IGP utiliza técnicas de investigação curiosas para identificação de crimes

Uma das técnicas é o uso do luminol, que identifica a presença de sangue invisíveis ao olho nu

IGP utiliza técnicas de investigação curiosas para identificação de crimes

Uma das técnicas é o uso do luminol, que identifica a presença de sangue invisíveis ao olho nu

A cena de um crime pode esconder diversos detalhes que, muitas vezes, somente a ciência consegue revelar. Para isso, é necessário um trabalho investigativo bastante minucioso, especialmente por parte do Instituto Geral de Perícias (IGP). O órgão é o responsável por contar uma versão fidedigna da história para as pessoas que não estavam presentes no local no momento em que ela ocorreu e, assim, subsidiar a Justiça quando alguma situação precisa ser elucidada.

Durante as investigações, os profissionais utilizam técnicas e instrumentos de trabalho forenses que, às vezes, lembram séries de ficção, mas são realidade na rotina de perícias realizadas na região.

Um dos produtos utilizados quando há suspeita de violência física, e também o mais curioso, é o luminol. A substância química é capaz de fazer aparecer traços de sangue até então invisíveis a olho nu. O produto é mais utilizado em casos de homicídios, ou crimes muito violentos, e brilha na cor azul ao entrar em contato com o ferro, presente na hemoglobina do sangue.

O perito criminal Álvaro Augusto Mesquita Hamel explica que, mesmo que o local onde ocorreu o crime tenha sido lavado, independente do produto químico de limpeza utilizado, o luminol conseguirá identificar vestígios de sangue. Em Brusque, o IGP sempre tem um kit de 500 ml, de reserva do produto, que é preparado por um perito de Balneário Camboriú.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Para a substância reagir, é necessário que o procedimento ocorra em um local com ausência total de luz, tanto natural como artificial. Às vezes, aparecem pontos muito pequenos, que acabam sendo impossíveis de fotografar, mas nesses casos, a palavra do perito já basta para a confecção do laudo.

O luminol só é utilizado nos casos em que o sangue não é aparente e impossibilita coletar do local para mandar ao laboratório para fazer o DNA e identificar se é da vítima. Segundo Hamel, quando a cena do crime é o banco de um automóvel, é recortado um pedaço do estofado para mandar ao laboratório.

O perito ressalta que a substância química reage positivamente na presença de sangue, seja humano ou de animal. Por isso, apenas com o luminol não é possível afirmar que seja da vítima. “É necessário colher todos os vestígios encontrados na cena do crime, e é ainda melhor quando há sangue aparente, para coletar e comprovar com o DNA”, diz.

O dia a dia

Embora os casos envolvendo homicídios ganhem mais repercussão, a equipe do IGP está envolvida no trabalho diário de identificar também autores de furtos, veículos adulterados, numeração de arma de fogo, e relatar as causas de um acidente de trânsito.

Para isso, utilizam diversos métodos, como coleta de impressão digital, nos casos de furto. O perito Hamel conta que o material é encaminhado para o perito papiloscopista, de Balneário Camboriú, que tenta encontrar 11 pontos de fragmentos de impressão digital. Essa quantidade é a mínima necessária para comparar com o banco de dados e garantir confiabilidade do resultado. Após isso, o perito manda a digital para o banco de dados para tentar localizar o autor no estado de Santa Catarina, pois o sistema não é interligado aos de outros estados do país.

Caso o banco de dados do estado não possua, o autor é descrito como “pessoa desconhecida”. “Quando o autor cometer outro crime e for preso, serão colhidas as digitais e aparecerá que ele já está no banco de dados por outro crime cometido. Então aumenta as provas contra a pessoa”, comenta.

Nos casos de estupro, é colhido o DNA deixado na vítima, para identificar o autor e também comprovar o ato carnal.

Quando o IGP é acionado para crimes com disparo de arma de fogo, consegue identificar o trajeto do disparo, e também a distância. Os homicídios de trânsito, quando violentos, também passam pelo IGP, onde é coletado o sangue e urina, para comprovar se era caso de embriaguez ao volante. O exame toxicológico somente é utilizado em casos específicos, devido ao alto custo.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Para a identificação veicular ou de arma de fogo, quando a numeração é raspada pelos criminosos, existe também um reagente químico, semelhante ao luminol, que auxilia na identificação.

O perito Hamel salienta que, para a resolução exata em todos os casos atendidos pelo IGP, é muito importante o trabalho em parceria com as polícias Civil e Militar, além do Corpo de Bombeiros, para coletar o máximo possível de informações. “Na região temos muita ajuda dos órgãos e, na maioria das vezes, temos laudos muito precisos das ocorrências”, afirma. O IGP de Brusque atende os seis municípios da Agência de Desenvolvimento Regional (ADR), sendo Brusque, Guabiruba, Botuverá, Nova Trento, São João Batista e Major Gercino.

PERITOS (Copy)

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo