Instituto Catarinense Anjos do Peito completa 11 anos; relembre trajetória
História é marcada pelo trabalho voluntário destinado a centenas de mães e bebês de Brusque e região
Nesta segunda-feira, 29, o Instituto Catarinense Anjos do Peito (Icap) completa 11 anos de fundação. A enfermeira Angelina Lucia Tarter foi a responsável pelo surgimento, com a missão de acolher e orientar as mamães no aleitamento materno.
“Eu sempre falo para as pessoas que fui predestinada a implantar um trabalho diferenciado para ajudar as mães no aleitamento materno, porque isso realmente começou ao acaso. Em 1999, eu fui direcionada a trabalhar na clínica Uni Duni Tê para realizar o teste do pezinho nos bebês e percebi que a cada dez mulheres, nove tinham dificuldades na amamentação. Naquele momento, eu passava orientações a elas e agendava de visitá-las em suas casas, depois do meu horário de expediente. Sempre com o intuito de ajudá-las nessa missão tão nobre da amamentação”, diz Angelina.
Ela destaca a importância do Icap para a vida atual das mães. “Eu vejo que as mães hoje em dia precisam muito desse suporte, de ter um porto seguro, porque comparando com antigamente, elas tinham uma rede de apoio, uma equipe familiar que dava todo esse suporte a elas. Há 60, 70 anos, o papel da mulher era outro, o de ser a professora para criar e educar os filhos. A mulher atual é muito diferente e precisa desse apoio. Precisa ter um local ou alguém, para que no momento em que tenha alguma dúvida, seja atendida. Ela precisa estar tranquila e segura para amamentar e criar seu filho”.
Origem do nome
Nessa mesma época, através da clínica, Angelina passou a dar palestras em cursos de gestantes e a comentar sobre este trabalho de orientação às mamães em domicílio. Em meados de 2002, esse atendimento que realizava nas casas com as mamães, virou rotina.
“As mães já me chamavam e quando eu chegava elas diziam ‘lá vem meu anjo do peito’. Por essa época me deu a ideia de dar o nome ‘Anjos do Peito’ para este trabalho”, conta a enfermeira e presidente do Icap.
Fundação
Até 2011, quando foi oficialmente registrado, Angelina e voluntárias já tinham muita história para cantar. Em 2007, ela implantou o programa Anjos do Peito dentro da rede pública, permanecendo até 2010. Também foi em 2007 que uma mudança significativa na missão do Anjos do Peito ocorreu: um pedido de socorro de uma mãe para sua bebê, que constantemente adoecia ao tomar leite de fórmula.
“A mãe de Talita nos procurou porque queria relactar a bebê, mas ela estava muito debilitada. Iniciamos uma campanha de doação de leite materno e por meio de uma parceria com o Banco de Leite de Blumenau, conseguimos pasteurizar este leite vindo de doações e trazer para salvar a vida da Talita. Foram seis meses em que ela se alimentou exclusivamente do leite de diversas mães doadoras”, conta Angelina.
Com o episódio de Talita, o Anjos do Peito tornou-se referência também para mães que produziam mais leite e iniciou-se um trabalho para estimular a doação de leite materno. Semanalmente a arrecadação de leite era enviada ao banco de Blumenau, que fazia todo o processo de pasteurização e retornava uma parte para o Anjos do Peito, a fim de ser destinado aos bebês prematuros e aos que necessitavam da doação.
Em 2010, o Anjos do Peito saiu da rede pública e, em 29 de novembro, foi oficialmente registrado em cartório. A trajetória é marcada pelo trabalho incansável da enfermeira Angelina e de diversas voluntárias e voluntários que doaram seu tempo e se dedicaram à causa do aleitamento materno, às mamães e bebês que já precisaram de atendimento.
Doações e projetos
Segundo Angelina, foram anos de muita luta em que o instituto conseguiu sobreviver por meio de doações das famílias atendidas e até mesmo dos próprios voluntários, que por inúmeras vezes tiraram dinheiro do bolso para auxiliar com as despesas.
“Em 2012, fomos agraciados pelo Lions Club com recursos de uma macarronada promovida por eles em prol do Anjos do Peito e somos muito gratos por este envolvimento e olhar conosco. Em 2013, fizemos algumas rifas e bingos para angariar recursos, no ano seguinte realizamos nosso pedágio solidário, sempre com o intuito de arrecadar verbas para manter nossas atividades”, comenta a presidente.
Desde 2013, o Icap tem sua sede instalada na rua Azambuja, onde realiza os atendimentos às mamães e bebês.
Futuro
Como projeto futuro do Anjos do Peito está a instalação de um banco de leite em Brusque, sonho antigo de Angelina e demais voluntários.
“Sempre se falou que era algo muito difícil de ser feito, mas durante muitos anos nos aprofundamos, buscamos informações e sabemos que é possível sim termos um banco de leite aqui. Agora mais do que nunca, porque não possuímos mais a parceria com Blumenau, que fechou seu banco de leite. Embora tenhamos uma parceria com o banco de leite de Itajaí, a demanda deles é muito alta e das doações que enviamos, pouco retorna aos bebês daqui que necessitam”, conta.
Angelina destaca que o Icap já recebeu a garantia do secretário adjunto de Estado, Daniel Netto Cândido, que vai conseguir os equipamentos necessários para este banco de leite.
“Com isso vamos ver um profissional para realizar este trabalho conosco. É uma demanda que temos, precisamos de leite para os bebês da cidade, para os prematuros e para todos aqueles que necessitam”, frisa.
Como ajudar
O Instituto Catarinense Anjos do Peito mantém campanhas junto à Celesc e Samae de Brusque para quem tiver interesse em ajudar. Mais informações podem ser encontradas no site do Icap ou pelo telefone 47 3351-7786.
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