João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Colônia Brusque: 1862

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Colônia Brusque: 1862

João José Leal

Amanhã, nossa cidade estará completando 162 anos de fundação. Dá para imaginar o colossal e incessante trabalho dos primeiros imigrantes para construírem o tão sonhado novo lar em terras da América. Ao aqui aportarem, só um rústico engenho de farinha lhes esperava para servir de alojamento – crianças e adultos, casais e solteiros, todos juntos – até que os primeiros ranchos fossem construídos. O resto era mata virgem a ser derrubada para a construção das primeiras casas e a semeadura das primeiras lavouras.

Apesar das enormes dificuldades, no entanto, a vontade de vencer prevaleceu. Afinal, aqueles imigrantes fundadores da Colônia Brusque sabiam que estavam dando os primeiros e dolorosos passos de uma caminhada sem recuos e sem volta à terra natal.

Passados menos de dois anos, o Barão de Schneéburg elaborou o relatório do ano de 1862, no qual pintou um interessante retrato da vida colonial brusquense, que já contava com 833 habitantes. Deste total, 789 eram colonos adultos e menores. Registrou que, ao longo dos caminhos e picadas, havia “54 casas de boa construção, uma de pedra e cal e 53 de madeira falquejada e barreada”. Completando a paisagem colonial, “99 ranchos de madeira e palmito” podiam ser vistos nas diversas colônias.

Localidades como Bateias, Guabiruba e PeterStrasse tinham sido ocupadas por um bom número de colonos, proporcionando condições para o funcionamento de “uma casa de negócio e 3 tabernas”. Como se vê, apesar da dureza do trabalho, não faltava bodega para os colonos se reunirem, tomarem os tragos de cachaça e conversarem sobre as suas histórias de vida até pouco tempo vivenciadas em terras alemãs.

O Barão registra ainda a existência de “5 pequenas engenhocas para farinha de mandioca e fubá de milho”, na zona rural. Novos e maiores engenhos estavam sendo construídos para que a Colônia se tornasse autossuficiente na produção desses alimentos. Com o plantio e colheita de fumo, milhares de charutos já estavam sendo produzidos pelos colonos, proporcionando-lhes uma renda suplementar.

Na sede da Colônia, com apenas duas ruas, “8 casas de sólida construção e mais outras 17 casas e barracas”, residiam mais 44 não colonos, certamente, policiais, funcionários, comerciantes e alguns poucos artesãos. Para o entusiasmado diretor, tudo isso “eram exemplos animadores de prosperidade”.

Na verdade, o que foi pintado há 160 anos como sinal de prosperidade, era apenas o começo de uma Colônia que um dia seria a nossa Brusque de hoje, uma cidade próspera e de bem-estar social.

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