Investigação será comandada por dissidentes do governo
Alessandro Simas (PR) foi eleito presidente e indicou Jean Pirola (PP) como relator da comissão
Os vereadores que compõe a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), formada pela Câmara de Brusque para investigar fraudes em contratos de oficinas mecânicas com o município, se reuniram ontem pela primeira vez, com o objetivo de definir presidente e relator. Quem irá comandar esta CPI é o vereador Alessandro Simas (PR). A relatoria ficou a cargo de Jean Pirola (PP).
Simas foi escolhido por unanimidade, em acordo proposto por ele aos vereadores antes da reunião. Eleito, ele indicou o vereador Pirola para a relatoria; também não houve objeção dos demais parlamentares. Ambos são dissidentes do bloco governista, após desentendimento em votação, ocorrido em fevereiro deste ano.
Agora, Pirola terá pouco mais de uma semana para estudar o tema investigado e trazer um cronograma para a CPI das oficinas. A próxima reunião foi marcada para o dia 4 de dezembro, às 14h. Nesse dia, o relator trará um documento no qual especifica sua proposta de trabalho, determinando quais testemunhas devem ser chamadas e que documentos devem ser solicitados.
O relator explica que já foram solicitadas informações à prefeitura de Brusque, e que alguns documentos relativos à investigação já foram entregues à Câmara, mas ainda não foram analisados. O primeiro contato com o Judiciário, no sentido de se obter acesso às investigações, também já foi feito. “A Câmara tem o dever de dar uma resposta à população, diante de tantos escândalos de corrupção no país. Não podemos deixar isso atingir Brusque também”.
O vereador Ivan Martins (PSD), autor do requerimento para criação desta CPI, afirma que a Câmara não pode ficar à margem da investigação conduzida pelo Ministério Público (MP-SC). “Foi levantada uma série de suspeitas de envolvimento de oficinas com alguns setores da prefeitura, e isso á uma situação muito séria, que tem que ser apurada”.
Investigação é diferente do Judiciário, diz Simas
O presidente da CPI afirma que o objetivo é trazer à população todos os fatos que cercam a investigação, na qual estão envolvidas oito oficinas mecânicas. “O trabalho da comissão deve ser rápido, não devemos enrolar, para que não existam pendências que possam atravancar o processo”, afirma Simas.
Para ele, a investigação que será conduzida pela Câmara difere da que o MP-SC conduz. “No Judiciário é uma coisa, tornar público é diferente. Com todo respeito ao Ministério Público, ele tem uma série de atribuições, uma rotina de trabalho um pouco distante da sociedade. E a CPI tem cinco cabeças a pensar, para levantar situações e esclarecer fatos”.
O vereador afirma, ainda, que tem acompanhado o desenrolar das investigações pelo noticiário, e que tem dúvidas sobre a forma com que as fraudes apontadas pelo MP-SC ocorreram. “Tenho dúvidas quanto aos procedimentos ditos ilegais, mas que podem ter sido necessários. Nem por isso deixam de ser ilegais, mas cada situação tem que ser mostrada, para que as pessoas possam tirar suas conclusões”, conclui.
Participam da comissão, além de Martins, do presidente e do relator, os vereadores Celio de Souza (PMDB) e José Isaias Vechi (PT).
O alvo da CPI
A comissão irá analisar indícios de irregularidades apontas pelo Ministério Público, que sugere a existência de fraudes em contratos e prestação de serviços de oficinas mecânicas com a prefeitura de Brusque. Em um procedimento, uma das oficinas já foi indiciada criminalmente pelo MP-SC, o qual apontou superfaturamento de preços. No outro procedimento, ainda em andamento, outras oficinas também são investigadas por fraudes no mesmo sentido. Em breve, o órgão deve ajuizar novas ações. Um funcionário da prefeitura de Brusque foi indicado como membro do esquema fraudulento, mas seu nome não foi divulgado.