João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Colônia Brusque: destino de migrações sem fim

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Colônia Brusque: destino de migrações sem fim

João José Leal

Tudo começou em 4 de agosto de 1860, com chegada dos 55 imigrantes alemães comandados pelo Barão de Schneeburg. Duas semanas depois, chegavam mais 139 colonos e no final do primeiro ano a população chegou a 406 almas. A partir daí, a corrente migratória não mais parou e Brusque se transformou num dos destinos preferidos pelos imigrantes europeus, principalmente, alemães e italianos.

Criada pelo governo imperial, a Colônia Brusque era dirigida por um diretor com o dever de prestar contas de todas as atividades administrativas. No relatório das atividades referentes ao ano de 1862, o Barão de Schneeburg apresentou um detalhado “Mapa da População da Colônia Brusque, no Itajahy-Mirim”. Segundo o Barão, no dia 31 de dezembro daquele ano, Brusque contava com 833 habitantes, assim divididos: 789 colonos e 44 não colonos.

Não há explicação. Mas, os não colonos deveriam ser os carpinteiros, marceneiros, oleiros, sapateiros, padeiros e outros profissionais, que exerciam os “Officios e Artes”, como assim se referiu Schneeburg.

O Mapa registra a presença de 719 estrangeiros. Como Brusque ainda não havia recebido imigrantes de outras nacionalidades, esses estrangeiros certamente eram todos alemães. Havia 84 habitantes naturalizados que deveriam ser também de origem germânica. Como se vê, mais de 10% da população já tinha se naturalizado brasileiro, o que é um percentual bastante significativo. Brasileiros mesmo eram apenas 29 pessoas, a maioria delas, provavelmente, funcionários a serviço do governo (policiais, professora, barqueiros).

Quanto à religião, eram 577 católicos e 256 evangélicos. Esses números mostram que, na sua maioria, a emigração alemã para a Colônia Brusque foi alimentada por colonos de religião católica. Esse percentual se manteve durante toda a corrente migratória, mesmo depois da elevação da Colônia à categoria de município.

Há, ainda, o registro de um escravo do sexo masculino, mas sem qualquer outra informação sobre o nome e a quem pertencia. Nos primeiros tempos, os colonos não tinham condições de se manter por conta própria e eram subvencionados pelo governo. Dessa forma, tudo indica que o referido escravo pertencesse a um próspero comerciante estabelecido na sede da Colônia, que já contava com “cinco casas de negócio e tabernas”.

Hoje, Brusque conta com mais de 140 mil habitantes e a caminhada migratória continua intensa. Agora, não são mais os alemães e italianos. São os migrantes vindos de todo o Brasil, principalmente, da Bahia e do Pará.

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