Colônia Brusque: o primeiro médico
Como ainda estamos no mês de aniversário da nossa cidade, vale lembrar os primeiros tempos da Colônia Brusque, fundada por Maximiliano de Schneéburg, chamado por seus colonos pelo título de Barão. Criado e educado na Áustria, um dos países mais desenvolvidos da sua época, o Diretor queria o mesmo nível de bem-estar para sua então pobre comunidade colonial.
Assim, desde os primeiros tempos, não se cansou de reivindicar escola e professor, padre e pastor, policiamento e juizado de paz e uma estrada carroçável ligando a Colônia à cidade de Itajaí e seu porto. E, também, um posto de correio para que os seus colonos pudessem se comunicar com os familiares e amigos que haviam ficado na distante Alemanha.
Pretendia, ainda que os seus colonos contassem com a assistência de um médico diplomado e até um hospital. Seus pedidos, muitos deles formulados como súplicas endereçados ao presidente da Província, constam dos relatórios e documentos redigidos de próprio punho, hoje guardados na Casa de Brusque.
O historiador Oswaldo Cabral ressalta que os colonos vinham de outras terras, onde clima frio era bem diferente do encontrado no Brasil. Assim, não lhes foi fácil suportar as doenças aqui encontradas. Daí, a preocupação do Barão em garantir uma assistência efetiva aos colonos.
Embora pertinente, não era fácil atender à reivindicação.Num país pobre como o Brasil daquela época, onde a grande maioria das cidades não contava com a presença de um único profissional da saúde, compreende-se a dificuldade do governo imperial para atender ao pedido do Diretor. Mas, este nunca desistiu de pedir um médico para a assistir aos colonos, alegando que a saúde destes dependia da assistência médica que pudesse ser encontrada na distante Desterro ou na Colônia Blumenau.
A verdade é que os colonos não estavam totalmente desassistidos. Desde 1861, menos de um ano depois da fundação, já podiam contar com a assistência do Dr. Eberhardt – prático em medicina – que, com esse “diploma”, era o responsável pela saúde dos pouco mais de 600 colonos pioneiros. Pelo que pode ser deduzido, o dr. Eberardt fazia um bom trabalho, pois o Barão era assíduo frequentador da sua casa.
No relatório de 1862, o Barão informa que embora os óbitos na Colônia tivessem sido poucos, muitos casos se deviam à falta de pronta assistência médica, só oferecida na capital da província. Para evitar essas mortes, escreveu ele: “é indispensável, é de summa urgência a assistência permanente de um médico residente na Colônia”. Desde então, muitos foram os seus pedidos e as suas súplicas para contratação de um médico diplomado.
Enfim, para satisfação do Barão, no mês de janeiro de 1864, Brusque já contava com a presença de um profissional da saúde de diploma na parede. Tratava-se de um médico alemão, sobre o qual pouco se sabe. Uma lacônica nota do Diretor, datada de primeiro de janeiro de 1864, registra que “hontem, já chegou à sede desta Colônia, o Dr. Linger unindo também em sua pessoa o serviço de boticário”. Seu prenome não é mencionado pelo Barão.
Provavelmente, aqui chegou no último dia de 1863 para trabalhar no mês seguinte. E assim, num Brasil rural, pobre e doente, a Colônia Brusque já conhecia o seu primeiro médico. O Barão vencera mais uma etapa para a consolidação do projeto colonial, rumo à nossa Brusque de hoje.