Nas palavras de Dênis Diderot, grande escritor francês, “a imortalidade é uma espécie de vida que se adquire na memória dos homens”. Diderot foi um dos primeiros autores que fez da literatura um ofício, sem esquecer que, antes de tudo, era um filósofo e não um literário. Sempre se preocupou com a natureza do homem, tendo sido um grande admirador da vida. E você, como quer ser lembrado? Que imortalidade está produzindo?
Vivemos como se fosse para sempre. Quando crianças e adolescentes, acreditamos que temos o mundo inteiro pela frente, e muitas vezes agimos de forma inconsequente e até irresponsável. Mas na criança e no jovem se tolera muita coisa. São as inconseqüências típicas daquela fase da vida. Porém, o tempo passa e a pessoa se transforma em adultos. Mas muitos chegam à velhice com a mesma atitude inconsequente e irresponsável. Esquecem de crescer e ignoram que suas ações e palavras têm impacto sobre o núcleo familiar, sobre o coletivo, sobre a comunidade, sobre um município e, muitas vezes, até sobre uma nação inteira. E, pior ainda, é quando vemos isso na área pública, nos ditos “representantes do povo”.
O ano de 2016 já ‘bate à porta”, estamos em pleno período pré-eleitoral a nível municipal. É chegada a hora de observar atentamente nossos futuros candidatos aos cargos eletivos, pois eles já estão “dando as caras”. Em tempos de campanha (ou pré-campanha), é comum encontrarmos “candidatos a candidatos” frequentando funerais, eventos e festas…parece até confete! É um tal de dar a mão, abraçar, sorrir e cumprimentar para cá e para lá, não interessa se é conhecido ou estranho…afinal, cada pessoa é um possível eleitor e tudo se resume a um teatro coletivo.
É uma pena, mas infelizmente temos muitos políticos profissionais. A título de exemplo, há vereadores que, mesmo em tempos de “vacas magras” sequer consideram discutir a redução do subsídio (salário) pois dependem dele para viver. Alegam que precisam desempenhar a função em tempo integral. Esquecem que, antes de serem vereadores, são cidadãos comuns. O cargo de vereador é compatível com o desempenho de outras atividades profissionais, principalmente em cidades pequenas. Segundo a Constituição Federal de 1988, as principais funções do vereador são: elaborar a Lei Orgânica do Município; fiscalizar e julgar as contas do Executivo e legislar sobre assuntos de interesse da população do município. Ou seja, dá para continuar a exercer outras funções simultaneamente ao exercício do cargo de vereador.
A pergunta é: quantas pessoas estão dispostas a exercer o cargo de vereador recebendo apenas subsídio simbólico, ou nem recebendo nada, tal qual um presidente de associação de bairro, por exemplo? É sabido que não ocupamos um cargo por sermos bons ou ruins, não se trata de um teste de bondade ou de inteligência. Às vezes, somos conduzidos a um cargo não por sermos o melhor, mas por que se acreditou que, naquele momento, o nosso nome seria a melhor opção.
E quanto a você: qual é a sua disposição, vontade de aprender e servir ao público, doando suas horas de descanso e lazer pela comunidade? Talvez você seja um ótimo líder de bairro, na igreja ou na escola e nunca tenha considerado a possibilidade de se candidatar a um cargo eletivo. Ou, caso tenha considerado, é possível que as pessoas mais próximas lhe tenham dito: você não serve para isso, é honesto e certinho demais.
Pois eu lhe digo: é de você que precisamos. Do honesto. Do certinho. Do ético. Do integro. Do disposto a se doar pela comunidade. De pessoas que estejam capacitadas e que fazem a diferença. De pessoas que tenham clareza de como querem ser lembradas e que não se corrompam com o poder. Que não esqueçam suas origens, que não esqueçam o povo que estão representando, que somem ao invés de dividir e que tenham consciência da imortalidade que estão produzindo, sem esquecer que, antes de tudo, são cidadãos e não políticos.