X
X

Buscar

Indústrias de Brusque reduzem sódio dos produtos alimentícios

Duas das empresas do setor diminuíram cerca de 40% do mineral da linha de alimentação

Desde que o Ministério da Saúde e a Associação das Indústrias da Alimentação (Abia) firmaram acordo para a redução de sódio em alimentos processados, em 2011, as indústrias brusquenses vem diminuindo gradativamente o sódio dos seus produtos.

Leia também: Moradores de Brusque conduzirão tocha olímpica em Blumenau e Gaspar

A Indústria e Comércio de Gêneros Alimentícios Limoeiro Ltda, que utiliza o nome fantasia Treep’s e vende salgadinhos, batatas e pipocas, já reduziu em cerca de 40% o sódio nos produtos. O proprietário João Sebastião de Souza conta que a mudança foi feita gradualmente. “No primeiro processo reduzimos 20%, depois mais um pouco e recentemente chegamos aos 40%”.

Ele afirma que o sal é um dos vilões da saúde, responsável por ocasionar hipertensão. “Eu particularmente sou anti sal e mesmo já tendo recebido algumas ligações de consumidores falando que falta sal em alguns dos nossos produtos, sabemos que é necessária essa redução”, diz Souza.

Na Bilu Indústria de Alimentos o processo de redução de sódio iniciou em 2014. Na batata a redução foi de mais de 50%. Antes havia cerca de 4,5 miligramas num pacote. No salgadinho, a diminuição chegou a 40% e deve diminuir ainda mais.

José Luiz Cerqueira, responsável pelo setor de Desenvolvimento e Marketing na Bilu, diz que a medida é “hiper correta”. Ele conta que a indústria iniciou o processo de revisão completa de todas as matérias-primas, em todos as linhas de produtos, sem perder o sabor. “Nosso lema é manter o aroma e o paladar dos brasileiros com a redução extrema do sódio. Essa é uma das nossas bandeiras no desenvolvimento dos produtos”.

Cerqueira ainda afirma que o sal é colocado nos alimentos para realçar o sabor. No entanto, segundo ele, é possível formular um produto saboroso e também saudável. “Esse é o desafio e conseguimos com a tecnologia alimentar manter a sensação agradável na degustação e oferecer uma alimentação saudável ao consumidor”.

Mudança de hábito

A nutricionista e técnica de Educação em Saúde do Sesc de Brusque, Geisa Franceschini, explica que o sódio ocasiona retenção hídrica no organismo, responsável por problemas renais. Além disso, ela afirma que o excesso do mineral também gera hipertensão, uma das doenças mais comuns, principalmente em idosos.

A nutricionista acredita que o acordo apenas é benéfico se houver uma mudança nos hábitos alimentares. “A medida é positiva e pode trazer benefícios, porém, não é a solução se não existir uma mudança, uma reeducação alimentar”.

Redução de quase 15 mil toneladas

Em quatro anos, a retirada de sódio dos produtos alimentícios foi de 14.893 toneladas. A meta é que, até 2020, as indústrias do setor promovam a retirada voluntária de 28.562 toneladas de sal do mercado brasileiro.

Na primeira etapa do acordo, assinado em abril de 2011, a meta era a redução de sódio em massas instantâneas, pães de forma e bisnaguinhas. Nesta fase, 1.859 toneladas de sal foram retiradas dos alimentos.

Em outubro de 2011, na segunda etapa, a retirada de sal aconteceu com batatas fritas, salgadinhos, bolos e misturas para bolos, maionese e biscoitos. A diminuição foi de 5.793 toneladas. Na terceira etapa do acordo, assinado em agosto de 2012, a redução foi em temperos, caldos, cereais matinais e margarinas vegetais, no qual até 2015, tiveram uma moderação de 7.241 toneladas de sal nos alimentos.

Já na quarta fase, assinada em novembro de 2013, a redução de sódio destinou-se para empanados, queijo mussarela, sopas, requeijão cremoso, hambúrguer e embutidos, como linguiças e salsicha. Os resultados dessa etapa deverão ser apresentados até o fim deste ano.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revela que em 2014, 94,5% das 22 empresas pesquisadas já haviam alcançado a meta da terceira etapa e traziam essa informação nos rótulos.

Consumo de sódio

O brasileiro consome uma média de 12 gramas de sódio todos os dias. O valor é quase o dobro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de menos de 5 gramas por dia.