Inflação: preço dos alimentos em Brusque sobe 109% em três anos; veja comparação
Levantamento exclusivo de O Município pesquisou o preço de 22 itens praticados em 2019 e 2022
Levantamento exclusivo de O Município pesquisou o preço de 22 itens praticados em 2019 e 2022
Não é de hoje que o preço dos alimentos tem pesado no bolso e no orçamento dos consumidores. A cada ida ao supermercado, é inevitável a comparação com os valores que eram praticados pouco tempo atrás.
Na prática, o aumento é bastante significativo. Em Brusque, alguns itens tiveram aumento de mais de 100%, 200% e até 300% em comparação com 2019. Os números são resultado de levantamento exclusivo realizada por O Município, com base em preços praticados pelos supermercados da cidade ao longo de 2019.
Foram pesquisados 22 produtos que tiveram seus preços divulgados no jornal de janeiro a dezembro de 2019, antes da pandemia da Covid-19.
Com base nos valores encontrados nas edições do jornal, foi feita a média de preço de 2019 de cada item, e os mesmos produtos e marcas foram pesquisados na tarde desta terça-feira, 24.
Em 2019, ao comprar os 22 itens da lista, o brusquense gastaria uma média de R$ 158,96. Atualmente, para comprar os mesmos 22 produtos, o morador de Brusque precisa desembolsar R$ 332,29. Uma variação de 109%.
Entre os itens que compõem a lista estão arroz, feijão, carne, leite, legumes e verduras, que fazem parte da alimentação básica das famílias.
De acordo com o levantamento, as maiores variações de preço nestes dois anos foram do arroz, leite, açúcar, óleo de soja, ovo, queijo, batata, tomate, cebola, além da costela e da coxa/sobrecoxa de frango.
Um litro de leite, por exemplo, custava em média R$ 2,17 em 2019. Hoje, o preço do litro do leite está em R$ 4,59, um aumento de 111%.
O óleo de soja teve uma variação de 217% entre 2019 e 2022. Há dois anos, a média de preço era de R$ 2,93. Atualmente, o valor é de R$ 9,29.
O quilo do queijo mussarela também teve um salto nestes dois anos. Saiu de uma média de R$ 18,94 em 2019, para R$ 49,97.
Entre os itens pesquisados, a maior variação foi a da batata. O legume saiu de uma média R$ 1,49 o quilo, para R$ 5,98, uma diferença de 301%.
O professor de Economia, Finanças e Contabilidade do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Edmundo Pozes, explica que o país tem passado por uma inflação geral, que se intensificou após a pandemia da Covid-19.
“Houve uma repressão grande da demanda e agora que tudo está voltando ao normal, as pessoas estão voltando à rua, tem mais procura do que oferta. Este é um dos motivos”.
De acordo com ele, o principal problema enfrentado pelo Brasil hoje é a chamada inflação inercial, que é o que tem gerado o aumento tão grande de preços, principalmente no caso dos alimentos. O mesmo ocorreu em outras épocas do país.
“O comerciante aumenta porque vê que toda semana o preço dos fornecedores tem aumentado. Ele aumenta espontaneamente sem uma razão, preocupado por que quando o fornecedor chega, o mesmo produto já está com outro preço. Então fica reajustando para não ficar no prejuízo. Isso acaba elevando a inflação”.
Além disso, o economista ressalta influência de acontecimentos externos, como a guerra da Rússia, por exemplo, e também o fato de que a inflação está alta em todo o mundo. “A inflação fechou em 12,13% nos últimos 12 meses, e a tendência é subir. Percebe-se um desequilíbrio político na condução econômica do Brasil, o que também é um ponto importante. Temos que reconhecer que temos problemas”, diz.
O economista afirma que não tem como fugir do aumento dos preços, já que a alimentação é uma necessidade básica e, por isso, é onde a inflação é mais sentida. Uma recomendação, de acordo com ele, é aproveitar os dias de promoções que os supermercados costumam fazer durante a semana, para comprar itens específicos com preço um pouco menor.
“Hoje é muito comum os supermercados fazerem a quarta das frutas, sexta das carnes. O consumidor pode aproveitar essas promoções. Outra coisa é fazer a pesquisa de preços nos estabelecimentos, mas com a questão do preço dos combustíveis, acaba ficando mais complicado também”.