Infectologista faz projeção da Covid-19 e influenza para os próximos dias em Brusque e região
Ricardo Freitas avalia cenário local e mundial da pandemia e comenta sobre o surto da gripe neste início de ano
Ricardo Freitas avalia cenário local e mundial da pandemia e comenta sobre o surto da gripe neste início de ano
O ano começou com piora nos números da Covid-19, somado com aumento expressivo na demanda de pacientes com síndrome gripal em Brusque. De acordo com o médico infectologista, Ricardo Alexandre Freitas, o cenário é o resultado após muita aglomeração de pessoas, como nas praias.
“A gente sabia que isso iria acontecer. Os números da nossa região são bons, e as pessoas se sentiram confortáveis a se exporem ao risco maior. O número de pessoas vacinadas não chegou ao que queríamos e a vacina da gripe foi completamente esquecida no ano passado e em 2020, dois anos de pandemia”, diz.
Em relação ao coronavírus, um comparativo entre os dados do dia 27 de dezembro, quando a cidade tinha 67 casos ativos, com o do dia 7 de janeiro, quando somava 162, aponta piora no cenário.
Já sobre a gripe, hospitais e unidades de saúde passaram a registrar filas de pacientes em busca de atendimento. “Foram dois anos que perdemos o contato com o vírus da gripe, com o uso de máscara, por exemplo. Quando tiramos a máscara e vamos no meio de muitas pessoas é claro, pra mim, que teríamos contato, ainda com pessoas não vacinadas”, aponta.
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Para ele, o número de gripe deve ficar estabilizado após a segunda semana do mês de janeiro. Já em relação a Covid-19, a situação deve estabilizar somente em fevereiro, quando os números devem ficar parecidos com os divulgados no início de dezembro.
“Conhecemos o coronavírus e ele fica um pouco mais de tempo diluindo na população. O número de casos ativos tem sido muito maior entre pessoas não vacinadas. Em Brusque, cerca de 40 mil pessoas não se vacinaram. Essas pessoas estão mais expostas ao vírus”, destaca.
Para o mês, Ricardo projeta que o município terá em torno de 20 novos casos confirmados de coronavírus por dia. Contudo, ao longo do tempo, Ricardo acredita que os números vão diminuir. “Estamos em um momento de piora em número de casos, mas não de internamento. As pessoas estão procurando atendimento por terem sintomas, mas não temos alto número de gravidade”, pondera.
Sobre a influenza, o infectologista projeta que teremos um alto número nesta próxima semana. Porém, o médico ressalta que a preocupação é com o carnaval.
“Mesmo que não tenhamos uma cultura carnavalesca, as pessoas vão voltar a se aglomerar e poderemos ter esse aumento de casos logo após o feriado. Inclusive da gripe. A expectativa é que a vacina que englobe a Darwin esteja disponível em março. Portanto, as pessoas ainda não vão estar protegidas”, alerta.
Ricardo avalia o seguimento das regras sanitárias pela população. Para ele, muitos relaxam nos cuidados em momentos cruciais. “É difícil, quando o governo liberou o uso de máscara na rua é claro que é para quando você está sozinho na rua. Quando você está ao lado de outras pessoas, é óbvio que deveria usar máscara. Na praia a mesma coisa e as pessoas não respeitaram. Foi um desrespeito às regras sanitárias”, comenta.
De olho no cenário mundial da Covid-19, o infectologista avalia a situação da Ômicron no continente europeu. Para ele, a Europa começou cedo a vacinação, mas demorou na aplicação da terceira dose, o que impactou no aumento de casos com a nova variante.
Em comparação com o Brasil, a imunização começou mais tarde, o que impactou no agravamento da pandemia no primeiro trimestre de 2021. “E nós pagamos o preço por isso, mas logo em seguida nós fizemos uma terceira dose da vacina. O nosso enfrentamento da Ômicron é diferente da europeia, os números estão baixos, é possível que passemos bem em relação a variante”, diz.
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Segundo Ricardo, os especialistas acreditam que deve acontecer um esgotamento natural do vírus, pois é possível que todos sejam infectados em algum momento.
“O que a vacina faz é dar tempo e diminuir caso de gravidade. Ela dá tempo para a saúde mundial atender todo mundo. A vacina protege da mortalidade e dos casos graves de UTI, a exposição natural ao vírus é que traz o esgotamento, a chamada imunização de rebanho. Mas quando isso vai acontecer? Eu não sei dizer”, comenta.
Entretanto, para o infectologista, é difícil que em 2022 teremos uma vida normal. “É uma pandemia mundial. As pessoas precisam estar alertas, pois a influenza também existe. Elas precisam se vacinar, inclusive as pessoas mais vulneráveis, como os idosos, obesos, hipertensos”, orienta.
“O movimento de cuidado do coronavírus tem que se manter durante o ano todo. Não acredito que consigamos sensibilizar mais do que já fizemos. Temos que manter as orientações como temos hoje, como o uso de máscara, higienização das mãos, uso de álcool gel, até que o mundo inteiro esteja em uma situação melhor. No Brasil, estamos vacinando a terceira dose, mas há continentes inteiros sem vacinação. O mundo precisa parar e pensar de forma coletiva”, finaliza.
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