Hospital Azambuja criará estrutura para viabilizar doação de órgãos
SC Transplantes afirma que moradores de Brusque já podem doar
SC Transplantes afirma que moradores de Brusque já podem doar
O Hospital Azambuja trabalha na criação de uma estrutura para viabilizar a doação de órgãos em Brusque. Hoje, a unidade possui o centro cirúrgico e a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – necessários para o procedimento -, mas não tem uma equipe de profissionais para suporte psicológico para a realização da doação.
Além disso, o hospital precisa fazer o credenciamento no Sistema Único de Saúde (SUS), o que também é demorado. A previsão é que pelo menos seja necessário mais um ano para que o procedimento passe a ser realizado na cidade.
O administrador do Azambuja, Fabiano Amorim, diz que estão trabalhando na viabilização do serviço, porém, destaca que é preciso uma equipe “extremamente preparada” para atuar na situação, já que é um momento muito doloroso para a família do paciente diagnosticado com morte encefálica.
“Estamos nos preparando para isso, conversando com profissionais e pensando na estrutura que contemple uma equipe de suporte psicológico e psiquiátrico para lidar com a família neste momento de perda”, afirma Amorim. “Temos a parte cirúrgica e a UTI, mas o treinamento humano é o principal investimento que temos que fazer”.
Hoje, por não ter condições de fazer o procedimento, o hospital opta por não conversar com os familiares do paciente de morte encefálica sobre a realização de doação de órgãos.
Porém, se for da vontade dos parentes, é necessário apenas comunicar à SC Transplantes – Central de Captação, Notificação e Distribuição de Órgãos e Tecidos de Santa Catarina -, que viabilizará o processo.
O médico e coordenador adjunto da entidade, Rafael Lisboa, explica que não é todo mundo que morre que pode doar os órgãos, apenas quem ter morte encefálica, ou seja, quando o cérebro entra em falência e deixa de funcionar de forma irreversível. “Nesta condição os órgãos podem ser doados e utilizados para transplante”.
Azambuja pode realizar procedimento
Lisboa afirma, no entanto, que o procedimento somente pode ser feito em hospitais que possuam UTI e centro cirúrgico, neste caso, o Hospital Azambuja poderia realizar o procedimento.
“É preciso que haja uma Unidade de Terapia Intensiva, pois o coração para imediatamente com a morte encefálica, mas havendo suporte mecânico, o coração baterá ainda por mais um período, o que possibilita tempo para a retirada dos órgãos”.
O coordenador adjunto explica que quando se abre o protocolo de morte encefálica, o hospital é obrigado a comunicar a SC Transplantes, que faz um procedimento para fazer o diagnóstico da morte encefálica. “É necessário apenas que seja expresso o desejo do paciente de ser doador ou que a família decida por isso e comunique ao médico”, diz Lisboa.
Caso os familiares optem em não fazer a doação, o processo encerra neste momento. Por outro lado, se houver a vontade de conceder os órgãos a outra pessoa, é feita uma entrevista com a família e posteriormente a retirada e distribuição dos órgãos de acordo com a lista de espera.
Em média, desde a autorização dos familiares para a doação até o transplante demora entre 12 a 24 horas.
Lisboa destaca que com o diagnóstico de morte encefálica, devem ser realizadas outras três etapas: dois exames clínicos por médicos diferentes, sendo que um deve ser neurologista e mais um exame de imagem para comprovar que não tem sangue chegando no centro do crânio. Passando por estas fases, o paciente passa a ser um doador legível.
SC Transplantes realiza capacitação
Se o Hospital Azambuja tiver interesse em ter uma equipe que trabalhe especificadamente com a doação de órgãos, a SC Transplantes realiza treinamento.
O coordenador adjunto da central, Rafael Lisboa, conta que a equipe oferece cursos para a capacitação de profissionais.
Ele diz que já houve casos de morte encefálica em Brusque, mas os familiares optaram em não fazer a doação.
Lista de espera
Atualmente Santa Catarina tem o maior índice de doadores de múltiplos órgãos no Brasil. Neste ano, até agosto, já foram realizados 834 transplantes, sendo que a fila de espera, até o mesmo período, era de 546.
SC Transplantes
A SC Transplantes – Central de Captação, Notificação e Distribuição de Órgãos e Tecidos de Santa é uma gerência da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina.
Sua função é coordenar as atividades de transplante em âmbito estadual, centralizando e coordenando todas as ações que envolvam captação e transplante.
Atualmente, são realizados transplantes de: Córnea; Esclera; Coração; Válvula Cardíaca; Fígado; Rim; Pâncreas; Conjugado; Rim/Pâncreas; Medula Óssea Autólogo e Tecido Ósteo-Condro-Fáscio-Ligamentoso.