Imobiliárias e construtoras tentam reverter mudança no preço máximo para financiamento de imóveis em Brusque

Alteração prevê que preço máximo passe de R$ 145 mil para R$ 130 mil

Imobiliárias e construtoras tentam reverter mudança no preço máximo para financiamento de imóveis em Brusque

Alteração prevê que preço máximo passe de R$ 145 mil para R$ 130 mil

A partir do ano que vem, quem pretende utilizar o financiamento do programa Minha Casa, Minha Vida do governo federal para comprar um imóvel em Brusque terá de encontrar construções que custem até R$ 130 mil – R$ 15 mil a menos do que os R$ 145 mil exigidos atualmente. A mudança, efetuada pelo Ministério das Cidades, desagrada imobiliárias e construtoras do município.

O órgão federal alterou as regras para todas as cidades do país. Como base para o novo cálculo, foi levado em conta a população de cada município. Ou seja, os cerca de 125 mil habitantes de Brusque farão com que o valor máximo do imóvel financiado no município seja de R$ 130 mil.

Para Valter Orlandi, coordenador do Núcleo de Construtoras da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), a mudança prejudicará tanto as construtoras quanto os compradores.

“O construtor vai parar de construir ou vai desenvolver um produto que consiga se encaixar nessas faixas de preço, automaticamente o imóvel vai ficar mais simples. Hoje, com R$ 145 mil são vendidas casas geminadas”, diz.

Com R$ 130 mil, avalia o corretor de imóveis Alex Hasse, a tendência é de que a construção de casas geminadas diminua e o mercado migre para os apartamentos.

“Eu vendo bastante apartamento entre R$ 130 mil e R$ 145 mil, dependendo da metragem. Geralmente são dois quartos e tem cozinha e sala conjugados”, explica Hasse.

Para o corretor, a mudança não vem “em boa hora”, sobretudo porque o valor da mão de obra e da matéria prima é muito alto.

“Muitos construtores que trabalham com essa linha de crédito da Caixa Econômica Federal vão deixar de construir. Até mesmo deve baixar a procura por casas geminadas e sobrados. Esse tipo de imóvel não vai dar para construir. Será mais viável investir em apartamentos”.

Compras

A mudança, que deverá valer a partir do dia 2 de janeiro de 2017, ainda não refletiu na procura atual por imóveis. Segundo Hasse, a informação da alteração de valores chegou há cerca de 15 dias.

“Não deu tempo de o pessoal que têm interesse em comprar ficar a par disso. Os corretores e também as centrais de financiamento foram pegos de surpresa. Todo mundo está apreensivo”, afirma.

Assim como os colegas, o corretor de imóveis José Luis Ambrosi também desaprova a mudança. Para ele, o mercado tende a desacelerar ainda mais com a alteração.

“O mercado já está difícil esse ano, isso só vai desacelerar mais ainda. Certamente essa mudança é ruim”, afirma o corretor. “Não tem lógica. Hoje qualquer sobrado já está R$ 140 mil. A tendência é encolher mais ainda os imóveis”, completa.

Manifestação

Um grupo de cerca de 200 pessoas de Brusque, Guabiruba e Botuverá, entre proprietários de construtoras e apoiadores, mobilizam-se atualmente contra a mudança. De acordo com Claiton Frazzon Costa, proprietário da Construtora CR, a ideia é fazer com que a alteração não entre em vigor a partir de 2 de janeiro.

“Colocar em vigor a partir de 2 de janeiro é um espaço muito curto para todo mundo se adequar. Prejudicará não só as construtoras mas também as lojas de materiais de construção, a mão de obra, e até o próprio cliente final, pela dificuldade do financiamento”, explica.

Um passo importante contra a medida será dado amanhã na Câmara de Vereadores de Guabiruba. Representantes do grupo, além do superintendente regional da Caixa Econômica Federal e do deputado federal Esperidião Amin, estarão presentes no encontro.

Enquanto isso, o vereador de Brusque, Jean Pirola, manifestou-se na sessão da Câmara de ontem, dizendo que a mudança vai tirar do mercado mais de 80% dos construtores que atuam na linha de crédito do Minha Casa, Minha Vida.

“Mais de 300 imóveis que estão em fase de construção não serão concluídos até o dia 1º de janeiro. E os construtores não sabem o que fazer por causa das mudanças de regras”, afirma o vereador.

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