Colônia Brusque: primeira escola masculina
Para o colonialismo português, quanto mais ignorante e analfabeto um povo, mais fácil seria o seu processo de dominação. Dessa forma, durante mais de três séculos, escolas na Colônia brasileira eram poucas, apenas em algumas cidades maiores e destinadas somente aos afortunados rapazes da elite colonial brasileira. Com a independência, é compreensível que os ventos da mudança soprassem nos céus da nova nação. Afinal, as ideias da Revolução Francesa aqui já eram conhecidas.
E assim, uma lei promulgada por Dom Pedro I, em 1827, passou a admitir escola pública também para as meninas. Como nem toda mudança se faz de uma hora para outra, a referida lei procurou acalmar os mais conservadores, prescrevendo que as meninas deveriam estudar em classes separadas dos rapazes e receber uma educação mais simples, que incluísse lições sobre atividades domésticas. Dessa forma, continuariam sendo educadas para serem donas de casa, esposas fiéis e mães de prole numerosa.
Algumas décadas se passaram. Em 1870, Dom Pedro II promulgou uma lei universalizando o ensino para que meninos e meninas estudassem numa mesma sala de aula. É comum, no entanto, a lei estar à frente do seu tempo e dos costumes. Daí o ditado popular dizendo que uma coisa é a lei e outra a prática. A lei do Imperador era boa, estava correta. Mas, no caso concreto, o costume e o preconceito resistiram à mudança. E por muitos anos ainda as crianças estudariam em escolas ou em salas masculinas e femininas.
A história educacional da Colônia Brusque, no entanto, tinha seguido um caminho inverso. Graças ao descortino do seu fundador Maximiliano von Schnéeburg, a primeira escola brusquense foi criada em 1861 para educar as meninas. O Barão, no entanto, continuou insistindo para que uma escola masculina fosse criada a fim de que os rapazes também pudessem estudar. Ao elaborar o relatório de 1862, prestando contas da sua administração, escreveu que considerava a criação de uma escola masculina “sumamente útil e necessária”. Finalmente, em julho de 1864, a Colônia Brusque já contava com a sua escola masculina.
O primeiro professor foi Maximiliano von Borowski, nomeado pelo governo provincial com o salário de 50 mil réis por mês e mais o aluguel da sua residência. Afinal, Brusque era uma colônia oficial, sustentada pelo governo imperial. Não se sabe qual título de nobreza de Borowski. Mas, coincidentemente, a história da educação brusquense começou com uma baronesa e um possível barão como os primeiros professores vindos do continente europeu.
Em homenagem aos professores do período colonial, penso que os educadores de hoje têm um compromisso histórico com a qualidade do ensino ministrado para as crianças brusquenses. Não para defender a ideia de segregação de classes sociais entre nobres e plebeus. Mas, para ensinar com a nobreza do verdadeiro espírito educacional que liberta mentes da ignorância, do preconceito e do obscurantismo. E, claro, para serem bons cidadãos.