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Conversas Praianas: cabeleireiro Franccescco

As veranistas chapecoenses do Alvorada do Atlântico encontraram-se com o cabeleireiro Francisco, dono de um salão de beleza dos mais movimentados da Capital do Oeste, o Franccescco’s Beauty Saloon. Como é comum nas conversas dos salões de beleza, penteando e embelezando o visual de suas clientes, fica escutando as fofocas sobre a vida das socialites. […]

As veranistas chapecoenses do Alvorada do Atlântico encontraram-se com o cabeleireiro Francisco, dono de um salão de beleza dos mais movimentados da Capital do Oeste, o Franccescco’s Beauty Saloon. Como é comum nas conversas dos salões de beleza, penteando e embelezando o visual de suas clientes, fica escutando as fofocas sobre a vida das socialites.

— Meniiiiinas, aproveitei o final de semana e vim dar um giro aqui na Dubai brasileira. Consegui um upgrade no hotel e peguei um apartamento de frente para o mar. Adooooro ver as ondas quebrando na praia. Levanto tarde, tomo um café reforçado para evitar o almoço. Como vocês podem ver, estou um pouco acima do peso. Para mim, isso é um horroooor! Depois, vou à praia pegar um pouco de sol. Quero voltar bronzeado, para mostrar pros fofoqueiros de Chapecó que eu também sou filho de Deus. À tarde, saio a caminhar, a bater pernas por BCamboriú.

— Ontem, já eram quase cinco horas e não aguentava mais de fome. Passei em frente ao Paris Six Café, uma confeitaria francesa, que eles dizem ser uma “patisseri”. Vocês conhecem? É um luuuuxo, só falam em “peti gatô”, “tarte ô pome”, “macarrom” e “croassan”. De bermuda, camiseta simples e um par de crocs nos pés, não estava bem vestido para o ambiente.

— Mas, não resisti. Varado de fome, sentei-me a uma mesa perto de umas velhas metidas a chique, que me olharam como quem pergunta o que o pobretão estava fazendo ali? Botei os meus óculos de sol, de grife legítima e o meu iPhone, último modelo, em cima da mesa e encarei aquelas anciãs cheias de colares e pulseiras que deviam ser bijuterias. Viraram a cara e não me olharam mais.

— O pior é que estava comendo uma deliciosa fatia de torta com chantilly, eu adoooro doces, quando apareceu uma antiga cliente, conhecidíssima pelos calotes que dá no comércio de Chapecó. Não vou dizer o nome porque é mulher de um advogado que pode me processar por dano moral. Mas, vocês conhecem bem a peça. Toda semana ia ao meu salão, gastava uma nota com penteados dos mais dos caros e mandava botar na conta. Não me pagou, sumiu do meu salão e, ainda, passou a falar mal de mim.

— Pois a caloteira me viu sentado e, como se não me devesse uma fortuna, teve o topete de me cumprimentar. Não satisfeita, falou bem alto que eu estava irreconhecível parecendo o Jô Soares, de tão gordo. Imaginem, nem respeito tem com o falecido. Também não tem desconfiômetro e quis sentar comigo. Disse-lhe que já estava de saída e me mandei. Caloteira como é, se empanturraria de doces franceses e ainda deixaria a conta para eu pagar.

— Imagiiiinem, minhas queridas, a gente está longe de Chapecó. Mesmo assim, não tem sossego para comer uma fatia de torta. Aparece uma caloteira e me chama de obeso, na frente daquelas idosas. Já pensei na vingança. Terça-feira, volto para Chapecó e vou botá-la no Serasa.