Instalação de reservatório do Samae de Brusque preocupa moradores do Azambuja
Eles temem que estrutura danifique as propriedades ao redor
Eles temem que estrutura danifique as propriedades ao redor
Um reservatório com capacidade para 500 mil litros de água instalado no bairro Azambuja está preocupando os moradores da região. A estrutura começou a ser montada na rua dos Xaxins em dezembro e está próxima de um barranco e o medo da população é que ela ceda.
Segundo o repórter Pedro Paulo Angioletti, que mora no terreno mais baixo ao lado da caixa d’água, o muro da sua casa rachou quando o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) fez o teste para encher o reservatório.
Angioletti afirma que entrou em contato com o Samae, que culpou as chuvas recentes na cidade pelo problema, mas conta que trouxe dois engenheiros para analisar a situação e que eles explicaram que foi a estrutura da caixa d’água que causou as rachaduras.
O diretor da Defesa Civil, Carlos Alexandre Reis, e alguns outros agentes estiveram vistoriando a caixa d’água nesta segunda-feira, 27, mas informaram não quiserem dar nenhuma declaração.
Posteriormente, por meio da Secretaria de Comunicação, o órgão informou que vai realizar um laudo.
“Encaminharemos um ofício ao Samae e a empresa responsável pela obra, para que apresentem os projetos e laudos. Posteriormente, iremos nos posicionar e trazer a tranquilidade a toda a população. Essa análise deve levar cerca de 15 dias. Durante este período iremos solicitar ao Samae para que não utilize o reservatório para garantir a tranquilidade da população, pois em um primeiro momento o reservatório não mostra nenhum risco, por não haver nenhuma rachadura”, explica o diretor.
A empresária Luciana Caroline Genghini Canela, que mora no local há dois anos e meio, lembra que a população ficou esperançosa quando a construção iniciou, já que a falta de água é uma situação constante no bairro, mas que o sentimento se transformou em preocupação pela magnitude da estrutura em um local aparentemente frágil.
Os moradores que estiveram no local acompanhando a vistoria da Defesa Civil afirmam que nenhuma consulta a eles foi feita antes do início da obra. Também não foram instaladas no local placas informando qual seria a empresa e engenheiro responsáveis, e o valor da construção.
Advogado aposentado, Gerson Antonio Knihs formalizou uma denúncia no Ministério Público sobre a obra. Knihs relata que entrou em contato com o Instituto Brusquense de Planejamento (Ibplan) na sexta-feira, 24, e que eles não souberam informar se a obra tinha licenciamento para construção e execução.
Ele também afirma que conversou com a Defesa Civil, que informou que não teria poder para embargar esta obra. Knihs diz que Ibplan e Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema) confirmaram que enviariam algum representante para a vistoria, o que não ocorreu.
“A gente não sabe se a base que eles fizeram é suficiente. Estão brincando com a nossa vida. Eu classifico isso como uma tamanha irresponsabilidade do Samae”, acrescenta.
Segundo Knihs, a prefeitura e o Samae não fizeram nenhuma divulgação desta obra nas redes sociais. “Ninguém avisou que estavam trazendo esta melhoria para a comunidade. E, pelo que sabemos, esta caixa d’água não vai ser para o abastecimento da nossa região”, observa.
O microempresário Nédio Fernandes dos Santos, que vive no bairro há 20 anos, lembra que antes havia uma caixa d’água de 30 mil litros no local. Santos espera que, a partir da presença da Defesa Civil no local, as autoridades apresentem laudos para que a população possa se tranquilizar.
“É para a melhoria da população, mas a gente quer quer a certeza que isso não venha a ser um desastre depois. Não adianta vir depois da desgraça querer indenizar”, frisa.
O diretor-presidente do Samae, Dejair Machado, rechaça qualquer problema na estutura. Machado garante que a caixa d’água foi erguida dentro de especificações técnicas e parâmetros de engenharia, e que foi feita por uma empresa especializada em construção de reservatórios que ganhou a licitação.
“O que fizemos foi substituir um reservatório de 30 mil litros, que já existia há 25 anos atrás, por um de 500 mil litros, mas usamos a mesma área de superfície, mas fizemos mais alto. Derrubamos e construimos um maior porque ele já era deficitário, e a região cresceu muito. Não existe nenhum perigo para ninguém. A obra é totalmente segura”, sustenta.
Machado afirma que já foram feitos testes para checar se o terreno aguentava o peso. Também assegura que o reservatório ficou cheio por dez dias, e não apresentou nenhum vazamento. Outras duas caixas d’água estão sendo construídas por esta mesma empresa: uma de 500 mil litros no bairro Limeira e outra de 100 mil litros no São Joaquim.
Sobre as rachaduras do muro, Machado culpou o dono da casa de ter feito uma construção irregular e que a denúnica feita por ele é infundada.
“O morador fez o muro totalmente errado. Ele começou esta confusão, espalhando histórias idiotas. Criou uma insegurança que não faz sentido. Fez uma escavação e um muro de blocos de cimento, não deixou nenhuma espécie de drenagem, mas não rachou por conta da obra do Samae. Queria que o Samae reconstruísse o muro, mas não faz sentido. Não há argumento sólido, isso é mais uma bobagem”, reforça.