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Homem que teve 65% do corpo queimado se recupera em casa

Gilson Albino Poepper, 48 anos, ficou 43 dias internado, quando passou por quatro cirurgias

A partir de agora, Gilson Albino Poepper, 48 anos, tem duas datas ao ano para comemorar seu aniversário. Em 14 de maio, o caldeirista sofreu um acidente de trabalho na empresa Latina Têxtil, no bairro São Pedro, e teve 65% do corpo queimado. Poepper foi acender uma das caldeiras da empresa quando houve uma explosão.

Após 43 dias internado, Poepper finalmente ganhou alta do hospital Unimed, em São José, e se recupera em casa. “Foi Deus, as mãos de Dele e as orações da minha família e amigos. Com certeza tenho muita coisa para fazer nessa terra ainda, pois se não fosse isto, não teria sobrevivido. Na verdade, eu nasci de novo”.

O caldeirista permaneceu internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por 30 dias, passou por quatro cirurgias e fez alguns enxertos pelo corpo, especialmente nas mãos, que foram as mais atingidas, e coxas.

Na data do acidente, o Corpo de Bombeiros de Brusque socorreu Poepper, sendo necessário apoio do helicóptero Arcanjo-003, que o conduziu ao Hospital Santo Antônio, de Blumenau, onde ficou por três dias. “Lá peguei três bactérias e tive que ficar isolado. Mas minha esposa e minha filha agiram rápido e pediram a transferência para São José, que tinha mais recursos para queimaduras. A empresa também nos deu assistência”, conta.

A recuperação rápida de Poepper surpreendeu até mesmo os médicos, pois segundo a equipe que o atendeu, para cada 1% de queimadura seria um dia de internação. “Mas consegui me recuperar rápido. Quando saí da UTI foram tirando a sedação e voltei rápido, conseguindo alta após 43 dias no hospital”.

Sonhos e pesadelos
Ele lembra que durante os dias no hospital teve diversos sonhos bons, mas também pesadelos. Entre os lindos que gosta de lembrar é quando sonhou com anjos que estavam próximo a ele, assim como alguns familiares já falecidos e uma criança que ficava um pouco afastada, mas parecia estar feliz. “Não sei se foi realmente um sonho ou eu vivi isso”, diz.

Eles foram muito importantes para mim, com certeza se estou vivo hoje, é porque eles agiram rápido. São realmente heróis

A recuperação em casa está sendo aos poucos, mas Poepper já consegue caminhar sozinho e iniciou as fisioterapias nas mãos, para voltar com os movimentos. “A mão esquerda foi a mais afetada. Os dedos foram todos refeitos com enxertos, acredito que essa não voltará 100%, mas já estou feliz de não ter tido uma sequela maior e, claro, ter sobrevivido”, afirma.

Agora, Poepper acredita que deverá se aposentar, pois não poderá mais mexer com produtos químicos e nem mesmo ficar exposto por muito tempo ao sol. “Além de trabalhar na empresa, eu fazia serviços de jardinagens, o que não poderei mais fazer agora”, diz.

Ação rápida
Do acidente, Poepper se lembra de cada detalhe, mas que prefere esclarecer apenas ao advogado. Entretanto, ele conta que quando houve a explosão na caldeira, agiu rápido para evitar um desastre ainda maior. “Quando vi o fogo vindo em minha direção, virei o rosto para não pegar em meus olhos, foi quando bati a cabeça na caldeira e sofri um corte”, diz.

Quando viu sua roupa em chamas, Poepper ainda conseguiu tirar a calça e a cueca e pediu ajuda a um colega de trabalho para tirar a blusa. Mesmo queimado, ele conseguiu ir até seu armário, arrumar sua bolsa e pediu ao colega para ligar para o Corpo de Bombeiros. “Naquela hora não estava doendo, mas quando o sangue começou a esfriar, comecei a gritar da dor. Depois o médico me explicou que as queimaduras de 1º e 2º grau são as que doem. Já nos lugares em que tive de 3º grau não sentia dor”.

Ele lembra que os bombeiros chegaram rápido na empresa e começaram a jogar soro fisiológico em seu corpo. Em seguida, o paramédico do Arcanjo decidiu sedar e intubar Poepper para que não sentisse mais dor, sendo encaminhado ao hospital.

Corpo de Bombeiros / Divulgação

Homenagem aos socorristas
No início da tarde de hoje, Poepper irá ao quartel do Corpo de Bombeiros fazer uma visita aos socorristas que o atenderam, os quais prefere chamar de anjos. “Eles foram excelentes no que fizeram. A todo tempo me acalmaram, usaram todos os recursos que podiam para me ajudar e tentaram ao máximo me fazer sentir menos dor”, diz.

Durante a visita, Poepper pretende entregar a cada um dos bombeiros uma pequena lembrança para representar a gratidão dele pelos profissionais. “Eles foram muito importantes para mim, com certeza se estou vivo hoje, é porque eles agiram rápido. São realmente heróis”, frisa.

Antes de sair do Hospital Unimed, Poepper também entregou uma singela lembrança à equipe médica e aos enfermeiros que o atenderam.