Kleine, Amigo de Brusque, com cerca de 240 páginas. Eles serão vendidos na secretaria do Seminário Azambuja.
Kleine nasceu no ano de 1914, em Büren, na região alemã da Westfália. Veio para o Brasil em 1933, ainda como um jovem seminarista e membro da congregação missionária Verbo Divino. Foi em Brusque que ele foi ordenado padre e atuou durante toda a vida, até ser acometido por problemas cardíacos em 1972. Ele foi o primeiro religioso ordenado sacerdote no município.
De acordo com Celva, além de Kleine ter tido atuação em construções importantes do município, ele se destacava como um importante conselheiro de políticos e empresários. Tendo a humildade como outra característica marcante, ele nunca atuou diretamente como representante político, mas fazia sugestões de investimentos considerados ousados na época, visando o desenvolvimento local.
A própria formação do complexo do bairro Azambuja teve a contribuição de Kleine. Ele foi atuante tanto na ampliação do hospital existente na época, dobrando a capacidade de atendimento da unidade, quanto na construção do seminário, com capacidade para abrigar até 200 seminaristas. A própria área onde funciona o Cemitério Municipal Parque da Saudade foi doada ao município durante a atuação do religioso.
O seu trabalho é indicado como importante para o desenvolvimento da indústria local. “Ele era um homem muito popular e envolvido na comunidade. Ele gostava de quem trabalhava de verdade e incentivava isso”.
Protesto contra o esquecimento
Apesar da atuação comunitária de Kleine, Celva não verifica o mesmo reconhecimento a ele nos dias atuais. Um dos exemplos é a praça em frente ao seminário. Ela recebe o nome de Sacerdote Monsenhor Guilherme Kleine, mas não possui nenhum indicativo sobre a figura histórica. Com o livro, Celva acredita ser possível deixar marcada a história pouco conhecida. “É quase um protesto contra o esquecimento”, brinca.
Na avaliação de Celva, o trabalho, sua terceira biografia em um total de oito livros, é publicado em um momento importante. Para o projeto ele conseguiu aproveitar os relatos de pessoas próximas à Kleine. Ao todo foram cerca de 30, entre ex-colegas, funcionários, conhecidos e alunos.
Além das entrevistas, Celva contou com a ajuda de familiares do padre e consultas feitas aos bancos de dados de instituições da região alemã de onde veio e da Congregação do Verbo Divino, arquivo da Arquidiocese de Florianópolis e do Complexo de Azambuja. Informações de registros da congregação integrada por Kleine auxiliaram a conhecer melhor o período da juventude do homenageado.
Pela postura independente e irreverente, Kleine correu risco de não concluir o período como seminarista. As características, afirma Celva, foram importantes na vida adulta para a formação dele como um dos líderes comunitários locais.
Obras de Celva
Eder Claudio Celva é autor dos livros Imigração Italiana em Guabiruba, História da Igreja Católica em Guabiruba, Monsenhor Augusto Zucco, Centenário de Nascimento, Pensares Cotidianos, Cultura e Religiosidade de um Povo, Devocionário Vale das Graças – Azambuja, Cotidiano de uma Vida. Frei Pascoal Dalbosco e agora Padre Guilherme Kleine, Amigo de Brusque, que pode ser encontrado na secretaria do Seminário de Azambuja e em algumas livrarias de Brusque. Mais informações pelo e-mail [email protected].