João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Bazar Praiano: Manoel do Chapéu

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Bazar Praiano: Manoel do Chapéu

João José Leal

Durante a última temporada e ainda nos últimos finais de semana, caminhei muitas manhãs pela praia central de Balneário Camboriú. Mas, praia não é só comida e bebida de todos os tipos, a formar um festival gastronômico à sombra de uma vasta floresta de barracas e guarda-sóis.

Pulseiras, colares, óculos de sol, roupas, chapéus, tatuagem, até tererês – não o tereré, aquele mate sorvido em pequenas cuias pelos hermanos paraguaios – mas aquelas finas tranças de cabelos pretos retintos e também muitos outros produtos são anunciados aos gritos de vendedores que circulam a todo o momento, no grande bazar a céu aberto da Dubai brasileira.

Sol de assar finas peles de turistas vindos de todas as partes desse país imenso, o chapéu é um desses produtos de consumo frequente no comércio feito sobre a areia. Para os homens, são aqueles chapéus tipo Panamá, não os legítimos, fabricados com palha natural, a toquilla do Equador, mas imitações feitas com fibras sintéticas que, se vindas da China, não será surpresa. É interessante, os tão comuns bonés de aba na frente, bitola ajustável para qualquer cocuruto e de todas as marcas e grifes – os preferidos da juventude – parecem não ser os mais vendidos.

Como sempre, a vaidade da mulher é que comanda a moda, inclusive na praia. E assim, os chapéus femininos, esses de aba larga de sombrear cabeça e ombros, são o forte desse comércio ambulante feito sob um sol abrasador. Vaidosas, elas usam um par de óculos de enormes lentes escuras, quebram a aba do chapéu para cima ou para baixo, conforme o termômetro da autoestima e desfilam de norte a sul na ensolarada passarela praiana. Vejo essas caminhadas como uma versão moderna daquelas que se faziam aos domingos à tarde ou noite, o chamado footing, ao redor de praças ou de rua em muitas cidades brasileiras.

Vendedores de chapéus são muitos a empurrar os seus carros por toda a extensão da praia. Penso que isso é indicador certo de que a demanda não é pequena. Afinal, as mulheres adoram variar no visual e detestam repetir a mesma indumentária. Assim, um chapéu de cor e modelo diferentes para desfilar na orla marítima a cada dia, ao menos a cada semana, só faz bem ao ego feminino.

Passam eles com seus carros enfeitados com tantos chapéus que nada se vê do improvisado veículo, nem os seus pequenos pneus feitos para se mover sobre a areia. Empilhados uns sobre os outros, alguns escolhidos como modelos pendurados na lateral e numa armação da parte superior, aquela loja de chapéus ao ar livre vai se movendo lentamente até que uma veranista se apresente para comprar uma nova cobertura para a sua cabeça povoada por um sentimento de puro hedonismo.

E como tudo é competição, há sempre um que se destaca e se torna referência nesse tipo de comércio a céu aberto e sol a pino. É o Manoel do Chapéu, conhecido e amigo de muitos veranistas que batem ponto diariamente ou aos finais de semana na praia central da Dubai brasileira.

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