Insatiable é uma série ruim?
Antes de ser lançada pela nossa Netflix de todo dia, a série Insatiable foi alvo de muito ódio preliminar. Teve até abaixo-assinado para que ela fosse cancelada antes mesmo de sua estreia.
A razão? Gordofobia. Segundo os que lançaram o “movimento”, a série não tratava com dignidade sua personagem principal, uma adolescente obesa que perde peso ao ser agredida e quebrar a mandíbula, sendo obrigada a ficar três meses sem comer sólidos.
Repare: esse repúdio aconteceu a partir do anúncio e dos trailers da comédia, antes que qualquer pessoa tivesse acesso aos 12 episódios de sua primeira temporada. Estou sendo muito cínica se achar que foi uma ação de marketing disfarçada de rejeição? Não duvido.
Talvez, se não tivesse acompanhado a polêmica, eu não teria tido a curiosidade de dar o play em seu primeiro capítulo. E ter sido agradavelmente surpreendida. Insatiable só vai ser boa para quem gosta de humor ácido e não faz questão de personagens bem divididos entre mocinhos e vilões. A protagonista, que devia ser a vítima da história, é insegura e vingativa. Seu “salvador” é narcisista e egocêntrico. Todos os personagens têm um lado avesso. Todos têm motivações questionáveis. Ainda bem.
O que precisamos, neste momento confuso do mundo, é de diversidade. Uma dose de cinismo aqui, uma pitada de fofura ali, crítica e distopia aos montes acolá. Tem que ter de tudo, para que nossos neurônios sejam desafiados a sair da tal zona de conforto, o maior pecado contemporâneo.
Experimente Insatiable, sem conceitos prévios. Tire suas próprias conclusões sobre se ela trata o preconceito com pessoas gordas, bullying e assuntos correlatos de forma justa ou não. E tenha o prazer de encontrar na série rostos conhecidos como o de Alyssa Milano (uma das bruxas de Charmed, lembra?) e o de Dallas Roberts (aí ao lado), um daqueles atores que “conhecemos de algum lugar”, mas dificilmente lembramos pelo nome. Entre mil outros trabalhos, ele era o irmão de Alicia Florrick em The Good Wife. Lembrou?