João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Colônia Brusque: as primeiras capelas

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Colônia Brusque: as primeiras capelas

João José Leal

No relatório do ano de 1863, o Barão de Schnéeburg registrou que a Colônia Brusque possuía uma população de 938 colonos. Todos alemães e religiosos praticantes, o diretor fez questão de informar que 659 colonos se confessavam católicos e 279 evangélicos protestantes. Segundo Schnéeburg, “os católicos têm quatro capelas e os protestantes uma”, todas provisórias e localizadas na zona rural, o que é explicado porque os imigrantes aqui chegavam para trabalhar na agricultura, em seus lotes coloniais situados na zona rural. Assim, população residente na sede da Colônia era ainda inexpressiva.

Dada a precariedade das condições da vida colonial e ainda nos primeiros anos de existência, as capelas tinham sido construídas “de tábuas e palmitos” e eram administradas pelos próprios colonos por uma comissão de três membros que se encarregavam de realizar os necessários trabalhos de manutenção.

Sem sacerdote residente na Colônia, as cerimônias católicas eram celebradas uma ou duas vezes por ano, pelo padre Alberto Gattone, da Freguesia de São Paulo Apóstolo, atual Gaspar. Já os evangélicos contavam com os ofícios religiosos do pastor Oswald Hesse, que se deslocava da Colônia Blumenau para atender aos seus fiéis de confissão luterana. Pela distância, provavelmente não viajavam a pé, mas em lombo de cavalo, por picadas que serpenteavam e rasgavam a mata ainda virgem.

Numa comunidade rural de pessoas simples, de cultura elementar, era natural que o misticismo e a prática religiosa fossem presença marcante na vida daquela gente. Na verdade, não havia espaço e não se tolerava uma pessoa que não fosse católica ou evangélica luterana protestante. Tanto que nenhum dos colonos declarou ser adepto de uma outra religião. Muito menos, algum deles se confessou ateu, o que naquela época seria uma declaração de guerra espiritual aos demais membros de uma comunidade essencialmente religiosa.

Como diretor nomeado pelo governo imperial, Schnéeburg era a autoridade maior da Colônia Brusque. Em suas mãos estavam não só a difícil tarefa de praticar todos os atos administrativos necessários à boa administração do projeto colonial como também manter a ordem pública, resolvendo os conflitos civis e criminais que viessem a ocorrer no território da sua Colônia.

E o Barão, ele mesmo um católico praticante, sabia muito bem que a intensa religiosidade dos seus colonos era um fator importante para que houvesse um maior respeito aos costumes, à moral e às leis vigentes. Enfim, sabia ele que a prática religiosa, fosse católica ou evangélica luterana, contribuía para um maior respeito à ordem social e, em consequência, para que a vida colonial transcorresse sem conflitos e crimes mais graves.

E isso facilitaria a vida do Barão, atarefado com os muitos problemas existentes numa recém-criada Colônia, onde ainda era preciso construir estradas, caminhos, escola e hospital, assentar os colonos em suas terras, além de muitas outras ações necessárias.

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