Infectologista explica o que é a febre maculosa e quais as chances de Brusque registrar casos da doença
De acordo com médico, Santa Catarina registra casos menos graves devido ao tipo da bactéria encontrado no estado
De acordo com médico, Santa Catarina registra casos menos graves devido ao tipo da bactéria encontrado no estado
Nas últimas semanas, a febre maculosa registrou dezenas de casos em vários estados, como São Paulo, Minas Gerais, inclusive com mortes. A doença é causada pela bactéria Rickettsia transmitida através da picada do carrapato.
Geralmente as picadas ocorrem nos braços e pernas, mas isso não exclui a possibilidade de encontrar picadas do carrapato em outras partes do corpo. Os sintomas são semelhantes a outras doenças infecciosas e incluem febre, dor no corpo e mal-estar.
De acordo com o médico infectologista da Secretaria de Saúde de Brusque, Ricardo Alexandre Freitas, a febre é o primeiro sintoma, dando origem ao nome da doença. A suspeita de um paciente acometido pela doença ocorre através do quadro clínico e também pelo histórico de onde a pessoa estava.
“A pessoa tem que nos avisar e nós temos que fazer perguntas para saber onde ela esteve nos últimos 10 ou 15 dias”, comenta.
O infectologista afirma que o contágio não é semelhante a Covid-19, pois a transmissão ocorria por via aérea e uma pessoa transmitia para a outra. Já a transmissão da febre maculosa ocorre após pela picada do carrapato, que é o principal vetor responsável pela transmissão.
De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC), no Brasil, o principal vetor da febre maculosa é o carrapato-estrela, que é encontrado especialmente em capivaras.
O especialista alerta que a doença não está restrita apenas a Campinas (SP) onde foram registrados os primeiros óbitos da doença neste ano. Segundo Ricardo, a doença é universal, mas tem mais ocorrências em países tropicais.
“Ela se distribui de forma uniforme no Brasil. Temos no Brasil duas formas de bactéria e uma seria mais agressiva do que a outra. A que nós convivemos no Sul do país é um pouco menos agressiva”, explica.
De acordo com o especialista, Brusque e região podem registrar casos da doença. “Temos capivaras, temos áreas de mata, temos pessoas que circulam nessas área, então temos tudo próprio para causar a doença. Felizmente, a bactéria que temos na região não é tão agressiva assim. A possibilidade de mortalidade existe, mas já é mais remota”, comenta.
Ainda segundo a Dive, duas espécies da bactéria estão associadas aos quadros clínicos da doença, sendo a Rickettsia rickettsii, que leva ao quadro de febre maculosa brasileira considerada a doença grave, registrada no Norte do estado do Paraná e nos estados da região Sudeste; e a Rickettsia parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica, como no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará, produzindo quadros clínicos menos graves.
Até 14 de junho, a Dive havia registrado 18 casos da doença em Santa Catarina, mas não há registro de óbito em decorrência da febre maculosa visto que a bactéria encontrada no estado é a que gera quadros clínicos menos graves. Em 2022, o estado contabilizou 41 casos da doença.
O órgão ainda alerta que os sintomas da doença são febre, cefaleia, mialgia intensa, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos, exantema máculo-papular (acometendo principalmente região palmar e plantar), linfadenopatia; e escara de inoculação (lesão no local onde o carrapato ficou aderido).
As internações dependem de cada caso, conforme explica o infectologista, mas ele ressalta que os casos mais graves ficam internados para receberem medicamento intravenoso, ou seja, direto na veia. “Na grande maioria, quando diagnosticada precocemente, o tratamento via oral já é eficaz”, decreta.
O especialista comenta que o tempo de contágio da doença varia de dois a 14 dias, ou seja, entre o dia que ela se expõe ao risco e até o período que ela pode ter uma manifestação clínica da doença por conta do contágio. Após o diagnóstico, estima-se que em uma semana ocorra o desfecho clínico do paciente, quando bem tratado.
Ricardo recomenda que as pessoas evitem exposição em regiões de mata e o contato com animais silvestres. “Se não for possível, dentro de quatro horas após você ter o contato, recomenda-se que você procure no seu corpo se não há nenhum carrapato preso na pele para que você possa extirpá-lo antes que ele possa macular a doença”.
O infectologista também orienta que as pessoas façam uso de repelente e de roupas que cubram todo o corpo quando for se expor em uma área de mata nativa ou ter contato com o animal silvestre, visto que a possibilidade de pegar o carrapato é maior.
“Comunidade usa sino para espantar tempestades no Lageado Alto: