Hospital de Guabiruba depende de doações e rifas para terminar o ano no azul

Unidade precisou recorrer a uma rifa para conseguir pagar funcionários

Hospital de Guabiruba depende de doações e rifas para terminar o ano no azul

Unidade precisou recorrer a uma rifa para conseguir pagar funcionários

A Associação Hospitalar de Guabiruba, que administra o único hospital da cidade, depende de doações e rifas para conseguir fechar as contas no fim do ano. Sem recursos para custear despesas com a manutenção dos equipamentos, a associação recorreu a um antigo método para angariar dinheiro: uma rifa. Com isso, R$ 30 mil extras entraram para o caixa da instituição, que com isso conseguiu deixar o balanço financeiro no azul, segundo a diretora Roseli Kohler.

Roseli diz que atualmente a despesa com pessoal e com tributos é de R$ 103 mil mensais. O valor é integralmente coberto pela prefeitura de Guabiruba – que é a única fonte fixa de recursos. Acontece que neste ano houve um ajuste na carga horária dos médicos e isso onerou mais o hospital. Para conseguir pagar 13º salário, fazer a manutenção dos equipamentos e da estrutura e comprar alguns produtos para a cozinha, a saída foi a rifa. “Se não fosse a rifa, estaríamos no vermelho”, diz Roseli.

Mensalmente, são gastos cerca de R$ 2,5 mil na manutenção e na aquisição de materiais de limpeza e produtos para a cozinha do hospital. Este dinheiro não está previsto no repasse da prefeitura e depende de outras fontes de verba – que neste ano foi a rifa.

Dívidas

A Associação Hospitalar de Guabiruba não possui mais dívidas com o INSS ou com o Fundo de Garantia dos funcionários, garante Roseli, porém a história já foi muito diferente. Em 2013, a instituição passou por uma forte crise financeira e burocrática. Segundo informações do então diretor administrativo, Jeremias Maciel, desde 2009 a unidade acumulou dívidas com INSS e Fundo de Garantia. Chegou, inclusive, a ficar fechada para o atendimento externo por falta de recursos.

A solução encontrada por Maciel e pelo prefeito Matias Kohler foi a municipalização do hospital. “Hoje, não temos mais nenhuma dívida com o INSS ou com o FGTS, conseguimos quitar tudo”, diz Roseli. De acordo com ela, no último ano a instituição conseguiu quitar os débitos que se acumulavam desde 2011. Atualmente, além das despesas fixas de pessoal, manutenção e compras de suprimentos, Roseli diz que o hospital possui apenas uma dívida com o governo do estado que foi parcelada em 23 vezes de R$ 598,00; as sete primeiras prestações já foram pagas, afirma a diretora.
Mais verba

Até o mês de agosto a prefeitura de Guabiruba repassava R$ 85 mil ao hospital. A maior parte deste dinheiro é utilizado pagar a equipe médica contratada pela Associação Hospitalar. Os médicos que atendem na unidade não são servidores, eles fazem parte da R3E Serviços Médicos. Roseli explica que são 17 profissionais de Brusque que se revezam para atender no hospital. “Quando um não vem, eles mandam outro. Sempre temos cinco ou seis”, diz.

Esta foi a alternativa que a administração escolheu para evitar a falta de médicos. “Antes, tínhamos muita dificuldade de conseguir médicos”, afirma. Todos os profissionais são clínicos gerais.

Roseli diz que até o meio do ano o horário de atendimento era das 8h às 14h de segunda a sexta-feira e das 6h às 24h nos fins de semana. A partir dos segundo semestre o período de atendimento foi ampliado: das 14h às 24h durante a semana e fins de semana e feriados das 6h às 24h. Esta ampliação se refletiu no número de pessoas atendidas diariamente. Em junho, eram 25, em novembro subiu para 52. “Com a demanda muito grande, tivemos que aumentar a carga horária dos médicos. Falamos com a Secretaria de Saúde e houve o aumento no repasse”, diz.

Para o ano que vem o prefeito Matias Kohler diz que o valor de R$ 103 mil será mantido. Houve uma reunião com os médicos da R3E Serviços Médicos, a administração do hospital e a prefeitura na qual foram acertadas as bases para renovação do contrato em janeiro. No entanto, Kohler diz que o poder público não tem como se comprometer em repassar mais. “Temos outras áreas e, infelizmente, não podemos centralizar tudo no hospital”, afirma.

Outro reajuste que será feito para o ano que vem é com relação ao plantão noturno. O prefeito afirma que um estudo mostrou que o número de atendimentos entre 0h e 6h é muito baixo. Por isso o Hospital de Guabiruba será fechado ao público nesse período. “Este dinheiro que economizaremos repassaremos para o Hospital Azambuja, que entendemos ser uma referência na região. São cerca de R$ 15 mil”, explica.
Planejamento de 2015

Roseli diz que já está planejando uma nova campanha para angariar fundos para o hospital em 2015: será um bingo. “Vamos fazer o bingo para conseguir dinheiro para passar o ano”, conta. O plano B da a diretora para caso o bingo fracasse é uma rifa, e o C, um pedágio.

“No momento, não temos intenção de colocar mais especialidades ou ampliar”, afirma a diretora. O hospital está buscando convênio com o governo estadual para conseguir mais recursos, mas as tratativas estão paralisadas, segundo Roseli.
Atendimentos

De acordo com dados do Hospital de Guabiruba, 12.254 guabirubenses passaram pelo serviço de urgência. Os números mostram o aumento exponencial. Para a diretora, isto é reflexo da ampliação do horário de atendimento. “A maioria das pessoas realmente precisa vir até aqui”, afirma ela. Os procedimentos mais realizados são simples, como aplicações de injeção (4.102), aferição de pressão (4.731) e administração de medicação (6.098).

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