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Homem que matou mulher a facadas na frente de criança é condenado em Joinville

Crime ocorreu em 2021

Um crime cometido com crueldade e na presença do filho da vítima, de um ano e oito meses, em Joinville, teve seu desfecho ao ser julgado nesta quarta-feira, 13. Jhonatan Ferreira de Araujo, denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) por ter tirado a vida de Vanessa de Lima, em 2021, foi condenado em 36 anos, 10 meses e 24 dias de reclusão em regime fechado.

Ele foi condenado por homicídio triplamente qualificado – feminicídio, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. O réu também respondeu por fraude processual, pois tentou encobrir os vestígios do homicídio escondendo o corpo da vítima debaixo da cama, lavando a casa e as roupas, com a intenção de induzir a erro o perito e o juiz.

Ao fim da sessão de julgamento, que iniciou na terça-feira, 12, e encerrou no fim da tarde de quarta-feira, o Juízo da Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Joinville proferiu a sentença. Já pela prática do delito de fraude processual foi definida à pena de três meses e 18 dias de detenção, e ao pagamento de 20 dias-multa, o que equivale a R$ 733,33.

O caso

Conforme consta na ação penal pública ajuizada pela 22ª Promotoria de Justiça, na madrugada do dia 23 de julho de 2021, no bairro Paranaguamirim, Jhonatan assassinou Vanessa de Lima com 14 golpes de faca, principalmente na face e no pescoço, resultando em sua morte. O crime foi cometido na residência em que o réu e a vítima moravam.

A Promotora de Justiça Júlia Wendhausen Cavallazzi, titular da 22ª Promotoria de Justiça, sustentou diante do Conselho de Sentença que “o homicídio foi cometido com emprego de meio cruel, pois o réu esfaqueou a vítima seguidamente, por 14 vezes, com o propósito de lhe impor intenso e desnecessário sofrimento físico. Ela foi atacada, de forma repentina, no ambiente residencial e livre da presença de pessoas que pudessem socorrê-la”.

A representante do MP-SC destacou também que o crime foi praticado na presença do filho de Vanessa, de apenas um ano e oito meses, que morava no mesmo apartamento.

Após o debate entre acusação e defesa, o Juiz-presidente da sessão do Tribunal do Júri convocou os jurados para proferirem os votos. Todas as teses sustentadas pela Promotoria de Justiça foram acolhidas e o réu foi condenado conforme sustentado pelo Ministério Público.

Na decisão, o Juízo manteve a prisão preventiva do réu, o qual teve o direito de recorrer em liberdade negado. Após a sentença, foi adotada a posição do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a decisão do Tribunal do Júri é soberana e aplicou a execução imediata da pena do condenado.

Crime parecido em Blumenau

Jhonatan foi preso em março deste ano pela Polícia Civil, através da Divisão de Investigação Criminal (DIC), por ser acusado de ser o autor de um crime parecido em Blumenau. Ele teria cometido homicídio contra Fernanda Aline Reinard, de 25 anos.

Na época da prisão, segundo o delegado Ronnie Esteves, da Polícia Civil de Blumenau, os dois crimes têm semelhanças. Ambas as vítimas eram mulheres de 25 anos e foram mortas no local onde moravam. O autor do crime deu facadas nas duas. Além disso, os homicídios também têm relações com crimes sexuais.

Conforme a investigação, Fernanda se mudou para a kitnet na manhã de sábado, 9 de março. Ela ficou pouco tempo no local, não conversou direito com os vizinhos, apenas um oi rápido. Em seguida, ela tinha uma confraternização com os amigos do local onde trabalhava, então só voltou para casa de madrugada.

Aline Reinard tinha 25 anos. | Foto: Arquivo Pessoal

“O homem afirmou que viu Fernanda chegando em casa por volta das 2h, e que por volta das 4h30, ele decidiu que iria até a casa da vítima. Segundo o apurado, ele até mandou mensagens para uma mulher, por meio de mensagens no celular, dizendo que iria até a casa da nova vizinha e iria abusar dela. Ele ainda pediu, que caso ele fosse preso, que ela avisasse a família e acionasse um advogado. Até o momento, essa mulher não foi investigada, pois não deu nenhum apoio ao homem, mas não é descartado nada”, conta o delegado.

Ainda, como a investigação mostrou, por volta das 4h45, ele foi até a casa de Fernanda, e entrou pela janela. As câmeras dos vizinhos, embora não mostrassem a casa da vítima, captaram som e mostraram o momento que luzes da parte externa acenderam. Por meio da câmera, foi possível ouvir gritos de socorro de Fernanda.

O homem chegou a confirmar a ação. Segundo o relato, ele entrou na casa de Fernanda pela janela, e trancou a porta da frente. No momento que entrou na casa, a vítima estava dormindo.

Apesar da morte ter sido confirmada por asfixia, com um cabo de energia, o homem também feriu Fernanda com quatro facadas na região do pescoço e ombros, além de ter estuprado ela. Ainda conforme o relato dele, ela tentou resistir aos ataques.

No relato, o homem ainda contou que após o crime, como estava ensanguentado, ele tomou banho no banheiro de Fernanda, pegou o aparelho da TV e voltou para casa. Conforme o delegado, as investigações confirmaram que o homem é o culpado da morte de Fernanda.

Ainda conforme a investigação, o homem tem 28 anos e é natural do Paraná, e morava em Santa Catarina há cerca de dois anos. Ele tinha uma medida cautelar, por conta do crime em Joinville, e algumas medidas para cumprir, que não estava cumprindo. Além disso, ele trabalhava em uma empresa da região.

Investigação e depoimentos

Após a prisão, a Polícia Civil realizou uma coletiva de imprensa, na qual divulgou mais informações sobre a investigação. Durante a coletiva, o delegado Ronnie explicou que logo que a Polícia Civil tomou conhecimento do caso, já iniciou as investigações. Fernanda morava num complexo com seis kitnets.

Para iniciar as investigações, os policiais pegaram imagens de câmeras de locais próximos à casa de Fernanda. Dessa forma, foi possível identificar que o homem suspeito morava em uma das kitnets e era vizinho da vítima. Após identificar quem era o homem, foi descoberto que ele já havia cometido um crime em Joinville, em 2021, contra Vanessa, também de 25 anos.

No dia 20 de março, os policiais foram até o complexo de kitnets para conversar com os moradores, e conversaram com o homem que cometeu o crime. Durante o relato, ele contou para os policiais, que havia ouvido gritos de socorro, mas que achava que a vítima estava tendo relações com o namorado, então não fez nada.

Durante a investigação, os policiais perceberam que a TV da vítima havia sido furtada, então pediram por um mandado de busca e apreensão. Enquanto estavam na casa do homem, investigaram a TV dele e viram que o login do aparelho ainda estava no nome de Fernanda. O homem ainda afirmou que havia comprado a TV há cerca de três meses, mas na delegacia, ele acabou confessando o crime.

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