Brusque 161 Anos: a luta pelo primeiro médico
Nesta quarta-feira, a nossa Brusque está completando 161 anos de fundação. Como no ano passado, estamos vivendo sob o flagelo da pandemia causada pelo Covid-19. Já ocorreram mais de 550 mil mortes em nosso país, e isso, realmente, é muito grave. O que nos dá esperança é que a campanha de vacinação avançou bastante, mais […]
Nesta quarta-feira, a nossa Brusque está completando 161 anos de fundação. Como no ano passado, estamos vivendo sob o flagelo da pandemia causada pelo Covid-19. Já ocorreram mais de 550 mil mortes em nosso país, e isso, realmente, é muito grave. O que nos dá esperança é que a campanha de vacinação avançou bastante, mais de 100 milhões de vacinados com a primeira dose e tudo indica que vamos vencer a epidemia.
No entanto, o perigo de contágio, doença e morte ainda ronda as nossas cabeças e assusta os nossos pensamentos. E, pelo segundo ano consecutivo, a comemoração dessa importante data da nossa história ficou restrita a poucos atos e solenidades. Sem reuniões festivas nem aglomerações.
Hoje, temos hospitais com UTIs, médicos, enfermeiros e medicamentos. Temos até vacina para enfrentar o flagelo trazido pelo coronavírus e ainda vivemos com medo da doença e da morte. Não era assim, obviamente, nos primeiros anos da nossa história. Porisso, no dia em que Brusque completa 161 anos, vale lembrar que quando os fundadores aqui chegaram tiveram de enfrentar a malária e outras doenças endêmicas da época sem qualquer tipo de assistência médica.
O próprio Barão de Schneeburg conta, em documento por ele assinado, que um surto de “diarreia de sangue”, provavelmente, uma espécie de virose que ele atribuiu “à humidade contínua da atmosfera”. Essas doenças eram frequentes e atormentavam a vida dos colonos que, poucos meses antes ainda viviam nas frias terras germânicas, sem a ameaça de doença tropical. Assim, desde o começo, o Diretor havia solicitado ao governo provincial a contratação de um médico para prestar a necessária assistência aos colonos.
Não foi atendido e, em fevereiro de 1863, o Barão aproveitou um grave acidente aqui ocorrido para insistir na sua “súpplica”. Brusque ainda sem padre residente, havia recebido a visita do pároco de Gaspar para batizados, casamentos e outros atos religiosos. Fogos de artifício, não havia na Colônia para se comprar. Porisso, mesmo sem foguetes ou rojões, os colonos fizeram questão de saudar a chegada do religioso. E o fizeram com uma salva de tiros de espingarda.
Para o colono José Scharf, foi uma dolorosa tragédia. O cano da sua espingarda explodiu e dilacerou a sua mão. Sempre preocupado com a saúde dos seus colonos, escreveu o Barão que receava que o infeliz colono pudesse contrair o tétano, perder a mão ou até a vida. Então ordenou que o acidentado fosse levado a Itajaí e de lá para um hospital no Desterro ou para Blumenau.
Não se sabe se o colono José Scharf perdeu a sua mão, tão necessária ao trabalho na agricultura. O que se sabe é que, em ofício enviado ao presidente da província arquivado na Casa de Brusque, o Diretor aproveitou o acidente para reiterar “a sua supplica” de contratação de um médico, a fim de “sanar o flagello” vivido na Colônia com a falta de um profissional formado.
Coisa rara naquela época, a Colônia ainda esperou até 1864 para ter o seu primeiro médico aqui residente.