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Conversas Praianas – Covid-19 no condomínio

A quarentena continua. Mas, já flexibilizada e a tribo das mulheres do condomínio Mares do Atlântico, está de volta Ao redor de uma mesa, todas mascaradas, formam uma cena esquisita. Sentem uma incontida vontade de passar adiante os últimos acontecimentos e boatos. A moradora do 1806 gosta de falar e é ela que, mais uma […]

A quarentena continua. Mas, já flexibilizada e a tribo das mulheres do condomínio Mares do Atlântico, está de volta Ao redor de uma mesa, todas mascaradas, formam uma cena esquisita. Sentem uma incontida vontade de passar adiante os últimos acontecimentos e boatos. A moradora do 1806 gosta de falar e é ela que, mais uma vez, está com a palavra para contar a novidade.

– Vocês conhecem a moradora do 2103? Aquela que se separou no ano passado, porque descobriu que o marido tinha um caso com uma colega de trabalho. Pois é, o zelador me contou que ela pegou a Covid. Não comunicou ao síndico e queria esconder do condomínio. Mas, o caso dela agravou e o filho teve que levá-la para o hospital. Então, um médico amigo do síndico deu a informação.

– Agora, estão querendo saber quem teve contato com a condômina contagiada para monitoramento. Disse o zelador que querem fazer teste com essas pessoas para evitar que circulem pelo prédio contagiando todo o mundo. Eu estou preocupada. Usei o elevador muitas vezes e, vocês sabem como é, mandam usar máscara e álcool gel, mas para mim não adianta nada. Para mim, o desgraçado do vírus fica flutuando no ar e não tem máscara que evite o contágio.

A moradora do 1706 é uma das que sempre escuta. Mas, desta vez resolveu falar.

– Imaginem, para mim é novidade. Não sabia de nada. Pensava que, no nosso prédio, estávamos a salvo desse maldito vírus. E, agora, fico sabendo que, bem em cima da minha cabeça, tinha uma infectada pela Covid. Agora, estou com medo e assustada. Então é porisso que não vi mais essa vizinha no elevador. Ela vivia para cima e baixo, levando os cachorros para passear e ir ao supermercado. É dessas que adora sair de casa.

Já passou dos 60, é do grupo de risco, mas não parava no apartamento durante o dia. De noite, era festa que não acabava mais. Parece que estava querendo pegar um outro homem. Com essa quarentena infernal, os restaurantes não podem abrir e tem muita gente convidando amigos para jantar e festar. É porisso que essa pandemia não acaba mais. E a gente sendo obrigada a ficar enfurnada que nem tatu.

– Não lembro quando foi a última festa em cima da minha cabeça. Mas, na semana passada ainda eu e meu marido ouvimos barulho no apartamento de cima. Música, vozes e risadas altas, que nos incomodaram até meia-noite. Meu marido teve que interfonar pedindo, com toda gentileza, para ela parar o barulho. Ficou incomodada, mas se tocou que era um desaforo fazer festa naquela hora da noite. Só então deu para a gente dormir.

– Olha, a gente não deve desejar doença para ninguém. Muito menos, essa tal de Covid, que é terrível e tem matado muita gente. Mas, essa minha vizinha parece que está colhendo o que plantou.