Hospital Azambuja esclarece informações sobre leitos de UTI para Covid-19
Administrador diz que hospital teria que investir em torno de R$ 1,4 milhão para equipar 10 novos leitos
Administrador diz que hospital teria que investir em torno de R$ 1,4 milhão para equipar 10 novos leitos
O Hospital Azambuja se manifestou nesta quarta-feira, 13, a respeito de informações repassadas pelo secretário de Saúde, Humberto Fornari, durante coletiva de imprensa realizada na terça-feira, 12, relacionadas aos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid-19.
Na coletiva, Fornari informou que no início da pandemia, foi destinado um leito de UTI credenciado para o tratamento exclusivo da Covid-19 no município, porém, segundo o secretário, foi realizada uma reunião com o hospital e, na época, a diretoria optou por não credenciar o leito exclusivo para Covid-19.
O secretário destacou que, mais tarde, o hospital solicitou o credenciamento de leitos exclusivos para Covid-19, no entanto, o governo do estado teria que fazer toda a montagem dos leitos, incluindo os equipamentos, e o hospital entraria com os profissionais.
Em nota encaminhada a imprensa, o Hospital Azambuja informa que a unidade possui atualmente 10 leitos de UTI, sendo que nove possuem o credenciamento para atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, dentre esses nove, um é reservado exclusivamente para o tratamento de pacientes com coronavírus.
De acordo com o hospital, foi encaminhado ofício no dia 7 de abril à Secretaria de Saúde, solicitando o credenciamento de dez novos leitos de UTI junto ao Governo do Estado. Na oportunidade, o Hospital deixou claro que teria condições de disponibilizar equipes médicas e de enfermagem para atuação nos novos leitos, que seriam exclusivos para pacientes com Covid-19, além da estrutura física próxima à atual UTI. Porém, solicitou que o Estado equipasse os leitos com respiradores, monitores e camas, materiais necessários para cada leito. O pedido foi indeferido pelo Governo do Estado.
Durante coletiva de imprensa na tarde de terça-feira, o secretário de Saúde de Brusque sugeriu que o Hospital Azambuja utilizasse o recurso mensal que deve receber da prefeitura, a partir deste mês, no valor de R$ 60 mil, destinados, conforme contrato, exclusivamente para a compra de EPIs e medicamentos para pacientes com Covid-19, para a locação de três respiradores, a fim de montar mais três leitos de UTI na instituição e assim solicitar o credenciamento junto ao Governo do Estado.
“O secretário usou inclusive o exemplo do município de Gaspar, que fez a locação de equipamentos (camas, respiradores e monitores) para dez novos leitos de UTI. Entretanto, no município vizinho, os equipamentos foram locados por seis meses ao custo total de R$ 780 mil, sendo que a Prefeitura de Gaspar será a responsável pelo pagamento, o que equivale a R$ 130 mil mensais, ou seja, não foi um recurso do hospital”, ressalta o administrador do Hospital Azambuja, Evandro Roza.
O administrador diz, ainda, que para equipar dez novos leitos de UTI, o Hospital Azambuja teria que investir, com recursos próprios, o valor aproximado de R$ 1,4 milhão, porém, sem a garantia de o credenciamento junto ao Governo do Estado permanecer após os três primeiros meses, que é o período contratado para o tratamento exclusivo de pacientes com Covid-19.
“Mesmo se tivéssemos recursos disponíveis neste momento, teríamos que montar equipe médica, de fisioterapia e enfermagem para atuar nos novos leitos, cerca de 50 profissionais, que trabalhariam pelo período de 90 dias. Após este período, o hospital não teria nenhuma garantia da permanência do credenciamento desses leitos de UTI para pacientes com patologias diversas, e como consequência, uma insegurança no recebimento do pagamento por parte do Governo. Além disso, com receio de não recebermos nem os primeiros três meses contratados, pois falta clareza sobre este repasse”, alerta Roza.
De acordo com o administrador, o hospital possui mais de R$ 2 milhões a receber do Governo do Estado, por serviços prestados que ultrapassam o contrato mensal, o qual prevê a quantidade de procedimentos e atendimentos que devem ser realizados através do SUS (extra teto).
“Nos causou surpresa a fala do secretário municipal de Saúde de Brusque, quando coloca toda a responsabilidade no Hospital Azambuja pela carência de leitos de UTI para pacientes com Covid-19 no município. Além disso, na fala do secretário a locação ou até mesmo a compra de respiradores e monitores parece ser algo fácil, mas não é. O prazo de entrega dos equipamentos caso seja realizada uma compra hoje, é de seis meses. Para locação, também não há equipamentos disponíveis em larga escala como foi mencionado. Então ficamos muito confusos com trechos da entrevista coletiva concedida, pois não condiz com a atual realidade do sistema de saúde”, ressalta o administrador.
O Hospital Azambuja possui um contrato com a Prefeitura de Brusque, para atendimento mensal de pacientes pelo SUS. Desde outubro do ano passado a instituição negocia um ajuste no valor, necessário para adequações nos honorários médicos, entre outras despesas. Na oportunidade, o negociado seria de mais R$ 150 mil.
Entretanto, com a pandemia do novo coronavírus, a Secretaria Municipal de Saúde decidiu que este valor seria destinado, por seis meses, em medidas para o atendimento de pacientes com Covid-19, como a contratação de mais um médico (R$ 46 mil), a compra de EPIs e medicamentos (R$ 60 mil) e a realização de 500 tomografias por mês (R$ 55 mil). O anúncio destes R$ 150 mil foi feito pelo secretário de Saúde à imprensa no mês de abril, entretanto, o hospital não recebeu ainda nenhuma parcela do recurso.
O Hospital Azambuja também esclarece, que todos os projetos recém realizados na instituição, como reformas na recepção e Pronto Socorro, implantação do setor de Hemodinâmica, entre outras, estão sendo realizadas com recursos exclusivos, grande parte capitaneados com o empresariado local.
“Muitas vezes as pessoas observam o hospital em obras e questionam isso, mas não entendem que são recursos exclusivos para aqueles projetos e prestamos contas disso. Hoje não recebemos qualquer recurso da sociedade civil para custeio do hospital, ou seja, a operação da instituição, como energia elétrica, folha de pagamento dos funcionários, médicos, entre outros”, completa Roza.