Hospitais são obrigados a permitir a presença de doulas no parto
Administrador do Azambuja critica falta de recursos do SUS para realização de partos humanizados
Administrador do Azambuja critica falta de recursos do SUS para realização de partos humanizados
O governador Raimundo Colombo sancionou na semana passada o projeto de lei que dispõe sobre a presença de doulas nos hospitais e maternidades de Santa Catarina. Pelo projeto, sancionado sem vetos, as maternidades, casas de parto e hospitais da rede pública e privada ficam obrigadas a permitir a presença de doulas durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, sempre que solicitadas pela parturiente. A lei prevê ainda que não haja ônus nem vínculos empregatícios com esses estabelecimentos de saúde.
Em Brusque, os três hospitais afirmam que já permitem a entrada das doulas quando é solicitado pela gestante. “Nós já fazemos o trabalho de parto humanizado, temos um ambiente preparado para isso, e um médico que trabalha com doulas”, diz a administradora do Hospital e Maternidade de Brusque, Ilse Barboza.
No Hospital Dom Joaquim, a presença da doula também acontece eventualmente. “Temos o serviço de parto humanizado, as doulas não são funcionárias do hospital, temos um médico que faz a utilização do serviço delas. Quando tem este tipo de parto, a doula faz todo o acompanhamento. Temos um ambiente especial para isso”, diz a gerente de enfermagem, Vera Lúcia Civinski.
No Hospital Azambuja, o administrador, Fabiano Amorim, afirma que as pacientes de convênios e particulares já utilizam os serviços de doulas quando querem parto humanizado. No entanto, ele afirma que a aplicação da lei para gestantes do Sistema Único de Saúde (SUS) precisa ser melhor explicada. “Se quiserem implantar este serviço ao SUS, é preciso mandar o recurso. Sou favorável, mas é preciso ver como vai ficar essa obrigação. Uma doula custa quase dez vezes mais do que o cirurgião que faz o parto, então como gestantes do SUS poderão usufruir desta lei, o hospital terá que bancar?”, questiona.
Amorim ressalta ainda que o parto humanizado não se resume apenas a presença da doula. “Tem toda uma preparação, antes, durante e depois do nascimento. Aqui no hospital nós permitimos a presença do pai na sala do parto, deixamos uma quantidade maior de pessoas visitarem , tudo isso é humanização do atendimento”, diz.
O ginecologista-obstetra Paulo Ricardo Soares dos Santos afirma que a legislação é um benefício para as gestantes. “A doula vem para ajudar no parto. Sua presença tranquiliza as gestantes e, inclusive, ajuda a diminuir a incidência de cesárea. O momento que mais estressa a grávida é quando ela fica sozinha durante o trabalho de parto, então, se ela tem o suporte emocional, a presença da doula, que ela conhece e que esteve presente durante toda a gravidez, facilita muito o trabalho dos médicos”, diz.
O projeto de lei 208/13 foi aprovado na última sessão da Assembleia Legislativa de 2015, dia 16 de dezembro, e é de autoria dos deputados Darci de Matos (PSD) e Angela Albino (PCdoB).
A doula
A palavra “doula” vem do grego e significa “mulher que serve”. Sua função é prestar suporte físico e emocional a mulheres antes, durante e após o parto. A doula não substitui os profissionais envolvidos na assistência ao parto, pois não executa procedimentos médicos ou de enfermagem, não interpreta exames e não cuida da saúde do recém-nascido. Também não cabe a ela tomar decisões pela gestante ou questionar condutas médicas.
O que diz a lei: