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História dos primeiros 60 anos de Brusque inspira livro de Rosemari Glatz

Brusque - os 60 e 160: Elementos da nossa história é resultado de três anos de pesquisa

Decidida a preencher uma lacuna na história de Brusque, a professora e futura reitora da Unifebe, Rosemari Glatz, trabalhou por três anos até a conclusão do livro Brusque – os 60 e os 160: Elementos da nossa história. A obra compreende, além dos anos anteriores ao estabelecimento da Colônia Itajahy-Brusque até a cidade atual, próxima dos seus 160 anos de fundação.

O livro foi lançado durante um evento que reuniu autoridades, colaboradores e amigos na Villa Renaux, neste sábado, 8. Na primeira edição serão mil exemplares, com parte deles distribuídos pela Fundação Cultural de Brusque e, a maior parte, ofertada em livrarias da cidade, ainda não definidas pela autora.

De acordo com a professora, a história local no período antes de 1860 ainda não havia recebido um levantamento amplo. “É um vazio histórico que tínhamos sobre este período dos primeiros 60 anos. Brusque começou muito antes. Esta é a data oficial, que foi formada a colônia, mas já viviam pessoas aqui, principalmente imigrantes, que haviam vindo para outras colônias e fazendeiros”.

A sensação de falta de materiais sobre o período, segundo ela, veio com o desconhecimento geral sobre a época. O próprio levantamento de informações foi dificultado pela limitação. De acordo com ela, foi comum precisar recorrer aos arquivos disponíveis em Blumenau durante a apuração de dados para a obra.

Um rosto histórico
A produção de colunas sobre a história da cidade também influenciou na motivação para o trabalho. Segundo a autora, em contato com educadores e leitores, o relato de falta de livros abordando o período também era recorrente.

Para o trabalho, Rosemari, optou por um livro com uma leitura acessível para diferentes públicos. A preocupação, afirma, foi uma forma de facilitar o conhecimento sobre a história da cidade e personalidades que ajudaram a construir a Brusque atual. Entre as personalidades relatadas no livro, Maximilian von Schneeburg, o Barão de Schneeburg, ganhou uma reprodução gráfica do rosto pela primeira vez.

Para a reconstituição, Rosemari se baseou em um relato feito na época, onde a fisionomia do barão era descrita. Para melhorar o detalhamento, elementos estéticos da época, como estilo de barba e cabelo, foram incorporados à gravura.

Transição para a indústria
Natural de Taió, no Alto Vale do Itajaí, ela destaca a importância do conhecimento para gerar o sentimento de pertencimento à cidade. “Você precisa se identificar. Vai se apropriar de sua própria identidade ao se apropriar da identidade do lugar onde se vive”.

Segundo ela, a transição para uma cultura industrial foi importante para o desenvolvimento da cidade, durante o período da Primeira Guerra Mundial. Pequenas propriedades e geografia acidentada dificultavam a atuação rural do período colonial.

Com o estímulo, afirma, se tornou comum o fluxo de trabalhadores das pequenas propriedades para a indústria. Em alguns casos, as pessoas se deslocavam de onde hoje é Guabiruba por cerca de 20 quilômetros até as fábricas de Brusque.

Histórias brusquenses
Ao logo da produção, temas indicados por famílias locais expandiram a abordagem do livro para contextualizar a época. Assim como diferentes famílias da cidade, Marga Helga Kamp, 86 anos, uma das herdeiras da família Von Büettner, colaborou com parte da pesquisa.

Com acesso à documentos históricos desde a década de 1980, ela se dedica a tentar preservar o passado da cidade. Além do projeto, ela se dedica à um livro que remonta a história da própria família.

Na avaliação dela, a dedicação e o resultado de trabalhos voltados à história deveriam ser valorizados nos dias atuais. “A verdade tem que ser dita. A verdade histórica, isso eu valorizo muito. Tem tantos absurdos escritos e tantos erros. Até, por isso, fizemos muita pesquisa”.

Além dela, Jorge Paulo Krieger Filho, bisneto do coronel Guilherme Krieger, acompanhou a produção do livro. A família, lembra, veio para Brusque em 1864. Na época, o bisavô chegou a presidir a Câmara de Vereadores do Império Brasileiro.

Ele foi o último presidente do órgão sob a monarquia, regime apoiado pelo familiar ilustre. “Quando veio a informação de Florianópolis, por telegrama, de que havia sido instalada a República, ele perguntou aos vereadores o que eles achavam e eles concordaram, óbvio”, diverte-se.

Amante da pesquisa histórica local, Krieger destaca uma nova fase dos estudos sobre o assunto. Para ele, a forma como foi abordada no livro ajuda na atualização das novas gerações sobre a formação da cidade.