Campanha da Fraternidade 2020: o Bom Samaritano
Segundo os evangelhos, para falar sobre a doutrina cristã, Jesus geralmente usava as suas conhecidas parábolas. Então, com um exemplo hipotético, indicava a conduta correta a ser seguida pelo bom cristão. É o caso da parábola do bom samaritano, que condena o fariseu, gente da elite judaica, eleita de Deus. Mas que, dificilmente, praticava um ato de solidariedade para com o seu próximo. E enaltece a conduta solidária do samaritano pertencente a um povo considerado inferior e infiel. Diante de um estranho gravemente ferido, o bom samaritano prestou-lhe toda a ajuda necessária para salvar a sua vida.
É fácil entender que essa parábola foi usada para condenar a hipocrisia, o egoísmo, a discriminação social, desvirtudes tão comuns ao ser humano, desde os primeiros momentos de sua existência. E, ao contrário, prega a humildade, a solidariedade e o amor ao próximo como sendo as virtudes básicas da moral cristã, tão difíceis de serem praticadas por, nós, seres humanos cheios de defeitos morais.
Certamente por isso, o exemplo do bom samaritano está sendo lembrado pela Campanha da Fraternidade de 2020, que começa nesta quarta-feira de cinzas, em todo o Brasil. Com o tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e com o lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” , penso que a CNBB lança um convite para que todos os homens de boa vontade venham a refletir sobre o dever moral de solidariedade para com o próximo. Para que sejamos mais samaritanos em relação ao outro. E não fariseus egoístas, insensíveis às necessidades e ao sofrimento dos que estão caídos no nosso caminho e precisam da nossa ajuda, da nossa solidariedade.
Exemplo maior de boa samaritana dos tempos atuais foi a religiosa baiana Irmã Dulce dos Pobres. Viveu toda a sua vida para ajudar os pobres e a cuidar dos enfermos, numa constante ação de intensa solidariedade humana e de amor ao próximo. Não é por coincidência que o colorido e belo cartaz da CF deste ano mostra a figura da Irmã Dulce caminhando na Praça do Pelourinho, de Salvador, de mãos dadas com um grupo de crianças pobres. Foi ela um exemplo perfeito de Fraternidade e Vida, como diz o tema. Viveu para sentir compaixão e cuidar dos pobres, como quer o lema da CF-2020.
Dizia a Irmã Dulce: “a minha política é a do amor ao próximo, pois quem tem mãos para servir, não tem tempo para fazer o mal porque o amor supera todos os obstáculos”. Não podemos ter a pretensão de nos igualar ao modelo de virtudes dessa religiosa baiana que viveu para ajudar os necessitados, os abandonados e os doentes de Salvador. Mas, podemos, sim, aproveitar a Campanha da Fraternidade para refletir sobre o nosso compromisso moral de solidariedade e de amor ao próximo.