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Histórias que o jornal não conta

  • Por Like
  • 18/10/2016
  • 16:30

Estes dois textos, publicados na página do Like desta semana são de um mesmo projeto genial, encabeçado pela professora Suy Mey Schumacher Moresco. Ela explica: alunos dos 1º anos do colégio Amplo escreveram crônicas a partir de notícias do Município Dia a Dia – Histórias que o Município Dia a Dia não conta. Esse trabalho foi baseado no livro de Moacyr Scliar, Histórias que os Jornais não contam.

 

 

Os estudantes da Escola de Ensino Fundamental (EEF) Professora Augusta Knorring, do Cerâmica Reis, tiveram um dia diferente na última sexta-feira, (16/09/2016). Eles receberam um Planetário Digital Móvel e aprenderam de forma lúdica, por meio de sessões de filme em 3D e em 360 graus, sobre a astronomia. Cerca de 100 alunos da Escola Reunida Municipal Padre Luiz Gonzaga Steiner também participaram da atividade”.

Município Dia a Dia – 19/9/2016

 

No mundo da lua

“Então, pessoal, finalmente chegamos ao último planeta que irei apresentar para vocês”. Até aí, todos prestavam bastante atenção no que dizia o astrônomo, velho e sábio. Todos… menos Carlinhos, é claro, ele sempre vivera no mundo da lua.

Como eu ia dizendo, Carlinhos sempre vivia nesse tal mundinho, mas, hoje, naquele planetário espetacular e naquela aula de astronomia, ele viajara aos mais diversos planetas. Enquanto aquelas outras crianças estavam de olhos bem abertos admirando as diversidades e as curiosidades que o astrônomo dizia, Carlinhos já tinha ido de Júpiter a Plutão, com os olhos fechados, torcendo para que, quando os abrisse, toda sua imaginação se tornasse verdade.

Em sua imaginação, ele corria e saltitava entre os planetas, sua vida, sonhos! Carlinhos gostava muito de astronomia e sonhava em ser astronauta um dia. Já tinha lido até o Pequeno Príncipe, e olha que não gostava de ler nem um pouquinho…

Neste momento, estava em Saturno, indo e vindo por seus anéis, à procura, até mesmo, de uma vida por lá. Via as estrelas e as demais luas, encantava-se cada vez que olhava e se perguntava de onde vinha tamanha beleza.

Queria ele ter a oportunidade de um dia pisar realmente na lua, quem sabe, poder descobrir outros mundos. Carlinhos, na sua viagem lunática, já até teria feito essa proeza de descoberta de outros planetas, mas sabia que aquilo não passava de sua mera imaginação.

Ate que, então, o professor de astronomia dá a chance dos alunos observarem seu mapa de constelações. Carlinhos abriu os olhos e prestou atenção ao máximo, pois, assim, iria aguçar ainda mais suas viagens.

 

Julia Gohr – 15 anos – 1º ano

 

 

 

 

 

A Unidade Básica de Saúde do bairro Águas Claras foi invadida por criminosos na madrugada de segunda-feira, 12, na rua Adelina Debatin. A Polícia Militar foi acionada e, no local, constatou que a janela de um consultório médico foi arrombada. Do interior da sala foram furtados um computador da marca AOC e um estetoscópio. Os policiais lavraram a comunicação de ocorrência (BO-Cop) e orientaram o responsável pela UBS.

Município Dia a Dia – 13/09/2016

 

Povo VS Governo

Agarrei alguns documentos que estavam em cima da mesa. Eles não tinham utilidade para mim. Pensei em levar um aparelho cuja função eu não conhecia, mas de aparência cara que encontrei em uma das salas. Era pesado demais para eu levar. Fiquei de olho em um quadro na parede que mostrava uma paisagem do campo (provavelmente para distrair os pacientes que começavam a perceber como é precária a saúde pública no Brasil. Eu desconfiava ser uma estratégia do governo. Com certeza tinha um quadro daquele em todas as instituições de saúde pública). O quadro continha intenções malignas demais para eu carregar.

Não era meu primeiro roubo, mas eu ainda precisava aprender muito. Me faltavam os princípios básicos para todo assaltante: audácia, esperteza e agilidade, mas eu não me preocupava. Aprendia rápido.

Eu podia estar me tornando um verdadeiro criminoso e, mais tarde, quem sabe, me tornar um assassino em série, abandonando minhas razões nobres em prol do simples prazer de matar. Mesmo assim, insistia em dizer que a culpa não era minha. Talvez da nossa ex-presidente Dilma Rousseff, mas não minha.

Alguns me chamariam de hipócrita por culpar o governo por coisas como essa, mas as pessoas não culpam sempre o governo por tudo? Mas talvez os problemas que o povo vive não sejam culpa da presidência, mas do próprio povo.

O povo elege os candidatos errados e não cobra deles as promessas feitas durante as campanhas eleitorais. Ele é ingênuo porque acredita em palavras bonitas e promessas impossíveis. Ele é ignorante porque vota pensando saber tudo sobre o candidato escolhido. Não exige o que o governo prometeu. É enganado porque se deixa ser enganado.

A sociedade prejudica a si mesma com isso, forçando as pessoas a buscarem formas alternativas de sobrevivência, entre elas, as ilegais. Por isso eu estava, naquela noite, na USB.

Decidi levar um computador (apesar de não ser de uma das melhores marcas) para vender e ver se conseguia pagar o aluguel e um estetoscópio para a minha filha brincar.

Coloquei os objetos na mochila que eu tinha trazido, saí pela mesma janela pela qual entrei e fui embora sem ser visto. Tudo com mais eficiência e facilidade do que no meu último assalto.

Como eu disse, eu aprendia rápido.

 

Julia G. Félix – 15 anos – 1º ano