João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Atentado ecológico contra o Bosque do Garapuvu

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Atentado ecológico contra o Bosque do Garapuvu

João José Leal

Formado por uma área de mata nativa, o Bosque do Garapuvu está localizado no Jardim Maluche. Considerando a necessidade de oferecer aos munícipes a possibilidade de acesso a ambientes ecológicos para o lazer e o contato com a natureza, o poder público municipal editou o Decreto nº 7.849/2016, declarando o Bosque como Área de Relevante Interesse Ecológico – Arie. Até hoje, é a única existente em Brusque, com a finalidade “de preservar a mata nativa ali existente e incentivar atividades de educação e preservação ambiental”.

Segundo o decreto, “cabe à Associação de Moradores do Jardim Maluche e bairro Souza Cruz a manutenção e conservação do Bosque do Guarapuvu”, sob a supervisão e fiscalização da Fundema Mesmo sem recursos financeiros, a Amasc vem cumprindo a sua obrigação de zelar pela preservação e proteção da flora e fauna ali existentes, por meio do trabalho voluntário.

Pela beleza paisagística e florestal de suas árvores, o Bosque é frequentado por moradores e brusquenses de toda a cidade. Professores das escolas do bairro têm levado seus alunos para visitar o Bosque, em atividades de educação ambiental.

O Bosque foi assim denominado por causa dos garapuvus ali plantados. Árvore nativa da Mata Atlântica, durante três séculos foi cortada para se fazer as canoas de um pau-só. Para os pequenos pescadores do litoral catarinense, foi a única forma encontrada para buscar no mar o peixe-garantia da sobrevivência das suas famílias. Muitas dessas canoas ainda podem ser encontradas nos ranchos de pescadores das nossas praias. Hoje, o garapuvu é protegido e seu corte proibido pela lei ambiental.

Lamentavelmente, na semana passada, mesmo diante da proibição legal e sem qualquer justificativa, a Secretaria de Obras mandou cortar os garapuvus que circundam a Arie e que estavam prestes a florir. As árvores estavam plantadas na área protegida do Bosque bem distante da fiação elétrica. A ação foi ainda mais injustificável e predatória porque os garapuvus haviam alcançado mais de cinco metros de altura e não atrapalhavam nem representavam qualquer risco para o tráfego de veículos.

É inconcebível que o poder público, em vez de preservar e proteger o ambiente e o seu próprio patrimônio florestal, tenha cometido esse ato de insensatez contra a flora, mandando cortar um conjunto de belas árvores numa área de preservação.

A meu ver, essa grave infração ambiental precisa ser investigada e seus autores responsabilizados.

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