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Igualdade e diferença humanas

Com frequência se escuta ou se lê: é preciso lutar e conseguir a igualdade entre o homem e a mulher. A mulher tem que superar sua submissão ao masculino e afirmar com todas as suas energias o feminino. Tem que assumir o seu “poder” e sua “individualidade” e conquistar, de fato, sua igualdade ao homem […]

Com frequência se escuta ou se lê: é preciso lutar e conseguir a igualdade entre o homem e a mulher. A mulher tem que superar sua submissão ao masculino e afirmar com todas as suas energias o feminino. Tem que assumir o seu “poder” e sua “individualidade” e conquistar, de fato, sua igualdade ao homem em tudo, para sentir-se livre. Será que é, por aí mesmo, o caminho da libertação da mulher? Será deste modo que se constrói o relacionamento construtivo entre homem e mulher? Será essa mesmo a igualdade que possibilita a superação dos preconceitos e as desigualdades?

Certamente, não! Porque esse caminho desfigura, desumaniza, despersonaliza a mulher. “Desfeminiliza” o feminino. Então, qual é a igualdade desejada e que, verdadeiramente, dá a mulher o lugar que lhe é próprio na construção da humanidade e da cultura. Por isso quando se luta para a igualdade entre homem e mulher é necessário especificar o que se entende por “igualdade”. É preciso distinguir. Igualdade enquanto ser humano, entre homem e mulher, então estamos falando de dignidade e de direitos, a resposta é, sem dúvida, um “sim”. Estamos falando da igualdade ontológica, como se diz em filosofia. Essa igualdade temos que buscar sempre e ser reconhecida e promovida incessantemente.

Outra coisa é a igualdade física, psicológica, sociológica, aqui, a resposta é inegavelmente um “não”. Aqui, temos que reconhecer que somos diferentes. E é justamente essa diferença que possibilita autêntico relacionamento e com ela a própria condição humana e sua perpetuação. Essa diferença dá possibilidade de recíproca abertura e complementariedade que abrem o caminho para a realização e aperfeiçoamento de ambos, completando-os. Superando, portanto, qualquer atitude de submissão forçada ou doentia e opressão despersonalizante. É claro que essa postura é uma conquista custosa. Mas, é o caminho para buscar a complementariedade e completude, superando a sutil ideia de que homem e mulher são adversários, competidores e irreconciliáveis. Essa mensagem subliminar veiculada, com frequência, é que gera desconfiança, rivalidade, competição, incompatibilidade recíprocas que podem se transformar em opressão e incompatibilidades.

Não podemos ignorar ou desconsiderar a complexidade da realidade humana, em sua expressão masculina e feminina, com a multiplicidade de dons, de defeitos, de desejos, de comportamentos, de sonhos diversos. Nenhum ser humano, homem ou mulher, é autossuficiente. Necessitamos um do outro para a complementação e aperfeiçoamento que tragam autêntica satisfação de viver. É justamente a igualdade ontológica (dignidade e direitos) e as diferenças física, psíquica, sociológica que fazem do homem ser homem e fazem da mulher ser mulher, capazes de desenvolver suas potencialidades humanas próprias ao longo de toda a sua vida. Afirmar essa diferença nada tem a ver com o machismo. É, ao contrário, o caminho mais seguro para vencer o machismo e afirmar a autêntica libertação da mulher.

Portanto, não é a Cultura que nos “faz homem” ou “faz mulher” (como propõe a “ideologia do gênero”), mas o reconhecimento das diferenças, afirmando a igualdade ontológica e promovendo as condições necessárias para que homem e mulher possam desenvolver suas potencialidades, complementando-se e completando-se mutuamente. Com efeito, não são adversários e autossuficientes. Conseguem se auxiliar na construção da felicidade, porque são iguais e, ao mesmo tempo, são diferentes.