Hospital de Brusque é o primeiro do estado a ter equipamento de videocirurgias 4K
Primeiro médico que utilizou sistema explica como funcionam as videolaparoscopias
Primeiro médico que utilizou sistema explica como funcionam as videolaparoscopias
O Imigrantes Hospital adquiriu um novo equipamento para realizar videocirurgias, trata-se de uma torre de videocirurgia com tecnologia 4K. O equipamento chegou na quinta-feira, 12, e no mesmo dia foi realizada uma gastroplastia, também conhecida como cirurgia bariátrica. O hospital é o primeiro do estado a ter esse equipamento.
O responsável por utilizar a máquina pela primeira vez foi o cirurgião do aparelho digestivo, João Alfredo Diedrich Neto. Ele realizou uma cirurgia bariátrica por videolaparoscopia.
O hospital é o primeiro a ter a torre disponível em tempo integral em suas instalações. Anteriormente, para usar o equipamento era necessário uma empresa instalar os aparelhos para o procedimento, que depois eram levados.
Conforme a gerente de operações do hospital, Fernanda Rodrigues, já foram realizadas duas cirurgias utilizando o equipamento, a última ocorreu nesta segunda-feira, 16, na área de urologia.
Ela enfatiza que o investimento visa melhorar a estrutura do hospital, as condições de trabalho dos médicos e, consequentemente, o atendimento que é entregue ao paciente. “O equipamento está a disposição de todos os cirurgiões que queiram utilizá-lo”, enfatiza.
Fernanda também destaca que junto com o novo equipamento foi adquirido um bisturi eletrônico, que pode ser utilizado em todas as cirurgias e atende todas as especialidades. Para o próximo ano, o hospital afirma que existe uma lista de planejamento para novos investimentos.
As cirurgias videolaparoscópicas começaram a se desenvolver na década de 70 e 80. O objetivo do procedimento é ser menos invasivo e, consequentemente, não fazer um grande corte no abdômen do paciente.
Para realizar a videolaparoscopia é feito um pequeno corte na barriga onde será inserido o trocater, que é um cano que possui uma válvula por onde passarão os equipamentos. “Ele é um portal. Através dele eu coloco a câmera e as pinças de vídeo. Ele tem uma válvula para evitar que saia ar”.
Além disso, é colocado CO₂ medicinal (dióxido de carbono) no abdômen do paciente para inchar a barriga. Com isso, os médicos conseguem visualizar todo o interior da barriga e realizar a cirurgia com nitidez. “Quando eu coloco a câmera e não tem CO₂ dentro eu não consigo ver nada, porque não tem espaço, um órgão fica em cima do outro. Quando entramos no abdômen temos que inflar ar para conseguir ver”, pontua.
Ele também afirma que geralmente as cirurgias que utilizam esse equipamento são mais rápidas. Ao finalizar o procedimento, o que restou de CO₂ no corpo do paciente é aspirado.
Segundo o médico, com esse método o paciente tem benefícios estéticos, não tem dor no pós-operatório e pode voltar às atividades normais com mais rapidez. “Uma cirurgia convencional, que fazemos por meio de um corte, às vezes o paciente leva dois meses para voltar ao trabalho. Por vídeo, eventualmente, ele consegue voltar em 15 dias”, diz.
O método pode ser utilizado para várias cirurgias abdominais como apêndice, vesícula, bariátrica, pâncreas, câncer de estômago, intestino, hérnia, entre outras. O equipamento também pode ser utilizado em procedimentos torácicos. Por ser menos invasiva, o tempo de recuperação da cirurgia é mais rápido.
O cirurgião explica que geralmente seus pacientes recebem alta após 24 horas ou 48 horas que estão internados no hospital se recuperando. O médico utiliza o protocolo chamado fast track, que proporciona uma rápida recuperação ao paciente.
Ao comparar a cirurgia tradicional com a videolaparoscopica, o cirurgião explica que a cicatriz do pós-operatório é o fator mais comentado. As cicatrizes são pequenas e às vezes são imperceptíveis. O médico também afirma que são utilizados alguns truques para atenuar as marcas, como, por exemplo, fazer a incisão do trocater no umbigo ou em alguma mancha ou pinta. “Fica uma cicatriz, mas ela é bem menor do que a tradicional”.
No entanto, ele diz que não é apenas a questão estética que tem diferença, mas a dor no pós-operatório, além de diminuir o uso de medicações, o paciente fica internado por menos tempo no hospital.
Ele também destaca que cirurgias com cortes muito grandes podem causar complicações ao paciente. Uma delas é a hérnia incisional, que ocorre no local onde foi feita a incisão. “Tem complicações relacionados com o corte grande também, não só estética ou o tempo de duração”.
Em relação aos preços, o médico diz que os valores entre as cirurgias são parecidos, mas como a pessoa usa menos remédios e fica menos tempo internada, o preço é compensado.
Neto diz que anteriormente as cirurgias de videolaparoscopia eram realizadas com equipamentos com qualidade de imagem inferior. Com a tecnologia 4K, os médicos têm melhor nitidez do local onde será realizado o procedimento.
“Esse material é tão legal que conseguimos ver mais do que se abríssemos a barriga. Conseguimos enxergar coisas que não veríamos por magnificação de imagem ou efeito de zoom”, declara.
Ele afirma que com os equipamentos anteriores é possível realizar a cirurgia, mas com o novo material a nitidez proporciona a visibilidade de cada vaso sanguíneo e órgão.