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Hospital Azambuja realiza primeira cirurgia para retirada de órgãos da sua história

Doador estava em processo de morte encefálica durante toda a semana

Pela primeira vez em 115 anos de história, o Hospital Azambuja realizou uma cirurgia de retirada de órgãos para transplante.

O doador, Godofredo Mosimann, de 33 anos, teve morte encefálica decretada na tarde de sábado, 28, e a família decidiu fazer a doação do rim, córneas e fígado. Ele sofreu acidente de trânsito no dia 8 de outubro, na SC-108, em Nova Trento.

O hospital acionou a equipe da SC Transplantes, que por volta das 23h45 chegou ao Azambuja para iniciar o processo de explante, que é a retirada dos órgãos.

O administrador do hospital, Fabiano Amorim, afirma que o doador estava em processo de morte encefálica durante toda a semana e foi acompanhado pela equipe médica, até a confirmação. Todos os exames foram realizados e constatou-se a viabilidade da doação dos três órgãos.

A equipe de cirurgia veio de Blumenau e a de enfermagem de Florianópolis. Assim que houve a confirmação da doação, a equipe do SC Transplantes buscou na fila de espera pessoas compatíveis com o doador e as deixou preparadas para a cirurgia que deve ocorrer nas próximas horas, já que os órgãos têm um ‘prazo de validade’.

Amorim não sabe o destino dos órgãos, mas provavelmente, o transplante será feito em Blumenau. “Trabalhamos para que cada vez mais Brusque tenha saúde de excelência. Devemos ter brusquenses na fila para transplante, então porque não dar vida a outras pessoas? Hoje, uma vida deixou de existir, mas três vidas poderão melhorar muito”, diz.

O administrador destaca que a partir de agora, este procedimento deverá ser comum em Brusque e é imprescindível o apoio e a conscientização da sociedade sobre o assunto. “A sociedade precisa entender o quão importante é este processo. Sabemos que a decisão tem que acontecer em uma hora ruim, de muita tristeza e sofrimento, mas é importante parar e pensar sobre o assunto”.

O gestor também afirma que Brusque e região tem um índice de politrauma muito grande, resultantes, principalmente, de acidentes de trânsito, por isso, há potencial para muitas doações. “Temos muitos óbitos por acidentes, as pessoas acabam tendo morte encefálica, por isso, podemos nos tornar uma grande porta de captação de órgãos no estado”.

O procedimento
Para que o hospital possa realizar a cirurgia de explante, basta que se tenha um centro cirúrgico e uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A SC Transplantes – Central de Captação, Notificação e Distribuição de Órgãos e Tecidos de Santa Catarina – auxilia com equipe para cirurgia e no transplante dos órgãos.

Quando há possibilidade de morte encefálica, a família do paciente é comunicada e questionada sobre a doação de órgãos. Se a família autoriza, o paciente é acompanhado pela equipe e passará por uma bateria de exames para saber quais órgãos poderão ser doados.

Assim que a morte encefálica é confirmada, começa uma corrida contra o tempo. O possível doador passa por dois exames clínicos realizados por médicos diferentes, sendo que um deve ser neurologista, e mais um exame de imagem para comprovar que não tem sangue chegando no centro do crânio. Passando por estas fases, o paciente passa a ser um doador legítimo.

Após ser considerado apto para doação, a SC Transplantes é comunicada e inicia a busca pelo paciente compatível com o doador para receber os órgãos. Em média, desde a autorização dos familiares para a doação até o transplante demora entre 12 a 24 horas.

Lista de espera
Atualmente, Santa Catarina tem o maior índice de doadores de múltiplos órgãos no Brasil. Neste ano, até agosto, já foram realizados 834 transplantes, sendo que a fila de espera, até o mesmo período, era de 546.