Brusque, aqui cheguei, aqui estou!

Cheguei em Brusque no final de 1971. Encontrei uma cidade ainda pequena, pouco mais de 30 mil habitantes. Estava no início da carreira no Ministério Público e não imaginava que, por aqui, ficaria, embora os rumos da carreira ministerial apontassem para outras comarcas. No meu caso, para Blumenau, onde lecionava na Furb. No entanto, a […]

Cheguei em Brusque no final de 1971. Encontrei uma cidade ainda pequena, pouco mais de 30 mil habitantes. Estava no início da carreira no Ministério Público e não imaginava que, por aqui, ficaria, embora os rumos da carreira ministerial apontassem para outras comarcas. No meu caso, para Blumenau, onde lecionava na Furb. No entanto, a carreira ficou em segundo lugar. E, aqui, permaneci até me aposentar no cargo de promotor público, como assim se dizia naquela época. Talvez, para sempre. Afinal, árvore velha, dificilmente, se transplanta.

Na minha área de atividade – segurança pública e justiça – a comarca de Brusque, então, com quatro municípios, abrangia um extenso território. E não se pode dizer que contava com grande contingente de profissionais para aplicar a lei e manter a ordem. Na verdade, o número de profissionais era muito pequeno: um só delegado, pouco mais de uma dúzia de policiais civis e militares, um só juiz, um promotor, advogados que não passavam de meia dúzia e um Forum que ocupava apenas dois apartamentos residenciais, de tamanho médio, situados no então único edifício da cidade, o Centenário.

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Mas, a delinquência em geral também não era grande, nem de assustar. E, assim, ainda lembro da tranquila Brusque, da época da minha chegada. Parecia que todos se conheciam. Ao menos, todos se cumprimentavam. Era uma cidade onde viviam e predominavam as tradicionais famílias de origem alemã, italiana e polonesa. Os migrantes aqui chegados eram ainda poucos, a maioria para trabalhar nas tecelagens e alguns poucos para exercer funções públicas, como eu, ou jogar futebol.

No entanto, as coisas mudam e continuarão, inevitavelmente, a mudar. Ainda bem que, de forma gradativa e, quando percebemos, já estamos acostumados à mudança ocorrida na vida social. Hoje, o nosso mosaico demográfico mudou bastante. Os descentes dos primeiros colonizadores desta terra ainda predominam no comando da atividade econômica e política. Mas, já não são maioria, nesta Brusque etnicamente marcada e, porque não dizer, mesclada por uma forte corrente migratória.

Começou com gente vinda do sudoeste do Paraná, muitos deles migrantes da nossa própria região ou seus descendentes que retornaram em busca de melhor condição de vida. E, porque Brusque cresceu, tem emprego e precisa de mão de obra, o fluxo continua com migrantes vindos do Nordeste, o sul da Bahia em primeiro lugar.

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Penso que grande parte da população brusquense atual, é de pessoas e seus descentes que vieram de outras cidades para trabalhar nas fiações, tinturarias e tecelagens de malha, nas centenas de confecções, na construção civil e na metalurgia, numa Brusque que mudou radicalmente o seu perfil econômico para compensar o triste desaparecimento da pioneira e tradicional indústria têxtil.

E, aqui estou, nesta Brusque do século 21, que acaba de ser considerada a segunda melhor cidade de sua categoria populacional para se viver em Santa Catarina. Perdemos o primeiro lugar para Balneário Camboriú. Talvez, porque nos falte a brancura da areia da praia e a beleza do mar. Mas, isto é coisa da natureza e milagre que os brusquenses não podem fazer.