Ivan Martins sobre atritos na eleição da presidência da Câmara de Brusque: “Já passamos uma borracha”
Em entrevista, presidente fala sobre os planos a frente do legislativo e anuncia saída do PSD
Em entrevista, presidente fala sobre os planos a frente do legislativo e anuncia saída do PSD
Após uma eleição conturbada, Ivan Martins (PSD) assumiu a presidência da Câmara de Vereadores de Brusque neste mês. Vereador experiente, ele diz que pretende manter o poder Legislativo de forma enxuta e continuar o trabalho que já vinha sendo realizado nesta legislatura.
Martins diz que a intenção é não devolver recursos da Câmara para a prefeitura no fim do ano, como tradicionalmente acontece. A ideia é pegar apenas o valor necessário para manter as atividades da Câmara durante o ano, sem excessos.
“Vamos pegar apenas o valor que a Câmara precisa. Eu entendo que pegar dinheiro a mais e deixar nos cofres da Câmara até o fim do ano para devolver uma grande quantia não faz sentido. Por isso, já comuniquei ao prefeito que vamos deixar esses valores já com a prefeitura para poder investir ao longo do ano em diversas áreas”.
O novo presidente da Câmara destaca a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará fraudes na merenda escolar e cestas básicas em Brusque, como um dos seus primeiros atos a frente do legislativo.
“Muitos apostavam que não íamos instaurar a CPI porque tínhamos interesse que ela não saísse. Mas o interesse é fazer o possível para esclarecer a situação”.
Martins também destaca a criação da Comissão de Revisão do Catálogo e Inventário do Patrimônio Histórico, Arquitetônico e Urbanístico de Brusque, que foi aprovada por meio de requerimento, mas estava engavetada. “Já criamos a comissão que está se preparando para eleger o presidente e o relator”.
Após meses conturbados, com a polêmica sobre a eleição do novo presidente e vice da Câmara, inclusive com trocas de farpas e acusações entre vereadores de oposição e situação, Ivan garante que a situação foi resolvida e o clima no legislativo é de paz.
“O nosso trabalho será apolítico, isento de qualquer situação. Já conversamos e vamos esquecer o passado, essa confusão que houve na eleição da presidência. Já passamos uma borracha em cima disso porque só traz prejuízo para nossa cidade e não é isso que queremos”.
Recentemente, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC) acatou representação feita pelo Ministério Público (MP-SC) e julgou irregular o pagamento de gratificação de 40% aos servidores efetivos e comissionados da Câmara de Brusque.
Martins diz que a Câmara ainda não foi notificada oficialmente sobre a decisão, porém, antes do julgamento pelo TCE, ele já se mostrava contra o pagamento.
“Eu sempre disse que sendo presidente, eu iria tirar os 40%, pois sempre fui contra o pagamento. Mas claro que se a decisão do tribunal fosse outra, iríamos cumprir. O Tribunal de Contas decidiu que é ilegal e vamos cumprir na íntegra. Decisão não se discute, se cumpre”.
Entre as matérias polêmicas que devem aportar na Câmara de Brusque neste ano está a que fixa os vencimentos do prefeito, vice e vereadores da próxima legislatura. Os vereadores também devem apreciar o orçamento do município para a nova gestão da prefeitura.
“Esses são projetos que devem polemizar, que vem com opiniões públicas sobre isso. Vai ser amplamente discutido entre os vereadores, vamos seguir dentro da melhor maneira possível. O país está mudando, desde que o Bolsonaro assumiu a presidência, o país começou a criar uma nova roupagem”, avalia.
Questionado se pretende disputar a eleição majoritária, o presidente da Câmara diz que ainda está avaliando a possibilidade, mas é mais provável que dispute a reeleição na Câmara.
“Estou achando que as pré-candidaturas para prefeitos estão muito tumultuadas. Alguns estão lançando os nomes somente para se aproveitar de mídia gratuita. Vamos ver como as coisas vão se conduzir. Pode ser que participamos do pleito majoritário, mas a nossa intenção é reeleição na Câmara. Penso que talvez numa próxima oportunidade, encerrarmos nossa participação numa eleição majoritária”.
O presidente da Câmara revela ainda que está de saída do PSD. “Vamos dar um novo rumo na nossa vida política porque o PSD o que tinha que dar em Brusque já deu. O PSD praticamente acabou em Brusque e não poderemos desenvolver nenhum trabalho continuando no partido. Vamos procurar uma nova agremiação para continuar o trabalho que fazemos desde 1993, quando assumi meu primeiro mandato”.
Segundo ele, há uma aproximação e conversas bastante adiantadas com o DEM. “Estamos bem próximos, e fico confortável porque o DEM foi um partido que ajudei a fundar, já fui vereador pelo DEM, presidente, o partido cresceu muito e acredito que seria um caminho ideal”.
Ivan Martins faz uma boa avaliação do governo de Jonas Paegle e Ari Vequi. Ele diz que no início da gestão ficou preocupado, já que Paegle não tinha experiência em cargos administrativos e Vequi ainda não havia ocupado nenhum cargo eletivo.
“Isso me preocupou um pouco, mas acreditamos porque vimos que os dois são pessoas sérias, que queriam trabalhar com transparência, dentro da ética, da moral, e isso nos fez acreditar neles por conhecê-los”.
Martins afirma que a administração Jonas e Ari é uma das melhores do município em termos de obras. “Hoje vemos que apostamos certo. Acredito que a administração deles, em termos de obras, só perde para a administração do ex-prefeito Ciro Roza, que fez uma mudança total na cidade. Hoje obras importantíssimas para a cidade estão acontecendo como a margem direita e esquerda da Beira Rio, sem contar todas as outras obras”.
Nas últimas semanas, a Câmara de Brusque recebeu duas representações que pedem a perda de mandatos. A primeira, da Prefeitura de Brusque, que pede a cassação do mandato do vereador Paulo Sestrem. A segunda é de Paulo Sestrem, que pede a cassação dos mandatos do prefeito Jonas Paegle e do vice, Ari Vequi.
Ambas as denúncias foram encaminhadas para o corregedor da Câmara, vereador Cleiton Bittelbrun (Patriota). Ivan Martins diz que cabe ao corregedor decidir se arquiva ou aceitar as denúncias. Para ele, nenhuma deve seguir adiante.
“Acho que é perda de tempo. No meu entendimento, pelo que eu ouvi, são muito frágeis as informações. Não só a do pedido de cassação do prefeito, mas também que pede a perda do mandato do vereador Paulinho. Se eu fosse o corregedor, arquivaria as duas matérias, mas se ele acatar, vamos tomar as providências legais, conforme nosso regimento”.
No entanto, depois que essa entrevista foi concedida, o corregedor decidiu que uma das matérias – que trata da cassação de prefeito e vice – deverá retornar à presidência. Caberá a Martins, portanto, decidir sobre este caso.