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Impasse nos valores dificulta abertura do Centro de Tratamento Pós-Covid em Brusque
Hospital Dom Joaquim negou proposta apresentada pelo Comusa
Um impasse entre o Hospital Dom Joaquim, a Secretaria de Saúde e o Conselho Municipal de Saúde (Comusa) tem dificultado a abertura do centro de tratamento pós-Covid em Brusque.
A divergência ocorre nos valores propostos para dar início ao trabalho no município. O Hospital Dom Joaquim propôs para a secretaria determinado valor para poder oferecer o serviço no município.
A proposta precisa passar pela análise do Comusa, que considerou o valor elevado e fez uma contraproposta, reduzindo o valor que seria destinado ao hospital em 70%. Com isso, a administração do Hospital Dom Joaquim negou a possibilidade de oferecer o serviço em Brusque.
“Estamos desde agosto fazendo reuniões e negociando a abertura do centro pós-Covid. Apresentamos várias propostas para a secretaria, as mais enxutas possíveis, tentando englobar todos os serviços, mas com o valor proposto pelo Comusa fica inviável”, diz o administrador do Hospital Dom Joaquim, Raul Civinski.
De acordo com ele, o valor proposto pelo Comusa não é suficiente nem para cobrir os custos com os médicos principais que atuariam no serviço, por isso, o hospital decidiu não aceitar a proposta.
“Queremos oferecer um serviço de qualidade, para ajudar a população neste momento, mas também não posso comprometer a saúde financeira do hospital. Não queremos abrir o centro só para dizer que tem e não oferecer o que as pessoas precisam de verdade”, afirma.
O que diz o Comusa
O presidente do Comusa, Júlio Gevaerd, afirma que a proposta encaminhada ao Hospital Dom Joaquim para a abertura do centro pós-Covid é viável, já que o hospital tem recebido valores do governo federal destinado para o tratamento de pacientes com Covid-19, mas não realiza esse atendimento.
“É um dinheiro que já receberam. Não tem sentido a Secretaria de Saúde colocar mais esse valor em cima. O hospital já recebe do governo federal para tratamento da Covid, mas eles fazem só o primeiro atendimento, depois encaminham para o Hospital Azambuja. Na nossa avaliação, não é necessário”, diz.
Ele esclarece ainda que o Comusa é apenas um órgão consultivo e orientativo.
“O que a gente passou foi uma orientação nesse sentido. Se a secretaria resolver que tem que dar, pode dar. O Comusa orienta. Se a secretaria entender que tem que ser feito, que faça”.
Reunião nesta semana
O secretário de Saúde, Humberto Fornari, afirma que a prefeitura não vai desistir de abrir o centro pós-Covid no município. Por isso, nesta semana deve convocar os representantes do Hospital Dom Joaquim e do Comusa para uma nova reunião sobre o assunto.
“A ideia é chamar os representantes e formatar uma nova proposta, ver o que pode ser feito. A gente entende a importância desse serviço. A população não pode ficar sem. Como paciente pós-Covid eu sei da necessidade, eu mesmo precisei de serviços especializados. A ideia é fazer uma nova conversa às claras para que todas as posições sejam apontadas e possamos sair com um acordo”.
O centro
O objetivo principal do centro de tratamento pós-Covid é atender pacientes com sintomas persistentes pós-infecção aguda pela Covid-19, como dificuldade para respirar e realização de esforços, fácil cansaço, dores musculares, fraqueza, alterações cardíacas e de humor, e depressão.
O serviço será formado por equipe de saúde multiprofissional envolvendo várias especialidades, com pneumologista, cardiologista, cirurgião vascular, clínico geral, equipe de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos.
A previsão inicial da prefeitura era de que o serviço funcionasse de setembro a janeiro.