João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Ano 2020 e os fogos da esperança

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Ano 2020 e os fogos da esperança

João José Leal

Não adiantou saber que Balneário Camboriú iria ficar lotada de veranistas, que a agitação, o barulho e a confusão tomariam conta da cidade. Mais uma vez, passei o final de ano na cidade tomada por uma multidão. A imprensa, alimentada por informações oficiais, disse que lá estavam mais de um milhão de pessoas. Pode ser exagero. Afinal, é difícil calcular uma população passageira tão numerosa. Mas, havia sim muita gente, turistas e veranistas, vindos por terra e ar de todos os cantos e recantos do Brasil. E também dos vizinhos países.

Durante o dia, o tempo convidando, sol de 30 graus, a praia virou uma densa floresta multicolorida de guarda-sóis e barracas, do Pontal Norte à Barra Sul. Era tanta gente em pé, sentada, deitada sobre a areia, que um lugar ao sol em meio àquele formigueiro humano, parecia impossível para quem chegasse mais tarde, querendo curtir a última praia de 2019. Muitos ali já estavam devidamente abastecidos de cerveja e da necessária comida, para a badalada virada. Queriam esperar o novo ano de pança e cuca cheias.

Já no começo e até o final da noite, procissões de veranistas passavam carregando cadeiras, pequenas barricas de alumínio e caixas térmicas cheias de muita cerveja. Os mais esnobes não deixaram por menos e levavam espumantes, essa afetada bebida da moda. O destino, a praia, novamente tomada por uma multidão disposta a vivenciar a emoção dos instantes finais de um tempo a terminar e de um novo ano a começar.

Vestida de branco, aquela densa massa de milhares de turistas ali estava para assumir o compromisso com o amor ao próximo, desejar paz e felicidade aos amigos e conhecidos. Depois, nas ações da vida social e familiar do decorrer do ano, poucos lembrarão da promessa feita no calor da emoção dos primeiros instantes de um novo ano. Mas o que fazer? Já sabemos que essa desvirtude, essa falta ética, é sempre debitada na conta da imperfeição da alma humana.

Não era só para o abraço fraterno e festivo. Todos ali estavam também, é obvio, para assistir ao espetáculo dos fogos de final de ano.

Então, no último instante do velho ano, no átimo de tempo que anuncia o novo ano, aquela multidão frente à escuridão do mar, não tinha olhos para as ondas se esparramando na areia, porque a fantasia e a ilusão tinham tomado conta das suas mentes.

Foram 15 minutos de céu iluminado, riscado por impressionantes e belos desenhos feitos a fogo e a cores sobre toda a orla da praia. Extasiada pela beleza ilusória e passageira da magia pirotécnica, a multidão soltava gritos de alegria numa onda coletiva de plena euforia, cheia de esperança no Novo Ano.

Não sei o que vem pela frente nem o que irei enfrentar. Mesmo assim, desejo aos meus amigos e fieis leitores um Novo Ano de paz de felicidade.

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