Igualdade às avessas
Desde que a ideia de igualdade passou a ser figurinha carimbada no discurso político, sobretudo após a Revolução Francesa, a agenda política nunca mais foi a mesma. Para que a igualdade pretendida como princípio pudesse se efetivar nas condições mínimas de vida dos cidadãos, nasceram as leis trabalhistas e os códigos especiais que defendem a criança ou o consumidor.
A política de cotas do governo parte do mesmo princípio: garantir direitos especiais a grupos historicamente discriminados. Isso até que poderia servir se houvesse políticas públicas para resolver efetivamente o problema. Este certamente não é o caso. A política de cotas está criando nichos de privilégios racistas e ferindo um princípio fundamental da justiça: que cada um receba conforme seu mérito. A “cotalização” dos espaços públicos cria uma nova nobreza, que basta se declarar descendente de alguma etnia “discriminada” para ocupar a vaga de quem tirou nota maior no concurso. No caso dos indígenas, o tema é ainda mais grave, com desapropriações de grandes extensões de terras para meia dúzia de indígenas ou pretensos descendentes deles, gerando uma miríade de problemas para as populações desalojadas.
Vejo com péssimos olhos essa exacerbação de cotas e “bondades”. Isso tende a, além de criar privilégios ilegítimos, nivelar por baixo a qualidade do serviço público, o que já acontece com as universidades. Enquanto isso, a escola pública, que é o meio eficaz para igualar as oportunidades, se sucateia a cada ano. Para compensar, instituem-se cotas e despenca o nível de exigência, desestimulando os bons e estabelecendo uma igualdade medida pela ponta de baixo da tabela. É como a política econômica dos países socialistas, que acaba com a desigualdade econômica tornando todos miseráveis.
Embora, como humanos, tenhamos a mesma dignidade e gozemos dos mesmos direitos fundamentais, somos muito diferentes. Temos talentos diferenciados e disposição maior ou menor para o esforço e para as renúncias que nos garantirão um prêmio maior no futuro. O Liberalismo, como teoria política e econômica, me parece o melhor modo de tratar a natureza humana como ela é de fato. É preciso dar oportunidades iguais no início, e deixar que a competição revele os méritos e dê os frutos correspondentes. No mais, é papo furado de socialista. Aliás, não é de se estranhar que a liberdade individual seja o primeiro bem tolhido pelas ditaduras comunistas. Afinal, para que os medíocres governem é preciso que os bons sejam impedidos de se destacar.