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Homem de confiança dos prefeitos, Aurinho Silveira atuou em nove governos de Brusque; conheça sua história

Atual chefe de gabinete de Ari Vequi relembra décadas de atuação na política municipal

Aos 85 anos, Aurinho Silveira de Souza coleciona décadas de vivência na política de Brusque. Com atuação em nove governos municipais, exercendo cargos de confiança, ele segue atuando como o braço direito dos prefeitos. Na ocasião atual, do prefeito Ari Vequi (MDB).

Por anos, se instalou ao lado da sala mais cobiçada da prefeitura: o gabinete do prefeito, exercendo, até os dias atuais, o cargo de chefe de gabinete. A sala de Aurinho, localizada à esquerda no pequeno corredor que dá acesso ao gabinete, é por onde passam todos os documentos da prefeitura.

“O princípio fundamental para ser um chefe de gabinete é a confiança. São nove administrações em que todas eu fui convidado, nunca pedi para ser nomeado”, conta Aurinho. Dos nove governos que trabalhou, sendo oito prefeitos diferentes, ele foi chefe de gabinete em seis deles.

Natural de Itajaí, Aurinho entrou para o seminário Sagrado Coração de Jesus aos dez anos. Ele ficou em Rio Negrinho por dois anos e, posteriormente, passou para o seminário em Corupá, morando por quatro anos no Norte do estado. Aos 16, deixou o seminário e passou a estudar Direito na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), se especializando em Direito Administrativo.

Pai de seis filhos, Marcos (já falecido), Márcio, Marcílio, Maurício, Francini e Mirelli, Aurinho foi presidente do Clube Atlético Carlos Renaux e da União Estudantil Brusquense. A vida pública do chefe de gabinete iniciou em 1955, quando começou a trabalhar como professor na antiga escola Henriqueta Medeiros, mesmo local em que estudou. Depois, passou a atuar na escola Santa Terezinha.

Em 1959, foi convidado pelo amigo Ingo Arlindo Renaux para ser secretário da Câmara de de Brusque, atuando nos anos em que antecederam sua entrada na política. Ele cita ainda a importância do ex-vereador João Batista Martins e de Celso Westrupp, o guru das campanhas eleitorais de Brusque, na construção de sua carreira.

“Em toda a minha carreira, se vitórias foram alcançadas e sonhos realizados, tive sempre comigo o reconhecimento, gratidão e respeito a três pessoas: Ingo Arlindo Renaux, João Batista Martins e, em particular, ao meu amigo Celso Westrupp, em que aprendi a pautar, modular e direcionar todos os atos da minha vida”, afirma.

Aurinho foi candidato a vereador em 1966, pelo antigo Partido Social Democrático (PSD). Brusque tinha cerca de dez mil eleitores e Aurinho conquistou 1.012 votos, sendo 10%. Na disputa eleitoral seguinte, apostou na tentativa de reeleição, que se concretizou com um número ainda mais expressivo, de 2.084 votos, agora, 20%, aproximadamente.

Naquela ocasião, os vereadores não recebiam salário para exercer o cargo. “Éramos vereadores por amor a Brusque”, afirma Aurinho. A expressiva votação levou ele a concorrer ao cargo de prefeito nas eleições de 1976. Desta vez, concorreu pelo antigo Aliança Renovadora Nacional (Arena), mas não se elegeu.

De Antônio Heil a Ari Vequi

Aurinho atuou nos mandatos de Antônio Heil, José Germano Schaefer e Alexandre Merico, entre os anos 70 e 80. Ele trabalhou também para os prefeitos Ciro Roza – em 1989 e, depois, em 2001 -, Roberto Prudêncio Neto, José Luiz da Cunha, o Bóca, Jonas Paegle e Ari Vequi.

Derrotado nas eleições de 1976 para Merico, Aurinho foi convidado pelo então prefeito eleito para ser secretário de Administração, mesmo antes tendo sido adversário da campanha que elegeu Merico e Antônio Moser à chefia do Executivo brusquense.

Quando deixou o cargo de secretário de Administração, após o fim do mandato de Alexandre Merico em 1983, Aurinho começou a trabalhar como advogado, até 1988. O afastamento da prefeitura foi temporário, pois, em 1989, recebeu o convite do então prefeito Ciro Roza para ser chefe de gabinete.

A participação no primeiro mandato de Ciro Roza foi rápida. Em 1990, Aurinho foi convidado pelo juiz Carlos Alberto Godoy Ilha para ser assessor do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 12ª Região, em Florianópolis. Por lá, permaneceu por 16 anos e meio, quando retornou para Brusque em 2006.

Então, Aurinho foi convidado novamente por Ciro Roza, que estava em seu segundo mandato, para ser, desta vez, procurador-geral do município. No fim do mandato, voltou a ser advogado. Em 2016, retornou à prefeitura pela terceira vez entre as idas e vindas, convidado pelo ex-prefeito Roberto Prudêncio para ser o controlador-geral do município.

No governo de Bóca Cunha, foi chefe de Gabinete, permanecendo no cargo durante os governos Jonas Paegle e Ari Vequi. Aurinho afirma que tem um bom relacionamento com o atual prefeito e que admira o que classifica como “dedicação” que o chefe do Executivo tem para captação de recursos e melhorias para a cidade, conforme avalia.

“Brusque não tem representantes na esfera nacional e estadual. Então, todos os recursos que a prefeitura consegue, é o Ari que vai para Brasília e Florianópolis para buscar. Tenho muita admiração pela dedicação que ele tem”, elogia.

Guardado na memória

Entre os momentos que classifica como os mais marcantes durante as décadas na prefeitura e os anos no TRT-12, uma das lembranças de Aurinho é do governo de Antônio Heil. Na ocasião, foi feito o calçamento de um trecho no bairro Santa Terezinha, obra iniciada a pedido de Aurinho.

“Quando Antônio Heil foi eleito prefeito, pedi para ele que fizesse o calçamento na rua Santa Terezinha. No dia que ele assumiu, ele colocou a primeira pedra próxima à ponte do bombeiro. Quando ele entregou o mandato, nós estávamos com todo calçamento feito até a igreja do Santa Terezinha”, relembra.

Em relação às mudanças do trabalho com a evolução das tecnologias ao longo dos anos, Aurinho comenta que, antigamente, os recursos que as prefeituras dispunham eram menores do que nos dias atuais.

“Na época do Antônio Heil, nós não recebíamos o ICMS em dinheiro, recebíamos por meio de papéis, que deveriam ser trocados por dinheiro dentro de 90 dias. A prefeitura dependia em trocar os papéis que o governo do estado dava como retorno do ICMS”, relata.

As mudanças na legislação também são apontamentos mencionados pelo chefe de Gabinete. Ele comenta que a fiscalização das autoridades aumentou ao longo dos anos, exigindo maior atenção nas ações.

“Hoje em dia, temos uma fiscalização extremamente severa em cima de nossas ações. Temos que respeitar toda a legislação federal, estadual e municipal, além da cobrança direta da Câmara de Vereadores, dos promotores públicos e do Tribunal de Contas da União. É muita responsabilidade”, diz.

Homenagens que Aurinho recebeu durante a vida pública. Foto: Thiago Facchini/O Município

Dia a dia

O trabalho de Aurinho na prefeitura inicia às 8h, com intervalo para almoço entre meio-dia e 13h30. Às 17h30 é o horário de ir embora. Entretanto, o chefe de gabinete comenta que, quando necessário, fica por mais tempo trabalhando e acaba saindo da prefeitura durante a noite.

“Tudo o que se passa na prefeitura cai em cima da minha mesa. Eu analiso e, dependendo, levo ao prefeito para assinar. O prefeito não assina nenhum documento público da prefeitura sem que eu leve pessoalmente para ele”, conta.

Na rotina diária também estão incluídas diversas reuniões com o prefeito Ari Vequi. Os encontros, na maioria dos casos, acontecem conforme o andamento do dia, sem horário previamente marcado para acontecer, pois depende da demanda.

“Há muitos expedientes que tenho prazo para responder, da Câmara, do Tribunal de Justiça, dos promotores, entre outros, e agendamos as datas para entrada. Estou em contato com o prefeito por cinco, seis, dez vezes ao dia”, detalha.

Na sala em que Aurinho trabalha, ele guarda as homenagens que recebeu durante a carreira. Entre elas, o chefe de gabinete destaca o terceiro grau da Ordem Catarinense do Mérito Judiciário do Trabalho, diploma recebido após anos de atuação no TRT-12 em Florianópolis.

Além disso, recebeu homenagens pelo trabalho na Câmara de Brusque. A homenagem entregue pelo Legislativo brusquense é em alusão à passagem dos 135 anos de instalação da Câmara. Também, no primeiro ano em que foi chamado para ser assessor no TRT-12, recebeu a medalha comemorativa do 10º aniversário de instalação da Justiça do Trabalho de Santa Catarina.

Diploma que Aurinho recebeu pelo trabalho no TRT-12 está na parede de sua sala. Foto: Thiago Facchini/O Município

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