João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Colégio Feliciano Pires, 1917: um majestoso edifício

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Colégio Feliciano Pires, 1917: um majestoso edifício

João José Leal

Na rua Rodrigues Alves, muita gente passa em frente ao principal colégio estadual de nossa cidade. Poucos, no entanto, conhecem a história dessa escola tão importante para a história da educação brusquense. Se quisermos buscar a sua origem mais distante, podemos dizer que tudo começou em 1861, um ano depois da sua fundação, quando foi criada a primeira escola primária pública para as meninas, na sede da Colônia Brusque. Depois, muitas outras escolas isoladas foram criadas pelo governo provincial na zona rural.

A Colônia se tornou município. Em 1900, Brusque só contava com uma escola isolada, com salas separadas para rapazes e meninas, como mandava o catecismo educacional da época. A cidade havia crescido e os brusquenses reclamavam por um estabelecimento de ensino público mais avançado.

Em 1915, Carlos Renaux voltou a exercer o cargo de intendente municipal com a “promessa solemne” de embelezar as ruas principais e construir uma escola estadual para que “a nossa rapaziada possa receber a indispensável educação cívica e literária”. Não prometeu em vão. No dia 29 de julho de 1917, quando já deixara a intendência, a cidade se encheu de festa para a inauguração dos dois belos prédios que abrigariam as Escolas Reunidas.

Com o título “Brusque em Festa”, a Gazeta Brusquense publicou edição especial para informar que o “majestoso edifício”, atendia a uma justa e antiga necessidade educacional de nossa comunidade. Para o jornal, Brusque tinha “enfim, uma escola digna de uma cidade operosa e progressista”, onde os brusquenses poderiam mandar os seus filhos aprender a língua portuguesa.

A entusiasmada reportagem destaca que, partir daquele momento, as crianças brusquenses aprenderão história do Brasil na língua vernácula e estudariam para serem “bons cidadãos”. Certamente, mais tarde, “pagarão mil vezes ao Estado todas as despesas gastas pela Instrucção Pública”.

Inauguração de obra pública sem discurso, é fato nunca visto neste país. Assim, coube ao coronel Carlos Renaux proferir o primeiro discurso. Entregou em mãos do secretário geral do Estado, Fúlvio Aducci o relatório com as despesas da obra e terminou, deixando no ar o pedido para que as Escolas Reunidas, então inauguradas, logo fossem elevadas à categoria de Grupo Escolar, porque Brusque assim bem o merecia.

Dois anos depois da festa inaugural, em setembro de 1919, o pedido de Carlos Renaux era atendido por meio de um decreto do governo do Estado. E as escolas reunidas, foram transformadas em Grupo Escolar com o nome de Feliciano Pires, que tinha sido político, presidente da província de Santa Catarina e renomado professor.

Infelizmente, anos depois – o progresso sempre engolindo a memória arquitetônica – os dois belos e imponentes prédios foram demolidos e outro mais moderno foi construído no mesmo local.

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