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Histórias no volante: conheça a rotina de motoristas do prefeito e de ex-prefeitos de Brusque

No dia 25 de julho é comemorado o dia do motorista, profissão presente no dia a dia da cidade

Comemorado em 25 de julho, o dia do motorista também é o dia de São Cristóvão, considerado o padroeiro dos profissionais. Para homenagear a data, O Município conversou com os motoristas da prefeitura, que contam como é a rotina de trabalho com o prefeito, vice-prefeito e chefe de gabinete de Brusque.

O motorista Atílio Alberto Graf, atua na profissão desde 2015, quando passou no concurso público. Ele iniciou trabalhando para a Policlínica e realizava o transporte de pacientes que não podiam ir na van para outras cidades.

Em 2017, ele foi chamado para cobrir o colega Gilberto Vechi, que se afastou por motivos de saúde, e trabalhou para o então prefeito Jonas Paegle. Mesmo após a volta de Vechi, Graf foi convidado a continuar como motorista de Jonas.

Após a eleição de Vequi, ele fica à disposição do vice-prefeito Gilmar Doerner, mas nos últimos quatro meses cobriu o colega Gilberto Vechi que esteve afastado novamente, e ficou à disposição do atual prefeito.

Rotina diária

Graf, que nasceu em São Paulo, e mora há 24 anos em Brusque, conta que tanto quando trabalhou com o ex-prefeito Jonas, quanto com Ari, o dia a dia se mostrou bem semelhante.

“No período da manhã, o prefeito vai verificar o andamento das obras e das coisas na cidade. De tarde, ele ficava no gabinete em reunião, ou fazendo as coisas dele”, detalha.

Ele destaca também que durante o período da tarde e às vezes pela noite também são realizadas reuniões com outras entidades e empresários. Com isso, ele deve ficar à disposição aguardando o prefeito sair da reunião.

“Se ele precisar de mim às 7h eu tenho que estar aqui [na prefeitura]. Se ele ficar numa reunião até meia noite, eu tenho que aguardar. Não temos horário fixo”, explica.

Amigos da profissão

O motorista Gilberto Vechi teve que se afastar do trabalho entre 14 de dezembro de 2017, e 19 de janeiro de 2018 voltou a trabalhar no gabinete. Ele trabalhou com Ari Vequi enquanto era vice-prefeito, e após a eleição, continuou transportando o então prefeito.

Há 32 anos na profissão, Gilberto ressalta que “a vida do motorista é puxada, alguns dias não dá pra almoçar, pois tem que ficar à disposição”.

Atílio destaca que a relação entre eles é amistosa. Quando acontecem imprevistos, eles cobrem o trabalho um do outro, assim como também o motorista do chefe de gabinete, Altevir José Hoffmann.

Altevir considera um trabalho bonito transportar os prefeitos, mas é um serviço que não possui horário. “É dia, noite, sábado, domingo. Tem que estar pronto 24 horas por dia”, destaca o motorista.

Em julho, ele cobriu os dois colegas quando a esposa de Atílio, que cobria Gilberto, positivou para Covid-19 e ele teve que ser afastado.

“Ele teve que cobrir o lugar dos três, prefeito, vice e chefe. Mas conseguiu dar um jeito.
Um falta o outro tem que dar um jeito de cobrir a falta”, conta Atílio.

Da esquerda para a direita: Gilberto Vechi, Altevir José Hoffmann e Atílio Alberto Graf. Foto: Lorena Polli

Gratidão

Graf, que é casado e tem dois filhos que acham muito legal o fato do pai ser motorista do prefeito, comenta que apesar dos contratempos, ele gosta muito da profissão que escolheu.

“Eu gosto de dirigir, de andar, que é o importante. Me sinto satisfeito no que faço. Ser motorista e não gostar de dirigir não adianta”, conta.

Além disso, ele ressalta outro ponto importante do trabalho: a responsabilidade. “Dirigir todo mundo sabe, mas é bom lembrar da responsabilidade pela vida dos outros. Ainda mais nós, que somos motoristas de prefeito e vice-prefeito. Estamos levando pessoas importantes para a cidade”, destaca.

Atílio destaca a responsabilidade no transporte das pessoas. Foto: Lorena Polli

Relacionamento com autoridades

Atílio destaca que todos os motoristas são bem tratados pelos chefes do executivo, e que eles reconhecem o trabalho deles.

“A nossa relação é boa. A gente conversa, troca ideias. É muito bom trabalhar com eles”, enfatiza o motorista. Já para Altevir, a relação com as autoridades que trabalhou e que trabalha agora é de amizade, pois os considera amigos próximos.

Desde 1983 transportando prefeitos 

Hoffmann, que tem 74 anos, começou a trabalhar na prefeitura como motorista em 1979, no mandato do prefeito Alexandre Merico. Ele transportava a kombi da Secretaria de Esportes da época.

Em 1983, quando José Celso Bonatelli assumiu o mandato, ele foi chamado pelo gabinete para ser motorista do prefeito. “Fui motorista dele por seis anos. Depois fiquei 12 anos como motorista do Ciro Roza e quase quatro anos do Danilo Moritz”, detalha o motorista.

Ele, que é casado e tem um filho que também trabalha com transporte, se aposentou e ficou um período sem atuar na área. Em 2017, Altevir voltou a trabalhar no mandato de Jonas Paegle, ficando à disposição do chefe de gabinete, Aurinho Silveira de Souza.

O motorista conta que de todos os prefeitos que trabalhou, a rotina era semelhante. “Com o falecido Celso Bonatelli eu trabalhava mais. Ele ficava muito mais à noite nas reuniões. A relação com ele era muito boa”, conta.

Perrengue em Joaçaba

No período em que trabalhou com Celso Bonatelli, Altevir relembra que em 1985, ele, o prefeito e o chefe de gabinete da época, chamado Badão, foram até os Jogos Abertos de Santa Catarina, em Joaçaba.

“Saímos de Brusque umas 16h e chegamos lá 20h30, pegamos muita chuva na estrada. Cheguei cansado, com dor na nuca e muita tensão e a gente ia descansar para voltar no outro dia”, destaca.

Ele foi no alojamento descansar, se deitou em um colchão e logo em seguida Badão veio comentar que o prefeito queria voltar para Brusque. “Eu pensei, é mentira, né? De repente o Bonatelli apareceu e pediu mesmo para voltar”.

Com muita chuva na volta, o pneu do carro furou, na época, um Del Rey 1985. Ele andou mais uns cinco quilômetros, e perto do trevo de Lages entrou com a roda em um buraco coberto pela chuva e entortou o aro.

“O Bonatelli dormindo no carro e o Badão saiu com o guarda-chuva para buscar o socorro, que estava vazio. Ficamos ali das 23h até as 3h esperando ajuda”, recorda.

Altevir comenta que levantava o pneu na beira da estrada para pedir ajuda. Até que um caminhão parou e os ajudou, sem cobrar nada.

“Fui no caminhão com ele, enchi os pneus, borracheiro arrumou o aro, e disse que um estava aí para socorrer o outro”, conta o motorista, que chegou em Brusque por volta das 8h após o perrengue.

Dois meses depois o motorista que os ajudou apareceu em Brusque, e foi até a prefeitura de visitar Hoffmann. “Levei ele no gabinete, o Badão mandou levar ele no antigo café do Queno, e ficamos muito felizes com a visita dele”, ressalta.

À espera de Ciro

Hoffmann conta que na época da campanha do ex-prefeito Danilo Moritz, em um dia de inverno, Ciro Roza pediu para que ele o levasse em um lugar.

“Ele veio falar comigo umas 18h, para levar ele em tal lugar e que ninguém soubesse onde ele estava. Mandou buscar às 19h”, lembra o motorista.

Ele levou o então prefeito até o local. Às 19h, conforme combinado, Altevir voltou até lá para buscar Roza, mas a reunião não tinha terminado.

“Deu 20h, 21h, meia noite, duas da madrugada e eu lá esperando o prefeito. Não tinha celular. Saí do carro e dava pontapé no pneu para esquentar, estava muito frio”, conta.

Hoffmann foi até a porta do local escutar, e ouviu pessoas conversando. Ciro voltou para o carro era 2h30, e segundo o motorista, a reunião foi um acerto político. Ele não queria que soubessem, pois não pretendia apoiar o Danilo Moritz na época.


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