Incertezas e aprendizagens
E cá estamos nós, confinados em nossos lares, aguardando a pandemia passar. É claro que enquanto isso estamos antenados no que está acontecendo. Recebemos informações das mais variadas fontes, dos mais diversos meios. Mas a cada nova informação o grau de incerteza só aumenta.
Mesmo nas informações simples, como o número de casos positivos e até de mortes não há certeza. Estima-se que o número de infectados possa ser dez vezes maior do que o divulgado, conforme admitiu o chefe da Defesa Civil da Itália, Angelo Borrelli. Já os cientistas americanos estimam que o número real de casos pode ser de 5 a 30 vezes maior que o divulgado.
Em relação à letalidade do vírus também há disparidades. Numa rápida consulta ao Google você pode achar taxa de letalidade de 1,5%, 3,0%, 3,4%, 4,37% dependendo da data da publicação e da fonte. A geografia e estratégia de enfrentamento também impactam, indo de uma taxa perto de zero na Alemanha a 7% de letalidade na Itália.
Dentro destas taxas a outra polêmica que se estabelece é qual o percentual de letalidade por faixa etária. Segundo a OMS, para as pessoas com idade entre 70 e 79 anos a taxa é de 8% e acima de 80 anos, 15%. Mas estes números variam de acordo com local e, contrariando a ideia de que a pandemia atinge somente os mais velhos, na cidade de Nova York, metade dos infectados tem entre 18 e 44 anos.
A gravidade da situação exige integração, comunicação, união e solidariedade para enfrentar a pandemia e nos reerguermos
Em relação à prevenção, em linhas gerais, temos orientações de cuidados com a higiene e interações sociais. Nem por isso deixam de imperar as fake news, garantido que se usar este ou aquele produto evita o contágio, se colocar cebola nos cantos da casa resolve, e assim por diante.
Neste contexto nosso foco se volta para as autoridades e suas ações e novamente as posições divergentes prevalecem. Enquanto o presidente da República entende que a pandemia é uma “gripezinha” e que não se deve restringir a movimentação de pessoas, os governadores entendem que o problema é grave e que o isolamento ainda é necessário, criando assim um embate.
Mas estas divergências não acontecem só no Brasil e diferentes atitudes são tomadas no mundo. Enquanto na Holanda não há confinamento, o Brasil integra os dois terços da população mundial que está em quarentena e a China anuncia o fim do confinamento.
Sabemos que se trata de um novo vírus, mas não sabemos ao certo como e que intensidade ele vai reagir. O Brasil terá uma situação extrema como Itália ou será terá poucas mortes como Alemanha? Esta dúvida é campo fértil para todo tipo de teoria e especulações.
Se colocar a questão econômica nesta equação as variações serão ainda maiores e nem sempre precisas. Os extremismos vão aflorando, alimentandos pelos efeitos do confinamento e o sentimento de impotência diante da situação. Cada qual está colocando embaixo do braço a teoria que melhor se encaixa no seu ponto de vista, sustentada pelo fulano de Harvard ou ciclano de Stanford, ou de qualquer outro “especialista” de plantão que defende a sua verdade como absoluta.
A grande questão é que estamos tendo que lidar com uma situação que não conhecemos. A cada dia precisamos aprender com ela, replicando o que está dando certo e eliminando o que não funciona. Este processo de aprendizagem a ação precisa ser praticado com humildade, com união, com segurança.
Brusque é um bom exemplo disso. Desde o início há uma união entre a sociedade organizada, forças de segurança e o poder municipal, discutindo e buscando as melhores práticas no combate à epidemia. Talvez por isso até hoje não tenhamos nenhum caso confirmado de coronavírus.
O fato de já temos passados por tantas crises e calamidades públicas nos deixa mais preparados para reagir neste momento. Entendemos que a gravidade da situação exige integração, comunicação, união e solidariedade para enfrentar a pandemia e nos reerguermos. Neste sentido os passos que estão sendo dados por aqui são firmes e assertivos.
Juntos vamos derrotar o vírus.