Bruno da Silva/O Município

Bruno da Silva
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As escolas têm um papel essencial na conscientização ambiental, ensinando os alunos, desde cedo, a importância do cuidado com o meio ambiente. Em Brusque, a utilização responsável e o reaproveitamento de água estão em evidência e é uma prioridade em unidades como a EEF Edith Krieger Zabel, conhecida como escola de campo da Cristalina, e o CEI Tia Laura, no Águas Claras.

As duas escolas mantêm uma cisterna que armazena água e é utilizada para atividades pedagógicas, mas essa estrutura é apenas um símbolo para o objetivo principal, que é conscientizar.

Diretora do CEI Tia Laura, que atende crianças de 4 e 5 anos, Liliana Valle ressalta que a preocupação sobre o uso da água é constante. Durante a Semana da Água, várias atividades foram desenvolvidas com os estudantes, mas isso está incorporado no cotidiano pedagógico.

“São com essas formas lúdicas que conseguimos transmitir esses ensinamentos até para as famílias. A escola se compromete com isso. Temos relatos de pais que já disseram que os filhos chamaram a atenção para economizar a água lavando a louça, escovando os dentes”, conta. A escola mantém uma cisterna com capacidade de armazenamento de 5 mil litros de água da chuva.

CEI Tia Laura tem cisterna com capacidade de armazenar 5 mil litros de água da chuva | Foto: Bruno da Silva/O Município

Além dos alunos, a escola também tem uma preocupação de conscientizar os funcionários. “Reforçamos a utilização com parcimônia de produtos de limpeza, que pode aumentar o uso indevido de água”.

Liliana acredita que, se as crianças incorporarem os ensinamentos, uma mudança mais profunda pode ser o resultado. “Se formos conscientes e passarmos às crianças, ela vai levar essas boas práticas para frente. Não se resume apenas a Semana da Água, é uma prática da escola. Ficamos sempre atentos e precisamos de mais. A água engloba todo o meio ambiente, todas as ações de sustentabilidade acabam influenciando.

Escola utiliza reaproveitamento de água para fazer plantio

A escola de campo da Cristalina, que tem uma estratégia pedagógica mais voltada ao contato com a natureza, sustentabilidade e agricultura, promove diariamente vivências relacionadas à vida rural e tem uma disciplina específica, Ciências 2, além de trabalhar também em contraturno eventualmente.

A utilização da cisterna foi pensada como um espaço para que as crianças e as famílias pudessem entender que é algo acessível. Quando foi instalada, há cinco anos, contribuiu também para suprir a falta de água, e atualmente é uma ferramenta pedagógica essencial.

“Temos tudo montado para trabalhar como a água é captada e eles percebem que não é um bicho de sete cabeças, é simples”, destaca a diretora Elaine Petermann. “Usamos para ensinar, lavar as mãos, dar de beber aos animais e conscientizar que é possível utilizar em casa. Vejo como algo simples, mas, ao mesmo tempo, não sabemos até onde isso chega. A criança está ali, vendo como funciona, que é possível utilizar a água da chuva. Seria interessante ter algo ainda maior, que essa água fosse usada nos banheiros, por exemplo, mas acredito que já faz a diferença”.


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Além da pequena cisterna, a escola trabalha com as crianças o método de aquaponia, que é o cultivo integrado de peixes e plantas baseado na recirculação de água e nutrientes em um sistema fechado. Em um primeiro momento, a escola não utilizava os animais e os nutrientes que vêm deles, mas comprava em agropecuária.

“Decidimos ousar. Era algo novo, difícil de encontrar vídeos explicando. Mas encontramos um vídeo caseiro e decidimos fazer, usando os peixes”.

A água fica em um circuito fechado para cultivar as hortaliças. Os nutrientes vêm dos dejetos de peixe, que têm tudo que uma planta precisa para crescer. A escola tem uma caixa d’água com peixes, que são alimentados com ração, e os dejetos são levados com um motor, abastecido por uma placa solar. A água vai passando pela raiz, e a planta vai crescendo. A própria raiz da planta também limpa a água, que volta para a caixa. “Em cerca de 25-30 dias, já temos alface para colher”, conta.

Alface plantado com a técnica de aquaponia está pronto para ser colhido em cerca de um mês | Foto: Divulgação

A diretora conta que alunos e pais já incorporaram a proposta da escola e que o método valoriza as características da localidade, além de contribuir para um futuro mais sustentável.

“São várias habilidades que podem ser trabalhadas sem sair do conteúdo que o professor trabalha, mas sim agregando. É muito mais interessante sair da teoria e ir para a prática. Mesmo morando no meio rural, vejo que a questão do plantio se perdeu em muitas famílias. Queremos manter isso. As crianças já sabem, estão aqui desde bebê. Eles nem perguntam mais como são feitos os processos. O retorno é bem positivo dos alunos e famílias. Alguns inclusive moram no meio urbano e querem que eles estudem na Escola de Campo para terem essas vivências”, relata.


 

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