Desde pequenina, antes até de saber juntar as letras em palavras, Irani Aparecida Seidler Prim, 44 anos, sonhava em ser professora. Quando tinha 18 anos, ela foi convidada a dar aulas, mas só tinha estudado até o primário.
O pai, orgulhoso da filha que ia voltar a estudar para ser professora, disse ao futuro genro:
– Ela foi convidada para ser professora e quer estudar, vais deixar?
Valério, agricultor desde menino, não disse que ia deixar. Falou que apoiaria a futura esposa. E foi assim, com a certeza da ajuda dos pais e do namorado que Irani foi adiante. Começou da 5ª série, aos 19 anos. Veio o casamento. Na formatura da 8ª série, Irani levou o primeiro filho na barriga.
Depois, veio o convite para fazer o ‘Magistério’. Só que aí, com um filho pequeno, Ruan Carlos, Irani teria que ir mais longe, Rio do Sul. Uma vez por semana, ela ia: do Ribeirão do Mich ao Centro de Leoberto Leal. Dali a Rio do Sul. Como a lonjura era muita, ela estudava para fazer o máximo de provas permitidas por dia: quatro. Quando o 8 (nota mínima para ser aprovada) não vinha, ela chorava. Era mais uma viagem.
Irani fez todas as viagens que precisou. Nasceu a segunda filha, Cananda. E quando ela terminou o 2º grau, já lecionando na Escola Isolada Alto Rio das Pedras e Rio do Mich, ela resolveu sonhar mais. Quando todo mundo disse que ela não passaria no vestibular porque ela tinha estudado por módulos e não no ensino regular, ela passou entre os vinte primeiros colocados. Foi fazer Pedagogia.
**Na edição de quarta-feira, 18 de julho, leia mais sobre a história de Irani.